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No Brasil, São Paulo Fashion Week retomará desfiles presenciais em novembro

Segundo Paulo Borges, organizador da semana de moda, evento atenderá demandas de segurança e inclusão geradas no decorrer da pandemia

atualizado

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Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Desfile Patrícia Vieira
1 de 1 Desfile Patrícia Vieira - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

O São Paulo Fashion Week completa 25 anos em 2020, o que levou a organização do evento a investir em uma programação comemorativa. Pela primeira vez, o projeto realizaria ações fora das semanas que compreendem as apresentações das marcas participantes, apostando em um festival que tomaria as ruas da capital paulista por meio de exposições, conferências, intervenções e festas. Todavia, a pandemia de coronavírus afetou os planos de Paulo Borges, idealizador da iniciativa. Depois de suspender todas as ações planejadas para o primeiro semestre, ele afirmou, na quinta-feira (23/7), que o SPFW retomará seus shows físicos entre os dias 4 e 8 de novembro, marcando o retorno do formato ao circuito de moda nacional.

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Giphy/Lucas Leão/Divulgação

O avanço da Covid-19 pegou a indústria têxtil de surpresa. No final de fevereiro, durante as apresentações de outono/inverno 2020 na Itália, a doença se alastrou pelo norte do país, levando o estilista Giorgio Armani a dispensar a plateia em seu show.

O que aconteceu no setor deste estão alarmou o empresário Paulo Borges. No dia 12 de março, após conversar com seus principais colaboradores, o idealizador do São Paulo Fashion Week decidiu cancelar a 49ª edição do evento, programada para abril.

“Foi a primeira vez, em 25 anos, que isso aconteceu. Fomos na contramão dos governos municipal, estadual e federal. Cancelamos antes de qualquer decreto. Juntei a minha equipe e falei com a prefeitura e com nossos patrocinadores, para avisá-los da decisão. Pegou todo mundo de surpresa mas, depois de algum tempo, entenderam que era necessário”, defendeu ele ao Universa, do Uol.

modelos na passarela
O São Paulo Fashion Week N49 estava marcado para o período entre 24 e 28 de abril

 

Após surto na Itália e primeiros casos no Brasil, Paulo resolveu reunir seus colaboradores para suspender o evento

 

fundador do SPFW
O idealizador do SPFW tem novos planos

 

Os desfiles marcados para outubro haviam sido mantidos. No entanto, depois de muito ponderar sobre a situação do país, Paulo revelou que a edição 50 do SPFW será adiada em algumas semanas. “Mudamos a fashion week para 4 a 8 de novembro, para ganhar mais tempo de acomodação e de entendimento dos protocolos. A edição já está sendo feita, tenho falado diariamente com estilistas e parceiros”, contou ao Uol.

De acordo com o empresário, os locais das apresentações obedecerão o distanciamento recomendado e terão diversos recursos de acessibilidade. “Vamos fazer os desfiles em uma sala maior. Temos um desenho para receber 400 pessoas, mas, se tiver que ser bem menos, tudo bem. A Semana vai ter um ganho de interação e de acessibilidade enorme. Isso tudo só é possível porque estamos discutindo esses detalhes há muito tempo, bem antes da pandemia começar”, afirmou Borges.

A mídia especializada, que sempre é convocada a comparecer ao São Paulo Fashion Week para conferir as novidades da moda nacional, será reduzida na edição de novembro. No intuito de evitar deslocamentos, convidados internacionais e jornalistas outros estados assistirão aos shows em ferramentas digitais projetadas para a ocasião. “Enquanto não tivermos uma segurança na questão da saúde, algumas adaptações precisarão ser feitas”, lamentou.

modelos na passarela
A 50ª edição do SPFW foi confirmada para novembro, entre os dias 4 e 8

 

Marcelo Soubhia/Fotosite
Salas de desfiles obedecerão o distanciamento e terão recursos de acessibilidade

 

São Paulo Fashion Week
Mídia internacional e jornalistas de outros estados acompanharão tudo pela internet

 

A conferência internacional planejada para comemorar os 25 anos do evento foi adiada para 2021. Os demais encontros criativos que fazem parte do Festival SPFW+ já começam a acontecer em setembro, em formatos digitais e interativos.

“No projeto inicial, os encontros aconteceriam no Farol Santander, onde cabem 100 pessoas na sala, então, já tínhamos programado a opção streaming para todo mundo que se inscrevesse. A diferença é que, agora, esses encontros só poderão ter 20 pessoas, ou apenas os palestrantes”, explicou Paulo Borges.

As mudanças no projeto, todavia, não se limitam à programação. De olho nas reivindicações do movimento Black Lives Matter, Paulo vai acrescentar algumas regras para as marcas que desejam fazer parte do evento. Recentemente, duas etiquetas que se apresentam no São Paulo Fashion Week foram acusadas de racismo por modelos e ex-funcionários.

“Se há interesse em fazer parte do evento, o participante precisa ter princípios e ideais em comum com os nossos. A gente está discutindo isso e ouvindo muito, para não nos precipitarmos. O racismo estrutural é uma correção que o mundo precisa fazer em todas as áreas e em todos os ambientes”, ressaltou.

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Ações previstas no Festival SPFW+ serão retomadas a partir de setembro, em plataformas digitais

 

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Palestras também serão transmitidas on-line

 

Desfile de Reinaldo Lourenço
Reinaldo Lourenço foi um dos estilistas acusado de racismo em junho

 

Borges acredita que o isolamento social obrigou o segmento a refletir seu comportamento. “Precisamos pensar no que estamos fazendo para ter um mundo mais sustentável. A necessidade do coletivo precisa ser centrada na questão do individual, de dentro para fora.”

Otimista, ele prevê que o ritmo de consumo vai sofrer um baque, devido ao desemprego e aos conflitos emocionais. Depois, o fluxo de vendas vai se intensificar. “Só não será nesse curto prazo, mas acho que teremos um ganho maior, para depois voltar para o modelo que já tínhamos”, supôs.

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Borges diz que a pandemia aflorou ainda mais seu anseio por sustentabilidade

 

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Ele acredita o mercado da moda irá se reerguer depois de uma breve crise

 

Lá fora, os eventos dedicados ao menswear e à alta-costura, que normalmente acontecem entre junho e julho, foram cancelados. No entanto, após especialistas começarem a questionar a capacidade de reinvenção das semanas de modacom grifes de grande importância ameaçando abandonar as plataformas, as organizações responsáveis pelas fashion weeks deram o braço a torcer, investindo em ações virtuais.

Em meio ao anúncio das programações on-line, a Federação de Alta-Costura e Moda, na França, e a Câmara Italiana de Moda garantiram o retorno dos desfiles presenciais na próxima temporada de primavera/verão 2020, a acontecer em setembro. Porém, etiquetas como Dolce & Gabbana e Etro optaram por reviver os desfiles físicos já durante a versão digital da semana de moda de Milão.

Nas redes sociais, a decisão dividiu opiniões. Apesar de a situação da Covid-19 estar menos alarmante na Europa, alguns usuários consideraram a atitude desrespeitosa e irresponsável devido à pandemia global. “A italiana Etro voltou com desfiles presenciais e está sendo criticada. Rolou um distanciamento social de leve, foi gente da Europa toda, meia dúzia usava máscara, e a pergunta que fica é: tem necessidade disso agora? Imagina em setembro”, escreveu a influenciadora Thereza Cristina, do Fashionismo, por exemplo.


Colaborou Danillo Costa 

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