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Volkswagen é acusada de trabalho escravo durante a ditadura

MPT convocou a montadora alemã para discutir responsabilização em razão de trabalho escravo ocorrido entre 1970 e 1980 no Brasil

atualizado

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A Volkswagen foi convocada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) a discutir responsabilização e indenização por violações de direitos humanos de trabalhadores durante a ditadura militar no país, em uma fazenda da empresa no Pará. A audiência está marcada para o dia 14 de junho, na sede da Procuradoria-Geral do Trabalho, em Brasília.

A televisão pública ARD da Alemanha e o jornal Süddeutsche Zeitung publicaram no último fim de semana relatos que apontam a montadora alemã como responsável por tráfico de pessoas e trabalho escravo entre 1974 e 1986. Os crimes teriam sido cometidos na Fazenda Volkswagen, em Santana do Araguaia, de propriedade da subsidiária da empresa, a Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Comércio e Indústria (CVRC)

De acordo com as investigações, trabalhadores do Maranhão, Goiás e Mato Grosso eram aliciados por empreiteiros a serviço da CVRC para derrubar a vegetação do local e transformar em pasto por meio de queimadas e desmatamento.

O procurador do Trabalho Rafael Garcia Rodrigues, que coordena a investigação sobre o caso, afirmou que o local foi subsidiado pelo governo militar, sobretudo por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Banco da Amazônia S/A (Basa). A investigação apontou que havia “falta de tratamento médico nos casos de malária, impedimento de saída da fazenda, em razão de vigilância armada ou de dívidas contraídas (servidão por dívidas)”.

De acordo com as investigações, o alojamento em que os trabalhadores viviam era insalubre, não possuía acesso à água potável e dispunha de uma alimentação precária.

“A Fazenda Volkswagen tinha mais de 139 mil hectares e a vegetação nativa foi transformada em áreas de pasto, por meio de queimadas e desmatamentos, a partir de empreiteiros, conhecidos na região como “gatos”, que recrutavam lavradores em pequenos povoados”, afirma o MPT.

A CVRC mantinha cerca de 300 empregados diretos, contudo, trabalhadores que realizavam a roçagem e a derrubada de árvores não possuíam vínculo empregatício com a empresa.

Outro lado

Ao jornal Folha de S.Paulo a Volkswagen declarou que está levando muito a sério a investigação conduzida pelo Ministério Público.

“Nós podemos garantir que levamos muito a sério os eventuais casos da Fazenda Rio Cristalino, aos quais se referem as autoridades de investigação do Brasil”, disse a empresa alemã em nota enviada ao jornal.

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