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Veterinários que trabalham em Brumadinho encontram cenário de guerra

Bichos mutilados, ilhados ou soterrados têm sido localizados na área afetada pelos rejeitos da Mina Córrego do Feijão, que rompeu na sexta

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
resgate de animais em Brumadinho
1 de 1 resgate de animais em Brumadinho - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Enviados especiais a Brumadinho (MG) – Integrantes da comissão de profissionais do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG), que atua em Brumadinho desde sexta-feira (25/1), disseram ter se deparado com cenas de guerra. Bichos mutilados, ilhados ou soterrados têm sido localizados na área afetada pelos rejeitos da Mina Córrego do Feijão, que se rompeu no fim da semana passada, arrastando pessoas, animais, carros, árvores e tudo mais diante de seu caminho.

Carla Sassi é uma das responsáveis pelo atendimento e avaliação dos animais que estão ilhados ou soterrados. Ela não esconde a emoção ao falar da missão desempenhada na cidade. “Encontramos um cenário de guerra”, resumiu.

A veterinária explica que, quando um animal é localizado, suas coordenas são transmitidas à central de resgate, a qual, por sua vez, aciona os veterinários para recuperar o bicho. Os profissionais fazem um sobrevoo com helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) pelo local, para ver a melhor forma de içar o bicho, que passa por uma análise minuciosa. Cães e gado são maioria entre as espécies salvas do lamaçal tóxico.

Os que estamos tendo acesso são monitorados e mantidos com água e comida, até que possamos fazer a retirada

Carla Sassi, veterinária que atua no atendimento e avaliação dos bichos em Brumadinho

Alguns bovinos que estavam em locais de difícil acesso ou agonizando foram sacrificados. A comissão do Conselho de Medicina Veterinária não divulgou os números de animais encontrados nessas condições e mortos.

Resgate
Na tarde dessa quarta-feira (30/1), o Metrópoles acompanhou a chegada de um bovino resgatado. Ele foi transportado em uma rede por helicóptero do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. O animal, pesando cerca de 230 kg, estava parcialmente atolado e era monitorado pela equipe desde o último sábado (26).

“Os animais estão chegando em estado crítico, desnutridos e debilitados. Estamos medicando e fazendo os primeiros socorros”, explicou o veterinário Arthur Nascimento.

Um fazendeiro da região do Córrego do Feijão emprestou a propriedade para receber os animais de grande porte. Outro ponto de apoio fica próximo à Unidade de Pronto Atendimento de Brumadinho. Por lá estão cerca de 20 cachorros, dois patos, nove galinhas, um galo e quatro vacas.

Veja imagens do trabalho de resgate animal em Brumadinho:

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Solidariedade
Estudantes do sexto semestre do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) montaram um pronto-socorro improvisado em uma quadra poliesportiva de Brumadinho. É lá que os animais de menor porte retirados da lama recebem os primeiros atendimentos.

Voluntários que percorrem as ruas da cidade resgatando os bichos deixados pelos moradores nas casas também passaram a levá-los para a espécie de quartel-general na quadra.

“Assim que soubemos da tragédia, corremos para cá. Sabíamos que a mobilização para salvar vidas humanas seria grande, mas temíamos que os bichos ficassem esquecidos e abandonados à própria sorte”, contou o marceneiro Milton de Freitas, 42 anos. Ele é do município de Contagem (MG) e reuniu seis amigos para tentar salvar vidas dos animais também atingidos pela lama tóxica que invadiu Brumadinho.

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