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Vereador de Caxias e PMs são presos por agiotagem e extorsão no Rio

Carlinhos da Barreira (MDB) cobrava empréstimos abusivos e usava os PMs para ameaçar as vítimas. Ele movimentou R$ 70 milhões em cinco anos

atualizado

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Carlinhos da Barreira (MDB) foi o terceiro vereador mais votado nas eleições de 2020, em Duque de Caxias
1 de 1 Carlinhos da Barreira (MDB) foi o terceiro vereador mais votado nas eleições de 2020, em Duque de Caxias - Foto: Divulgação

Rio de Janeiro – O vereador de Duque de Caxias, Carlos Augusto Pereira Sodré, o Carlinhos da Barreira (MDB), foi preso em uma operação da Polícia Civil, em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro, na manhã desta sexta-feira (22/10). O parlamentar do município da Baixada Fluminense é apontado como chefe de uma quadrilha que tinha como principal atividade a agiotagem com pratica de extorsão.

O vereador, que está no terceiro mandato consecutivo, também foi denunciado por lavagem de dinheiro e fraude à licitação. Junto com Carlinhos, também foram presos os policiais militares Ricardo Silva dos Santos e Carlos Alexandre da Silva Alves. A Corregedoria da PM também participou da ação.

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De acordo com o Ministério Público, as investigações revelaram que Carlinhos da Barreira emprestava dinheiro a pessoas físicas e exigia, em contrapartida, o pagamento de juros mensais abusivos, configurando o crime de agiotagem. Um dos casos comprovados pelos investigadores foi o de um empresário do setor de compra e venda de automóveis.

Conforme as investigações, Carlinhos da Barreira emprestou, em janeiro de 2019, a quantia de R$ 1 milhão e exigiu o pagamento de 3,5% de juros mensais em cima do valor emprestado (o equivalente a R$ 35 mil).

PMs ameaçavam vítimas

Ainda segundo a denúncia dos promotores, um ano depois, o empresário não conseguiu honrar o compromisso assumido. O então vereador acionou os outros dois PMs para ameaçá-lo de morte. Um dos policiais, Ricardo dos Santos, também cometeu o crime de usura pecuniária, uma vez que recebia, em sua conta bancária, os juros ilegais do empréstimo.

“O vereador recebeu, nas diversas contas bancárias mantidas por ele e por sua empresa, vários depósitos entre janeiro de 2015 e agosto de 2020 que somaram R$ 62 milhões, mesmo sem possuir receitas legais e declaradas que justificasse tamanha movimentação financeira”, diz a denúncia do MPRJ, que agora apura a origem do dinheiro nas contas e do dinheiro usado para fazer os empréstimos.

Fraude em licitações

Durante as investigações, a Polícia Civil e o MPRJ também descobriram que Carlinhos da Barreira praticava lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. O vereador, que foi o terceiro mais votado nas eleições de 2020, usou a sociedade empresária Sodré Serviços de Transportes e Locação de Máquinas e Equipamentos para lavar capitais. Em cinco anos, o vereador movimentou R$ 70 milhões.

Ele também usou a empresa Madasa Comércio e Locações de Máquinas e Veículos, que  manteve vínculo contratual com a Prefeitura de Duque de Caxias de 2013 a 2016 e repassou, para sua empresa, o montante de R$ 8.546.367,56, em 109 diferentes operações bancárias, como mostram as investigações.

A Madasa não foi a única a ter contratos com a prefeitura de Duque de Caxias e fazer repasses para a empresa do parlamentar. Também fizeram repasses a TGM Locação de Máquinas e Equipamentos, a V.F. da Rosa Refeições e a Hashimoto Manutenção Elétrica e Comércio. Juntas, as três empresas transferiram R$ 4.193.624,62 para as contas da Sodré Serviços.

A operação Barreira Petrópolis é uma soma de esforços da 105ª DP (Petrópolis) com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) e a Corregedoria-Geral da Polícia Militar, que cumpriu 17 de busca e apreensão – um deles foi cumprido na Câmara de Vereadores de Caxias – expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada no Combate ao Crime Organizado.

As equipes também visitaram endereços em Guapimirim, na Baixada Fluminense, e na Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.

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