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Três meses: ambiente e turismo tentam sobreviver a óleo em praias

Governo, empresários e turistas lutam para entender como o vazamento afetará a visitação dos 10 estados afetados pelo vazamento

atualizado

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Max Haack/Secom
óleo praia
1 de 1 óleo praia - Foto: Max Haack/Secom

Governo e empresários ainda não conseguiram calcular o real impacto do derramamento de óleo em praias brasileiras, que completará três meses na próxima semana. Por um lado, autoridades têm de identificar quem e o que causou o vazamento. Assim como quais são os impactos ambientais. Empresários, por sua vez, estão atentos aos prejuízos relacionados ao turismo.

As mais recentes estatísticas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) mostram que mais de 120 cidades foram atingidas pelo óleo. Ao menos 720 pontos foram afetados pelo petróleo cru.

As companhias aéreas, por exemplo, acompanham com atenção o atual contexto, mas ainda não têm números consolidados sobre os prejuízos com o tema. As principais empresas do setor monitoram os desdobramentos da crise, que já atinge 10 unidades da Federação.

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A rede de hotelaria também busca elementos para construir um panorama que explique até onde os danos podem afetar o setor. As principais redes de hospedagem têm estudado o índice de reservas e cancelamentos.

Apesar de o volume de óleo encontrado ter diminuído, as manchas não cessam. Para se ter a dimensão do problema, em um mês, os pontos atingidos por óleo aumentaram 209%. Em 22 de outubro, eram 233. Na última sexta-feira (22/11/2019), 720.

Turistas receosos

O número preocupa turistas. A designer Yolanda Rocha, de 24 anos, vai a Salvador em janeiro e tem acompanhado as tentativas de solucionar o problema. “A incerteza sobre a chegada do óleo nas praias me faz ficar com o pé atrás, se vou conseguir curtir ou não. Existem relatos de banhistas que entraram no mar e, logo depois, tiveram que ser hospitalizados com problemas na pele”, pondera.

Ela pensou em cancelar, mas já havia marcado compromisso. “Já estou com a viagem toda paga, pois vou para tocar no corte da Lavagem das Escadarias do Bonfim. Entretanto, o medo e a falta de um posicionamento do governo perante a real situação e risco me fazem querer ficar longe da praia”, lamenta.

A mesma preocupação tem o empresariado da capital baiana. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Bahia diz que ainda não percebeu baixa na taxa de ocupação. Contudo, se a tragédia se prolongar, o prejuízo é inevitável.

“Neste período de baixa estação, o fluxo de turistas não é intenso. Se a mancha de óleo aumentar poderá afetar o setor, principalmente, na alta estação, que tem início no fim de dezembro. Temos procurado os órgãos públicos e buscado iniciativas que ajudem a conter este desastre ambiental”, destaca, em nota.

Aéreas monitoram

A Gol ainda não tem estatísticas sobre influência do problema em ocupação dos voos ou venda de passagens, mas afirma que não sofreu perdas. A projeção foi revelada em evento corporativo da empresa, para o qual o Metrópoles foi convidado no começo do mês. “Não sentimos alterações, mas estamos acompanhando”, destacou Paulo Kakinoff, presidente da companhia.

A Latam, segunda principal companhia do mercado, evita fazer conjectura. “A Latam avalia com atenção o tema, mas ainda é cedo para fazer qualquer prognóstico”, pondera, em nota.

A Passaredo adotou o mesmo tom. “A Voepass [controladora] informa que não registrou impacto nos voos operados pela companhia em Salvador”, resume o texto. A Azul não comentou o caso.

Ação governamental

Os impactos no setor têm sido acompanhados pelo Ministério do Turismo. A pasta liberou R$ 200 milhões do Fundo Geral do Turismo. O governo ofereceu linha de crédito, com condições diferenciadas de prazos e custos para evitar prejuízos em pequenos negócios.

“O objetivo é ajudar pequenos empreendimentos turísticos a superar um possível período de retração de suas atividades”, destaca o ministério, em nota, sem estimar dados de prejuízo.

Entenda o caso

A Marinha recebeu o primeiro comunicado sobre as manchas três dias depois do derramamento, em 2 de setembro. Somente em 11 de outubro, entretanto, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, comunicou às demais pastas que a Marinha seria a coordenadora do Plano Nacional de Contingência.

O governo ainda não identificou os responsáveis pelo vazamento. Um navio grego foi investigado e chegou a ser apontado como suspeito, mas não houve confirmação oficial. As autoridades continuam nas buscas pelo autor do crime ambiental e tentam mensurar quanto óleo vazou.

O Ibama garante que realiza a avaliação do impacto ambiental diariamente e dá direcionamento de ações de resposta a problemas com a fauna, bem como orienta sobre a destinação de resíduos e sobre a remoção do óleo, definindo prazos das ações de limpeza e quais os ambientes devem ser priorizados.

O rastro de óleo manchou praias, atingiu manguezais e deixou um prejuízo ecológico ainda desconhecido. As primeiras manchas apareceram na Paraíba. Entre as medidas adotadas pelo governo, está o uso de barreiras de contenção e a remoção manual com ajuda de voluntários.

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