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Tratamento precoce de Covid-19 não tem efeito colateral, diz Bolsonaro

Em defesa da prescrição de medicamentos off-label, presidente afirmou que não há motivos para não tomar remédio sem eficácia comprovada

atualizado

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Raphael Veleda/Metrópoles
Presidente Jair Bolsonaro segura caixa de hidroxicloroquina
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro segura caixa de hidroxicloroquina - Foto: Raphael Veleda/Metrópoles

Em conversa com apoiadores na manhã desta segunda-feira (1º/3), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender a prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19. Segundo ele, tais fármacos não possuem efeito colateral e não oferecem riscos aos pacientes.

“Esses outros tratamentos precoces — ivermectina, hidroxicloroquina, Annita, seja o que for — não têm efeito colateral, então por que não tomar? Parece que, quanto mais morrer, melhor”, disse o mandatário.

Apesar do que defende o presidente da República, especialistas veem risco de reações adversas em pacientes que usam essas medicações de maneira indiscriminada. Entre os efeitos relatados, estão tontura, dor de cabeça, aumento da pressão arterial, taquicardia e alterações gastrointestinais.

A prescrição desses medicamentos para a Covid-19 não é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os efeitos adversos são raros quando as drogas são usadas no tratamento das doenças para as quais são indicadas, mas podem ocorrer quando usadas sem receituário médico e para funções não previstas na bula.

O presidente, porém, defende a prescrição off-label, isto é, fora da bula, dizendo ser um direito do médico tomar essa decisão.

“É um direito do médico trabalhar off-label, né? Quando tem matérias na imprensa que falam que tem tratamento em outros países, a gente manda embaixador confirmar, né. Alguns países têm confirmado tratamento precoce que tem dado certo. O que mandei confirmar agora é Coreia do Sul, que seria com a cloroquina”, declarou.

“Não sei qual outro país também está usando a ivermectina. A gente manda confirmar, comprovar isso aí, já que aqui de dentro você não pode falar off-label, virou crime. Tem gente da política que interessa ver o cara ser entubado e ter outros problemas mais graves até”, afirmou Bolsonaro.

O mandatário também alegou que a imprensa teima em criminalizar o tratamento defendido por ele. “Por que a grande mídia teima ainda em criminalizar quem fala isso?”

Spray de Israel

O chefe do Executivo anunciou que uma comitiva do governo federal irá a Israel na próxima quarta-feira (3/3) para tratar da importação do spray nasal contra a Covid-19 desenvolvido naquele país.

“Vai uma comitiva nossa, deve ser quarta-feira, para Israel. Porque tinha que acertar a papelada, a gente está fazendo acordos para usar aqui na terceira fase. A gente vai entrar com a papelada junto com a Anvisa, né, a empresa. E o que que acontece? O cara já está hospitalizado, até intubado, então não tem o que, vamos dizer, perder. E outra: não tem efeito colateral”, disse ele.

Inalado uma vez ao dia, durante alguns minutos, por cinco dias, o medicamento é direcionado aos pulmões. O fármaco, desenvolvido pelo Centro Médico Ichilov de Israel, originalmente foi apresentado para combater o câncer de ovário.

O governo de Israel informou que a medicação pode ajudar na recuperação de pacientes com o novo coronavírus hospitalizados. Na primeira fase de testes, a substância EXO-CD24 foi administrada a 30 pacientes cujas condições eram moderadas ou piores, e todos os 30 se recuperaram — 29 deles em três a cinco dias.

“O medicamento EXO-CD24 é administrado localmente, funciona amplamente e sem efeitos colaterais, visto que é inalado uma vez por dia durante alguns minutos, durante cinco dias, sendo, ao contrário de outras fórmulas, direcionado diretamente para os pulmões”, analisou o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), órgão do governo brasileiro, citando reportagem do jornal The Times of Israel.

O estudo conduzido em Israel foi preliminar e não comparou a droga a um placebo. Também não esclareceu a idade dos envolvidos no experimento. Por isso, ainda são necessários mais testes para comprovar a eficácia da fórmula contra o novo coronavírus.

A conversa de Bolsonaro com apoiadores foi registrada em vídeo por um canal no YouTube simpático ao presidente.

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