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Testemunhas do acidente de avião que matou executivos do Bradesco relatam cenas de horror. “Metrópoles” está no local

Portal traz relatos dos moradores que viram a aeronave momentos antes da queda e tentaram resgatar as vítimas. Técnicos do Cenipa vão analisar caixa-preta em busca de pistas para elucidar as causas do acidente

atualizado

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Fotos: Daniel Ferreira/Metrópoles
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1 de 1 AvTzat3ZGXJwaLT4sS4VwWjEUlGlud7BewrgsNOAl0Fl - Foto: Fotos: Daniel Ferreira/Metrópoles

Guarda-Mor (MG) — Técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estão no local da queda do avião que matou dois executivos do Bradesco, o piloto e o co-piloto e vão analisar a caixa-preta do veículo em busca de pistas que possam elucidar as causas da tragédia. “Ela é parte da sinalização do que pode ter provocado o acidente”, explica o major Ivan Lima.

Pela manhã, a equipe aguardava a chegada de um trator, já que a maior parte da aeronave encontrava-se enterrada a pelo menos cinco metros de profundidade na cratera formada após a queda. O avião caiu na noite desta terça-feira (10/11), depois de sair do Aeroporto Internacional de Brasília com destino a São Paulo, numa região de fazendas no município de Guarda-Mor (MG), na fronteira com Goiás.

O avião com o presidente do Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio Conduru de Oliveira, e o presidente do Bradesco Seguros, Marco Antônio Rossi, caiu antes de explodir, segundo testemunhas. Além dos dois executivos, morreram no acidente o piloto da aeronave, Ivan Morenilla Vallim, e o co-piloto Francisco Henrique Tofoli Pinto.

O Popular/Reprodução
Imagem do local do acidente enviada pelos leitores de “O Popular”*Reprodução**

 

Durante essa ação Inicial, os militares do Cenipa vão coletar partes da aeronave, documentos, imagens e ouvir testemunhas. Já foram levantados dados sobre a meteorologia da rota, o plano de voo da aeronave e a imagem radar do deslocamento. Cumprindo o previsto na Convenção para Aviação Civil Internacional, já foram notificadas a Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci)) e o National Transportation Safety Board (NTSB), órgão investigador do país fabricante do avião.
Em nota a Força Aérea Brasileira (FAB) explicou “que a investigação do Cenipa tem como finalidade a prevenção de acidentes aeronáuticos. Não há prazo para conclusão das investigações.”

Cenas de terror
Eram 18h40 desta terça (10), quando João Pablo da Rocha, 15 anos, ouviu uma explosão. “Estava vendo televisão e corri para o local do acidente”, conta o morador da Fazenda Oliveira, que fica no municipio de Guarda-Mor, ao noroeste de Minas Gerais e a 310 quilômetros de Brasília. João afirma ter notado algo estranho no barulho do avião. Há suspeitas de que o piloto procurava uma pista próxima do local para pousar.

A casa dele fica a 1,5 quilômetro do local onde o avião caiu antes de explodir. Foi com a ajuda de outros moradores que João conseguiu evitar que o fogo provocado pelo acidente aéreo se alastrasse para o pasto. O grupo usou galhos de árvores para controlar as chamas. Eram aproximadamente 15 pessoas envolvidas no serviço.

O encarregado da pecuária João Hélio Ferreira, 48, também estava no grupo. Ele conta que nunca viu um cenário daquele de destruição. “Havia partes dos quatro Corpos para todos os lados. “Pedaços de pele. Um coração”, detalha.

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Pista próxima
O jato Citation 7 do Bradesco caiu a dez quilômetros da casa onde estava Sérgio Junqueira Germano, 27 anos, filho da proprietária do terreno onde criam gado e plantam milho, soja, café e azeitonas. “Pelo barulho, já sabia que não tinha ninguém vivo”, disse Germano que, assim com os funcionários, correu para ver o que tinha acontecido.

Destroços do avião estão espalhados por todos os lados. São pequenos pedaços de ferro e plástico retorcidos que não cabem no isolamento precário feito pela Polícia Militar para tentar preservar o local. “Ouvimos um estrondo imenso e saímos correndo. Estava pegando fogo no pasto. Apagamos o que deu com ramos. Nunca vi uma coisa dessas. Ficou todo mundo muito assustado”, disse a dona de casa Laurinda Ferreira, 45, casada com um capataz da fazenda.

Para Sérgio Germano, o piloto pode ter tentado pousar na pista de 1.300 metros que existe na propriedade. Aviões pequenos são comumente utilizados pelos produtores rurais da região para se deslocar nos terrenos a mais de 30 quilômetros da sede do município.

Tem uma pista homologada aqui. Não sei se ele estava tentando seguir para a pista.

Sérgio Gemano

Piloto experiente
O piloto do jatinho era Ivan Morenilla Vallim, de 63 anos. Ele tinha 33 anos de banco e mais de 10 mil horas de voo. Francisco Henrique Tofoli Pinto, de 32 anos, era o copiloto contratado.

O copiloto nasceu e morava em Piracicaba (SP). Ele era torcedor do São Paulo e estava noivo. A irmã, Suyanne Esteves, publicou no Facebook: “Alguns vôos são tão altos que não tem volta. Descanse em paz Henrique”.

Foto: Reprodução
Francisco Henrique Tofoli Pinto

A queda do jato abriu  uma cratera na fazenda. O enorme buraco ainda pegava fogo por 6h40 desta quarta-feira (11/11). O local está isolado. Equipes do Corpo de Bombeiros de Paracatu fizeram uma varredura no local, mas não encontraram sobreviventes. São 42 quilômetros de estrada de chão entre o ponto da tragédia e a MG-188.

Confira o vídeo feito após ao acidente pelo blog Diante do Fato/Thiago Ferreira:

De acordo com informações da Força Aérea Brasileira (FAB), a aeronave de pequeno porte decolou às 18h39 do Aeroporto Internacional de Brasília e tinha como destino o Aeroporto de Congonhas (SP) e desapareceu dos radares do controle de tráfego às 19h04. O avião caiu em uma região no município de Guarda-Mor (MG), fronteira com Catalão (GO).

Dilma lamenta
A presidente Dilma Rousseff divulgou nota oficial em que expressa seu pesar aos familiares das quatro vítimas do acidente e as “condolências do governo” pela morte dos dois executivos.

“Marco Antônio Rossi dedicou 34 anos ao Bradesco, eventualmente substituindo o atual presidente. Ele e o colega Lúcio Flávio de Oliveira, diretor-geral da instituição, cumpriram papel fundamental na trajetória de uma organização que sempre acreditou no Brasil”, disse a presidente.

A nota não cita, mas na terça Rossi esteve no Palácio do Planalto para uma audiência com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, às 15h30. Ele não esteve com a presidente Dilma, que estava em viagem ao Rio. Rossi, que presidia a Bradesco Seguros, segundo a Casa Civil, foi tratar com Jaques Wagner exatamente questões ligadas a área de seguros. O encontro não foi registrado pelo fotógrafo

 Executivos
Marco Antonio Rossi, nascido em Bariri (SP), em 1961, entrou na Bradesco Vida e Previdência em 1981, onde passou por todos os escalões da carreira, até assumir a presidência da empresa, em 2002. Em 2010, tornou-se presidente da Bradesco Seguros, a maior seguradora do País, e, em 2012, foi eleito também vice-presidente executivo do Banco Bradesco.

Formado em Tecnologia em Gestão de Marketing, com pós-graduação lato sensu em Gestão de Cliente pela Universidade Paulista (Unip), e em Altos Estudos de Estratégia e Geopolítica pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Rossi fazia parte da lista dos possíveis substitutos de Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do banco, que em outubro do ano que vem alcança a idade limite de 65 anos para chefiar a instituição.

A favor de Rossi no processo de sucessão, estava o fato de o executivo ser bem próximo de Trabuco e de estar à frente da área de seguros – setor que responde por cerca de 30% do lucro do banco.

Lucio Flavio Condurú de Oliveira, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, começou na empresa como assistente de vendas e galgou vários patamares na área comercial. Chegou a comandar os segmentos de Previdência e de Seguros de Vida e atuou como diretor executivo por sete anos. Também atuava como vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). Tinha 30 anos de grupo. Com informações da Agência Estado

Na manhã desta quarta, o Bradesco divulgou uma nota. Confira a íntegra:

Com profundo pesar, a Organização Bradesco comunica o falecimento, em razão de acidente aéreo no início da noite de ontem, dos nossos colegas e amigos Marco Antônio Rossi, presidente da Bradesco Seguros e vice-presidente do Bradesco, Lúcio Flávio Condurú de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência, Ivan Morenilla Vallim, comandante da aeronave, e Francisco Henrique Tofoli Pinto, copiloto.

Reconhecidos pelo talento, competência e entusiasmo no trabalho, fraternal convivência com suas equipes e plena dedicação às suas famílias, eles cumpriram carreiras brilhantes.

Os desaparecimentos prematuros interrompem tragicamente trajetórias profissionais marcadas por vitórias e conquistas, exemplares para todos os que com eles conviveram e que serão referência para as nossas novas gerações.

Aos amigos, colegas, colaboradores e, de modo especial, às famílias que sofreram perdas tão duras e repentinas, a Organização Bradesco expressa, comovida, nossas sinceras condolências.

 

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