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Seguro de carro cobre vandalismo? Veja o que dizem especialistas

Especialistas entrevistados pelo Metrópoles explicam quais medidas as pessoas devem tomar caso carro seja alvo de vandalismo

atualizado

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Matheus Veloso/Metrópoles
Bolsonaristas queimam carros e ônibus na Asa Norte após tentativa de invasão em prédio da PF 5
1 de 1 Bolsonaristas queimam carros e ônibus na Asa Norte após tentativa de invasão em prédio da PF 5 - Foto: Matheus Veloso/Metrópoles

A noite de protestos bolsonaristas em Brasília terminou com atos de vandalismo e carros e ônibus depredados. Passado o susto, trabalhadores da capital federal que tiveram seus veículos quebrados ou incendiados recorrem aos seguros para ressarcir os prejuízos. Mas as apólices cobrem danos por vandalismo? O Metrópoles conversou com especialistas, que afirmam que “tecnicamente não tem cobertura”.

Segundo o presidente da comissão de seguro auto da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Marcelo Sebastião, 50 anos, existe uma cláusula em que são listados os riscos excluídos da cobertura. Entre eles, incêndios, vandalismo, tulmutos, protestos e manifestações.

Para ele, a seguradora deve fazer uma avaliação individual em casos de vandalismo. Sebastião, no entanto, reitera que não há cobertura para esse cenário. Mesmo assim, os clientes podem acionar a assistência 24h para deslocar o veículo para uma oficina ou ferro-velho.

O membro da FenSeg recomenda que após qualquer danificação nos automóveis, o assegurado procure seu corretor para uma análise da situação.

De acordo com o advogado Mike Carvalho, 29, o primeiro passo deve ser acionar o seguro. Mas com a negativa encontrada na cláusula de menção de exclusão, deve-se buscar ajuda jurídica. “O poder Judiciário reconhece que ambas partes não estão em pé de igualdade por meio do CDC (Código de Defesa do Consumidor)“, diz Carvalho.

Ele aconselha também que antes de abrir um processo contra a seguradora, o cliente analise a abrangência da modalidade do seguro contratado.

Por que não existe seguro em casos de vandalismo?

O vandalismo ser uma prática de “natureza rara” dificulta uma possível precificação do dano para calcular a cobertura securitária, de acordo com Sebastião.

Ainda segundo ele, mais de 90% das apólices vendidas são de origem do seguro compreensivo, conhecido como seguro total ou seguro completo. O membro afirma que a maioria dessas apólices tem uma cláusula para riscos excluídos da cobertura, com o vandalismo entre eles.

Porém, cada seguradora pode verificar os casos de maneira individual. A partir de metódos próprios de avaliação, elas podem econtrar exceções, mesmo que ainda não exista cobertura para essas situações.

A noite de segunda-feira

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir, na noite dessa segunda-feira (12/12), a sede da Polícia Federal, na Asa Norte, em Brasília. Durante os atos de vandalismo, ninguém foi preso.

Com integrantes vestidos com camiseta da Seleção Brasileira, o grupo danificou dezenas de carros que estavam estacionados nos arredores do prédio da corporação. Alguns, inclusive, chegaram a ser incendiados.

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Um ônibus foi incendiado com motorista dentro. Por sorte, ele conseguiu descer antes de o veículo ser totalmente consumido pelo fogo. Pelo menos cinco coletivos se tornaram alvo dos vândalos. O Corpo de Bombeiros Militar do DF confirmou que sete veículos foram queimados (quatro ônibus, totalmente, e um, parcialmente).

Alguns bolsonaristas justificaram o ato alegando que agentes da PF “prenderam injustamente um indígena”. Trata-se de Cacique Tserere, um líder de um grupo indígena Xavante apoiador de Bolsonaro. Bastante conhecido entre aqueles que estão há dias no QG do Exército pedindo intervenção militar, ele faz os discursos mais inflamados contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes – autor do mandado de prisão contra Tserere.

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