O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Ministério da Saúde que adquira, em até 20 dias, a quantidade suficiente de vacinas contra a Covid-19 para realizar a imunização de crianças de todas as idades, a partir de 6 meses.
Segundo a recomendação, a pasta deve providenciar doses de Coronavac e da Pfizer, aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essa faixa etária. O primeiro imunizante teve aprovação confirmada em julho, e o segundo, em setembro.
Contudo, o ministério “tem dificultado a disponibilização das doses para a população infantil”, de acordo com o MPF. “O atraso ou insuficiência no fornecimento das doses expõe as crianças a risco de morte ou sequelas graves”.
Além dos 20 dias para a efetiva compra e distribuição das vacinas ao público infantil, também foi estabelecido o prazo de cinco dias para que a pasta apresente um plano de ação com as providências necessárias à regularização dos estoques.
Em caso de descumprimento da recomendação, o órgão ficará sujeito a medidas judiciais, como o ajuizamento de ação civil pública.

Após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e autorização pelo Ministério da Saúde, a dose pediátrica da vacina contra a Covid-19 já está sendo administrada no Brasil em crianças entre 5 e 11 anos. Porém, os pais devem ficar atentos para evitar erros na aplicação do imunizante nos pequenos Pixabay

De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenosPixabay

Apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacinaAgência Brasil

Segundo a Anvisa a grande maioria dos eventos adversos pós-vacinação é decorrente da administração do produto errado à faixa etária, da dose inadequada e da preparação errônea do produtoAgência Brasil

A vacina infantil vem em uma embalagem de cor laranja, diferente da versão para maiores de 12 anos, que é roxa. A seringa utilizada é a de 1ml, e o volume aplicado deve ser de 0,2mlAgência Brasil

A identificação correta das doses para crianças de 5 a 11 anos é uma obrigação das autoridades públicas, que devem garantir ainda um treinamento eficiente para toda a equipe responsávelAgência Brasil

De acordo com a Pfizer, a quantidade aplicada nas crianças foi cuidadosamente selecionada com base em dados de segurança e imunogenicidadeAgência Brasil

Os estudos clínicos da farmacêutica indicaram menor possibilidade de reações adversas no uso de doses menores. As respostas imunológicas também se mostraram mais eficientes porque as crianças, normalmente, têm resposta imune mais robusta Rafaela Felicciano/Metrópoles

Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi graveRafaela Felicciano/Metrópoles
De acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o público com até 4 anos de idade é o segundo mais vulnerável à doença atualmente, depois dos idosos. O quadro de risco pode ser agravado em função da disseminação da subvariante BQ.1 da Ômicron, responsável pela escalada no número de casos de Covid-19 no país nas últimas semanas.
O MPF argumenta que a restrição das recomendações de vacinação no público infantil apenas para crianças com comorbidades não tem “fundamento científico”.
“A restrição, que consta de nota técnica publicada em 31 de outubro, não tem fundamento científico nem embasamento nas decisões da Anvisa sobre a liberação dos imunizantes. Não bastasse isso, a pasta anunciou no último dia 10 a distribuição de apenas 1 milhão de doses pediátricas a todo o país, quantidade insuficiente até mesmo para a cobertura do público que se encaixa nesse perfil”, ressalta.
Em resposta a um ofício do MPF, o Ministério da Saúde reconheceu que os números de casos e de mortes por Covid-19 no público infantil são significativos, mas não estabeleceu nenhuma relação entre esses dados e a ocorrência de comorbidades. A pasta também deixou de apresentar justificativas para manter a restrição adotada na aplicação das doses.
A falta de esclarecimentos baseou a decisão do MPF de estabelecer até o início da próxima semana para que o ministério proponha um plano de ações concretas sobre o tema.