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Rio: ex-secretário preso concordou com puxadinho para visita íntima em cadeia

Obra na Cadeia Pública Jorge Santana é financiada com dinheiro do próprio fundo penitenciário, a partir de propina paga por uma facção

atualizado

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Reprodução / TV Globo
'Puxadinho' foi construído sem licitação e pelos próprios presos em Cadeia Pública em Bangu, na Zona Oeste
1 de 1 'Puxadinho' foi construído sem licitação e pelos próprios presos em Cadeia Pública em Bangu, na Zona Oeste - Foto: Reprodução / TV Globo

Rio de Janeiro – A lista de benefícios e regalias oferecidas aos internos do Sistema Penitenciário pelo então secretário titular da pasta, Raphael Montenegro, preso na tarde desta terça-feira (17/8) pela Polícia Federal, inclui, além de promessas de transferências e “acordos espúrios”, segundo os agentes, a construção irregular de um “puxadinho” para visitas íntimas nos fundos da Cadeia Pública Jorge Santana, que fica dentro do Complexo Penitenciário do Gericinó, na zona oeste do Rio, obra sem licitação e com a ciência de Montenegro.

A denúncia de mais esta irregularidade foi feita um dia depois da prisão do ex-secretário por servidores da SEAP, que relataram a construção irregular, iniciada após acordo entre a administração e os criminosos. A obra vem sendo feita pelos próprios presos, financiada com dinheiro do fundo penitenciário, a partir de propina paga por uma facção criminosa para administração.

“O que os caras fizeram: pegaram esse dinheiro do fundo penitenciário, R$ 120 mil, gastaram aí uns R$ 20 mil, no máximo, mas pegaram sem engenheiro, sem planta, sem notificar a secretaria de obras da prefeitura, quer dizer, é um puxadinho do sistema penitenciário, com dinheiro do fundo penitenciário, e a obra, quem fez, foram os próprios presos. Qual a finalidade da obra? Quartos de hotel para o preso fazer sexo”, afirmou um servidor, que denunciou as irregularidades.

O dinheiro utilizado na construção do presídio foi apreendido em uma revista na Cadeia Pública José Frederico Marques. Não há placa que indique engenheiros ou construtora responsáveis pela construção, de acordo com reportagem do G1.

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Segundo esses mesmos servidores, a unidade recebe presos provisórios, que não têm direito a visitas íntimas. “A unidade prisional é de preso temporário. São presos provisórios. Os presos provisórios não têm direito a visita íntima, e, ainda assim, estão construindo motel lá atrás para o preso que não tem direito a visita íntima da facção do Comando Vermelho. Tudo firmado entre a gestão e a facção criminosa”, afirmou um servidor, que não foi identificado.

Montenegro foi alertado da obra por Wilson Camilo, vice-presidente da Associação Nacional de Policiais Penais. “O coordenador de área tem conhecimento, o próprio secretário, que foi preso ontem, tinha conhecimento da obra. Ele informou que a verba era de apreensão no presídio José Frederico Marques. No entanto, a obra continua”, alegou.

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