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Quem é Aline Torres, mulher da periferia que virou secretária de Cultura de SP

Em entrevista ao Metrópoles, Aline Torres, a nova secretária de Cultura de SP, diz que ser mulher na política é conquista “doída e diária”

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Aline Torres, nova secretária de Cultura de São Paulo
1 de 1 Aline Torres, nova secretária de Cultura de São Paulo - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – Nova secretária de Cultura da capital paulista, a relações públicas Aline Torres teve uma ascensão relâmpago na estrutura da Prefeitura de São Paulo. Há uma semana, ela havia sido nomeada secretaria-adjunta de Inovação e Tecnologia. Com o pedido de demissão de Alê Youssef, no entanto, o desafio mudou de patamar.

Embora seja novata na prefeitura, Aline tem quase duas décadas de militância e política em seu currículo. Aos 16, começou a atuar na Educafro, organização com objetivo de promover a inclusão da população negra e jovem no ensino superior. Aos 18, ingressou na juventude do PSDB.

Em entrevista ao Metrópoles, ela explica como traçou esse caminho: “nunca fui uma jovem de esquerda ou de direita. Sempre fui uma pessoa do diálogo, de fazer pontes”. Segundo ela, sua luta diária é o fortalecimento de outras pessoas, “porque alguém me fortaleceu para eu chegar aqui”.

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Em seu foco estão as mulheres e a população negra, que, conforme ela ressalta, apesar de representar maioria da população, são minoria nos espaços de poder.

“A gente precisa mudar essa estrutura. Isso se repete nos partidos, dirigentes do PSol são homens e brancos. [Guilherme] Boulos era um candidato branco, o Bruno [Covas] também. A gente precisa mudar esses espaços, com outras mulheres e personagens negros”, argumenta.

Enquanto o cenário não muda, Aline desabafa: “Ser mulher em um espaço desses é uma conquista doída, diária e persistente”.

À frente da Secretaria de Cultura, ela será responsável por manter o compromisso do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de manter o compromisso com as atuais políticas de fomento ao setor.

Encontro com o PSDB

O ingresso de Aline no PSDB ocorreu por um acaso: aos 18 anos, ela e uma amiga “barraqueira” toparam com o ex-governador Geraldo Alckmin no dia em que foram vetadas de um atendimento no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) na capital paulista.

“O Geraldo estava fazendo uma vistoria no local com os secretários, e a minha amiga chamou ele em um canto e reclamou da servidora que estava distribuindo as fichas”, conta.

Na ocasião, um assessor do então governador disse que iria averiguar o caso. Dias depois, ela e a amiga foram convidadas a irem ao Palácio dos Bandeirantes, onde ficaram sabendo que, por causa da denúncia delas, a administração descobriu que a funcionária do local estava negociando as vagas de empregos e que o sistema iria mudar.

“Ficamos felizes por saber que uma informação nossa tinha feito algo pelo bem da sociedade”, diz. “Aí esse assessor disse que éramos muitos atuantes e perguntou se a gente tinha interesse em entrar para o PSDB.”

Foi assim que Aline entrou para o partido e se aproximou do ex-governador. “Estudei bastante sobre política, partidos, fiz de tudo no PSDB.”

No ninho tucano, ela encontrou respaldo para se lançar candidata a deputada estadual em 2018. Mas não conseguiu conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa do estado. Na eleição seguinte, em 2020, tentou uma vaga de vereadora, mas pelo MDB —partido do atual prefeito.

Ela rememora que as pessoas tinham dificuldade de entender seu papel nos dois partidos. “Ouvi muito ‘ah… a Aline é do movimento negro, ela ajudou tanto, mas não dá para votar no MDB’, e ass pessoas não entendem o PSDB e o MDB, acham que são mais de direita do que qualquer outra coisa. É preciso entender a construção da vida do outro, se colocar no lugar do outro.”

Para o pleito de 2022, ela prevê maior acirramento da polarização, mas aposta na empatia. “A gente precisa tentar aumentar o laço de pessoas que conseguem fazer o movimento da escuta.”

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