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Queda de Decotelli abala poder militar e olavistas voltam a cobiçar o MEC

Reitor do ITA, Anderson Ribeiro Correia, e secretária do MEC Ilona Becskeházy estão entre os principais candidatos a ministro da Educação

atualizado

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O Brasil está sem ministro da Educação, e as feridas nesse setor, que patina desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro, são profundas. Após o fiasco da indicação de Carlos Alberto Decotelli para o lugar de Abraham Weintraub, a influência da ala militar na gestão sofreu abalos e os olavistas da ala ideológica estão tentando aproveitar para retomar o terreno perdido. Ciente da necessidade de não errar de novo, Bolsonaro avalia com atenção os currículos de vários candidatos.

Apesar das arestas causadas pela indicação de Decotelli, a chamada ala pragmática do governo ainda tem força para influenciar na escolha do próximo ministro, já que Bolsonaro continua fiel à estratégia de pacificação com os outros poderes da República, e a disposição dos olavistas é para a guerra cultural. Weintraub deu várias mostras disso e acabou em uma espécie de autoexílio nos Estados Unidos, onde espera para assumir um posto no Banco Mundial.

E a solução, como em tantos casos recentes, pode vir da caserna mesmo. O candidato principal dos militares é o atual reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Ribeiro Correia. Auxiliares do presidente defendem Correia como um nome técnico e de bom currículo, da mesma forma que foi feito com Dacotelli. Desta vez, porém, os currículos estão sendo examinados bem de perto.

Já os olavistas têm uma candidata não declarada, uma tentativa de tirar o peso negativo da indicação frente aos demais aliados do governo. Oficialmente, os seguidores do guru Olavo de Carvalho defendem o nome do secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, para o cargo.

Defensor do ensino em casa, ele sofre resistência por ser um olavista “clássico”, muito identificado com as pautas do professor de filosofia on-line e visto pelos antiolavistas como uma continuação da gestão Weintraub. A solução para “lavar” a indicação vem de outra secretaria do MEC, a de Educação Básica.

Ocupante do cargo desde abril deste ano, a doutora em política educacional Ilona Maria Lustosa Becskeházy é próxima de olavistas, mas pode se apresentar como nome técnico, experimentado em gestão, com currículo forte e respeitado por entidades ligadas à educação.

Em vídeos no YouTube, incluindo entrevistas para canais ligados ao olavismo, ela defende que o norte da política educacional brasileira seja a busca radical por excelência pedagógica, com inspiração em países que tiveram saltos rápidos na qualidade de ensino. “E com equidade, sem deixar ninguém para trás”, costuma defender.

Mantendo a narrativa, o próprio Olavo de Carvalho fez uma série de postagens na quarta (01/07) dizendo nem mesmo conhecer Ilona.

“Se algum olavete indicou, será tão pecaminoso imaginar que olavetes pensam com suas próprias cabeças? Será obrigatório acreditar na lenda abjeta de que exerço poder mágico sobre milhões de cérebros impensantes?”, questionou ele, aproveitando também para atacar os militares do governo e para comparar Decotelli à ex-presidente Dilma Rousseff, que também teve questionado um doutorado que havia em seu currículo. “Dilmotelli é a encarnação viva da inteligência militar brasileira”, provocou.

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Os outros nomes
Volta também ao jogo o nome de Renato Feder, secretário de Educação do Paraná, que chegou a se reunir com Bolsonaro e agradou o presidente, mas foi preterido frente ao currículo (pretenso) e à experiência de Decotelli.

Feder é um liberal e defende o estado mínimo, visões que agradam uma ala do governo. Para miná-lo, os olavistas gostam de apontar ligações dele com o PSDB, partido que consideram de esquerda, um aliado tímido do PT.

Também são citados por fontes com interlocução do Planalto nomes como o ex-assessor do MEC Sérgio Sant’Anna.

Política
Mas Bolsonaro não tem pressa para definir o ministro e quer, além da garantia de um currículo forte, que o nome circule nos ambientes político e jurídico, para medir a temperatura. Essa abertura do presidente à negociação política angustia os olavistas, pois corrói as chances de eles de voltarem ao comando do MEC.

Veja postagem do influenciador Silvio Grimaldo, editor de um jornal virtual ligado a Olavo, o Brasil sem Medo:

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