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“Temer não foi o líder do golpe”, diz Ricardo Berzoini

Representante de Lula na campanha, ex-ministro moderou ataques a integrantes do MDB de Temer, para tentar não atrapalhar alianças regionais

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Ricardo Berzoini
1 de 1 Ricardo Berzoini - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Coordenador da pré-campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ex-ministro da Previdência e do Trabalho dos governos petistas, Ricardo Berzoini demonstrou que o partido deve moderar o tom, principalmente sobre o MDB e o atual presidente Michel Temer. Durante sabatina ao Metrópoles nesta quarta-feira (1º/8), o representante oficial do ex-chefe petista do Executivo nacional colocou no colo do ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB) a responsabilidade sobre o impeachment de Dilma Rousseff.

“O Temer não foi o líder do golpe, foi um golpista que aderiu. Na verdade, quem teve a capitania do golpe foi o Eduardo Cunha. Em função de todo o processo que ele sofria na Câmara [dos Deputados]”, declarou. Desde o começo da pré-campanha presidencial, representantes do PT não poupavam críticas ao atual presidente, a quem classificam como “golpista”.

A estratégia é tentar manter alianças estaduais com a legenda de Temer em localidades consideradas estratégicas pelo Partido dos Trabalhadores. Berzoini cita pelo menos dois estados onde as duas siglas podem continuar a caminhada juntas: em Minas Gerais, onde o MDB defende a reeleição do atual governador Fernando Pimentel (PT) e, em Alagoas (AL), estado onde o PT apoia o governo de Renan Filho (MDB), filho do ex-presidente do Senado.

“O Brasil é um país que é uma Federação, digamos estranha, mas é uma Federação. Se você pegar, por exemplo, no Nordeste, o Renan Calheiros está apoiando a eleição de Lula. Se pegar em vários estados do Brasil, as lideranças do MDB estão apoiando informalmente a candidatura de Lula e dizem: apoiamos Lula e quem o PT indicar caso Lula não possa ser candidato”, explicou o ex-ministro.

Em relação aos estados estratégicos, Berzoini justificou que, no caso específico de Minas Gerais, onde as duas siglas devem caminhar juntas, a união é antiga. “Integramos a mesma chapa e venceu a eleição Pimentel governador e o Toninho vice. Hoje, é uma relação difícil entre Toninho e o Pimentel. Provavelmente, o MDB não vai integrar sua ligação lá por decisão do próprio MDB, mas não havia nenhum veto nosso a ter a chapa lá, uma realidade mineira na realidade nacional”, avaliou.

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Reciprocidade
Em tom ameno, Berzoini também citou o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros, uma das forças políticas em Alagoas. Apesar de o político ser, atualmente, alvo de 11 investigações, o ex-deputado afirmou que não há acanhamento entre os petistas por terem de dividir, em eventual campanha de Lula, o palanque com o parlamentar.

“Não existe constrangimento. A realidade local é que coloca o PT integrado ao governo de Renan Filho. Quando teve o golpe, o PT decidiu por livre espontânea vontade se retirar do governo [de Alagoas]. Ao longo desse tempo, as declarações do senador Renan e do governador Renan Filho foram no sentido de aproximar o PT do MDB. Respeitamos a dinâmica do MDB e do PT no estado e, ainda, o apoio do senador e do governador à candidatura de Lula”, disse.

Com Ciro “em qualquer circunstância” e sem Marina
O ex-deputado petista também defendeu a manutenção do diálogo pelo seu partido com o presidenciável do PDT, Ciro Gomes. “Gosto muito do Ciro, foi meu colega de Ministério e da Câmara dos Deputados. Vamos continuar dialogando com ele, não importam as circunstâncias”, ressaltou o dirigente do PT. Apesar de acenar com a possibilidade de aliança, Berzoini fez críticas contra a condução da campanha do pedetista. “Ciro Gomes tem dado declarações que jogam contra ele mesmo”, avaliou.

Sobre Marina Silva (Rede), o petista sinalizou que não haverá aliança em hipótese alguma. “Ela tem uma agenda que flertou muito com o neoliberalismo, diferente da nossa. Na última eleição, ela apoiou o Aécio Neves (PSDB) contra a Dilma, uma opção que acredito ser ideológica. Tem uma diferença muito grande entre a agenda da Marina e do PT”, cravou.

O coordenador da campanha de Lula frisou que não tem nada pessoal contra Marina, agradeceu sua contribuição na sigla, mas lamentou a decisão dela de sair do partido e atacá-lo.

Veja a íntegra da entrevista:

Defesa de Lula e “forças econômicas”
Assim como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, Berzoini defende a tese de que mesmo condenado e preso, Lula deve continuar na disputa pelo Planalto, pois a legislação eleitoral permitiria o registro da candidatura.

Na entrevista, Berzoini disse que “forças econômicas poderosas querem impedir a candidatura de Lula”. De acordo com Berzoini, essas entidades aceleraram o processo do ex-presidente na segunda instância para mantê-lo encarcerado durante a campanha.

No entanto, Berzoini garante que o PT insistirá na campanha “de alguém que a população brasileira conhece muito bem. Uma liderança política que só tem paralelo com Getúlio [Vargas] e Juscelino [Kubitschek]”, disse o dirigente petista. O ex-deputado não nomeou quais seriam essas ações contrárias, mas indicou que são aliadas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

O nome à frente da chapa de Lula ao Planalto observou que a sigla está de olho na Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto ao candidato concorrer sub judice: “É um risco do partido e do candidato”, avalia Berzoini.

Embora sustente a candidatura do ex-presidente, argumenta que o PT não tem, hoje, um plano B, mas, sim, nomes avaliados. “Temos dois quadros com essa qualidade [para substituir Lula]. Jaques Wagner, governador da Bahia por oito anos, e Fernando Haddad, um prefeito que melhorou a qualidade de vida da metrópole [São Paulo]. Esses dois são opções reais, mas queremos Lula.”

Colaborou Thayna Schuquel

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