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Sem provas, Bolsonaro insinua que vacina contra a Covid causa embolia

Bolsonaro fez a afirmação após a cerimônia de Declaração de Guardas-Marinha, em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro

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Na imagem colorida, um homem está centralizado. Ele usa terno e gravata escura e camisa branca
1 de 1 Na imagem colorida, um homem está centralizado. Ele usa terno e gravata escura e camisa branca - Foto: Getty Images

O presidente  Jair Bolsonaro (PL) voltou a dar declarações, sem provas, contra as vacinas da Covid-19. Neste sábado (11/12), no Rio de Janeiro, ele disse que o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ) está internado com embolia, por um “efeito colateral da vacina”.

“O deputado Hélio Lopes está no hospital, por embolia. Parece que é efeito colateral da vacina, vamos aguardar a conclusão. Um médico meu, semana passada, estava abalado, que uma irmã dele tomou [a vacina] e estava com trombose também”, disse Bolsonaro.

A afirmação de Bolsonaro, contudo, vai contra o que estudos científicos já atestaram. Segundo uma pesquisa da Universidade de Oxford, o risco de ocorrer trombose venosa cerebral (CVT, no acrônimo em inglês) em pessoas com Covid-19 é consideravelmente maior do que nas que receberam vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), como os imunizantes da Pfizer, da Moderna e da Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“Embora a magnitude não possa ser quantificada com certeza, o risco após a Covid-19 é aproximadamente de 8 a 10 vezes o relatado para as vacinas, e cerca de 100 vezes maior em comparação com a taxa da população. O aumento do índice de CVT com a Covid-19 é notável, sendo muito mais marcante do que os riscos aumentados para outras formas de acidente vascular cerebral e hemorragia cerebral”, diz o estudo. “Os dados de trombose da veia porta (PVT) destacam que a Covid-19 está associada a eventos trombóticos que não se limitam à vasculatura cerebral”.

Durante a fala, Bolsonaro ainda voltou a minimizar a efetividade do imunizante, dando a entender que o fato de uma pessoa imunizada ainda poder contrair e transmitir o vírus se iguala aos riscos de contágio e disseminação dos que não tomaram. Os dados, contudo, são claros: quem é vacinado tem risco muito mais baixo de ser infectado, ter caso grave e transmitir. “Se contrai ou transmite, não tem mais ou menos, transmite!”, declarou Bolsonaro, exaltado.

Estudos científicos da Agência Francesa do Medicamento e do Seguro Nacional de Saúde já comprovaram que as vacinas reduzem o risco de morte pela Covid-19 , em até 90% das pessoas com mais de 50 anos.

Pesquisadores das renomadas universidades de Harvard, Yale e Columbia também atestaram que, mesmo contraindo a doença, os vacinados transmitem o vírus por menos tempo e com menos intensidade que não vacinados.

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