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Pesquisa CNT: Moro ministro vai bem; Moro candidato, nem tanto

Áreas ligadas ao ex-juiz são pilares para a popularidade do governo, mas possível candidatura em 2022 do paranaense tem desempenho fraco

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
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1 de 1 Moro-e-Bolsonaro1 - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A primeira pesquisa de opinião de 2020 revelou um cenário antagônico para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Embora os assuntos relacionados à pasta comandada pelo ex-juiz alavanquem os índices de popularidade da gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), uma eventual candidatura em 2022 não passa de um desempenho pífio, registra a sondagem CNT/MDA divulgada nessa quarta-feira (22/01/2020).

Moro aparece na pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em parceria com o instituto MDA, como um dos quatro nomes lembrados pelos entrevistados para a disputa presidencial em 2022. O ex-juiz federal, entretanto, com 2,4% das menções – espontâneas – surge atrás do atual chefe (que teve 29,1% das citações – espontâneas); do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (do PT, com 17%); e do ex-presidenciável Ciro Gomes (do PDT, com 3,5% das menções).

Se a disputa fosse hoje, o “Moro presidenciável” sairia das urnas com performance muito inferior à do “Moro ministro”. Para se ter dimensão da importância dele para o governo — aos olhos dos entrevistados da pesquisa —, o combate à corrupção e a melhora na segurança pública (áreas ligadas ao ministério do ex-juiz) são bases de popularidade da gestão.

Segundo a pesquisa da CNT, 46,8% dos brasileiros acreditam que o combate à corrupção melhorou. Para 30,5%, o país está mais seguro. Apesar de serem feitos atribuídos à gestão Bolsonaro, as duas situações são ligadas a Moro.

De maneira geral, os números ligados ao ministro da Justiça são superiores aos dos observados na Saúde e na Educação, por exemplo, e ficam ombreados aos da Economia – principal força do governo e área capitaneada por Paulo Guedes.

Numa corrida ao Palácio do Planalto, no entanto, Moro aparece com desempenho apenas marginalmente superior ao de Fernando Haddad (PT), que teria 2,3% das intenções de voto. A seguir viria João Amoêdo (Novo), com apoio de 1,1%. Luciano Huck (sem partido), Marina Silva (Rede), Dilma Rousseff (PT) e João Doria (PSDB) teriam menos de 1% cada.

Após a divulgação da pesquisa, o Metrópoles entrou em contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para que o ministro comentasse os dados, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto a manifestações.

Posicionamento
Ao analisar o futuro de Moro, Rui Tavares Maluf, cientista político e sociólogo da Universidade de São Paulo (USP), avalia que o fato de o ministro nunca ter se posicionado como candidato afeta o desempenho na pesquisa.

“Moro é membro do governo Bolsonaro e nunca deu uma declaração como candidato. Isso influencia no resultado. Como integrante do ministério de Bolsonaro, uma possível candidatura causa dissonância e confunde o eleitor”, explica.

O especialista frisa, ainda, que dois anos antes da eleição é difícil traçar esse tipo de cenário. “Em geral, a figura mais importante do governo numa eleição sempre é o presidente. Está se tentando desenhar Moro presidenciável agora tendo como base que Bolsonaro é o responsável pelo declínio de sua popularidade. É incomum que nomes que componham um ministério tenham destaque em uma disputa”, pondera.

“Fazer meu trabalho”
Na última segunda-feira (20/01/2020), Moro foi o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura. Lá, ele disse não ter pretensão de concorrer em 2022.

“Não tenho esse tipo de ambição. Temos de ter bastante pé no chão, existe o famoso ditado antigo que diz sic transit gloria mundi (expressão em latim que, em português, significa ‘toda glória do mundo é transitória’). Então, essas questões de popularidade, elas vêm, vão, passam, e o importante para mim é fazer meu trabalho como ministro da Justiça”, afirmou.

Moro acrescentou que está pensando “no presente momento” e que não conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro para uma eventual candidatura. “O candidato do presidente Jair Bolsonaro deve ser ele mesmo. Ele já manifestou o desejo de ser reeleito”, finalizou.

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