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“Nunca mais me ligue”, diz blogueiro a Bolsonaro após portaria sobre aborto

Ministro da Saúde alterou texto e desobrigou comunicação à polícia em caso de estupro. “Traidor” e “canalha”, atacou Allan dos Santos

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Allan dos Santos veste traje social
1 de 1 Allan dos Santos veste traje social - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Após o governo publicar portaria que retira a obrigatoriedade de médicos acionarem a polícia em caso de aborto e o oferecimento de exames de ultrassom antes da interrupção da gravidez, o blogueiro Allan dos Santos acusou, na manhã desta quarta-feira (24/9), em uma rede social, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, de “traidor e canalha”.

Na sequência, Allan dos Santos, que é dono de um site governista, disse ter enviado a seguinte mensagem por meio do aplicativo WhatsApp para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido): “Nunca mais me ligue”. O blogueiro ficou inconformado com a portaria do governo federal.

“Quando um PSol da vida força o STF [Supremo Tribunal Federal] é uma coisa. Quando um ministro do presidente Jair Bolsonaro facilita o aborto é inadmissível. Mandei para o WhatsApp pessoal do presidente: NUNCA MAIS ME LIGUE”, escreveu Allan dos Santos, nesta manhã.

“Traidor e canalha! Você menosprezava o presidente e só o apoiou por causa do [vice-presidente, Hamilton] Mourão, Eduardo Pazuello. Canalha”, prosseguiu. “Acorda, Jair Bolsonaro. As pessoas que te apoiam nos rincões do Brasil não querem cargos e salários de estatais. Já esses generais que estão contigo”.

A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República foi procurada pelo Metrópoles, mas não se pronunciou. A pasta foi questionada se Bolsonaro respondeu a mensagem do blogueiro Allan dos Santos. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Entenda

A nova portaria assinada pelo general Eduardo Pazuello estabelece procedimentos a serem adotados em casos de abortos permitidos por lei, como a gravidez advinda do estupro. As outras hipóteses são o risco de morte da mãe ao longo da gestação ou parto e casos de bebês diagnosticados com anencefalia.

Um dos pontos que provocou polêmica na portaria anterior e revoltou parte da bancada feminina no Congresso Nacional foi a obrigatoriedade de oferecer um exame de ultrassom para que a gestante vítima de estupro pudesse ver o feto.

A nova portaria praticamente repete a anterior, mas com algumas novidades, como a retirada do ultrassom, para que a mulher fosse forçada a ver o feto que deseja abortar. No texto anterior, a medida também obrigava o médico a acionar a polícia após o acolhimento de vítimas de estupro.

Agora, o governo retirou a obrigatoriedade e dividiu a responsabilidade com os demais profissionais de saúde responsáveis pelo estabelecimento. Neste ponto, Pazuello atendeu a uma sugestão do senador Humberto Costa (PT-SP).

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