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Michel Temer: “Aconselhei Bolsonaro a parar com as falas no cercadinho”

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, ex-presidente diz que não vê clima para realização de impeachment

atualizado

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Daniel Ferreira / Metrópoles
Temer e Bolsonaro
1 de 1 Temer e Bolsonaro - Foto: Daniel Ferreira / Metrópoles

Passado um ano e meio desde que deixou o poder, o ex-presidente Michel Temer (MDB) se diz um homem realizado. Mesmo fora da política, o emedebista se orgulha de ser procurado, com frequência, para aconselhar homens públicos. Entre eles, revela, o atual mandatário do país, Jair Bolsonaro (sem partido).

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Temer conta que recentemente foi procurado por interlocutores do presidente, aos quais relatou algumas preocupações.

As duas principais eram as falas constantes no “cercadinho” do Palácio da Alvorada – onde Bolsonaro dividia o seu tempo entre pedidos de apoiadores e uma relação de indisposição com a mídia – e a participação do chefe do Executivo em atos antidemocráticos.

“Com toda a franqueza, essa coisa de ele falar naquela saída, naquele cercadinho, isso é péssimo. A palavra do presidente é uma palavra muito forte. Ela faz a agenda do país”, pontuou Temer. “Igual maneira, para preservar a democracia, você não pode participar de coisas que agridem o Congresso, o STF. Tem de dar o exemplo de que os poderes são fundamentais.”

Temer prefere chamar esses conselhos de “palpites”. E ele acredita que, ao menos nesses dois quesitos, surtiram efeito. “Percebo que tem uns 10, 12 dias que ele parou de dar aquelas entrevistas. Não quero dizer que seja o meu conselho, né? Mas meu conselho, meu palpite, deve ter, talvez, ajudado”, avaliou.

O ex-presidente acredita que os afagos recentes de Bolsonaro ao grupo de partidos conhecidos como “Centrão” também são sinais de que o titular do Planalto deixou para trás o “presidencialismo de confrontação”, termo criado pelo ex-ministro da Fazenda Pedro Malan para definir o modus operandi do atual governo, e começou a “exercer a Presidência”.

Cumprindo a quarentena com a família em São Paulo, Temer relembrou o seu governo e disse que guarda apenas uma frustração: não ter aprovado a reforma da Previdência. E o responsável por isso, na visão do emedebista, tem nome e sobrenome: Rodrigo Janot, de quem ele diz sentir “pena”.

“Tenho pena dele, muita pena. Atrapalhou. Tentou me ofender moralmente. Tentou me desmoralizar. E conseguiu. Mas isso vem sendo recuperado. A história vem fazendo justiça”, assinalou.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida por telefone nessa quarta-feira (1º/7):

Metrópoles: O senhor tem aconselhado o presidente Bolsonaro?
Michel Temer: Em uma ocasião, tomei a liberdade de ligar para ele, uns 50 dias atrás, em um sábado à tarde. Como ele tem sido correto com meu governo, vi várias entrevistas em que ele diz: “Olha aqui, se não fosse o Temer ter feito a modernização trabalhista, não fosse o governo Temer ter feito o teto dos gastos, ou a questão da Previdência”. Ele está sendo correto, então resolvi ligar para ele.

Eu disse: Presidente, posso dar um palpite? Acho que você deveria decretar o isolamento social por uns 12, 15 dias, dizendo que a cada 12 dias faria uma revisão, ressalvadas as atividade essenciais. Porque você centraliza um pouco com essa atuação, é útil para o governo e o povo fica mais tranquilo. Ele ficou grato, agradeceu muito etc, etc.

Houve novos contatos?
Mais adiante, ele mandou uns interlocutores falarem comigo, trocar ideias, e repeti o que tenho dito. Primeiro, com toda a franqueza, essa coisa de ele falar naquela saída, naquele cercadinho, isso é péssimo. A palavra do presidente é uma palavra muito forte. Ela faz a agenda do país. E não dá para fazer a pauta do país às 9h30.

Igual maneira, para preservar a democracia, você não pode participar de coisas que agridem o Congresso, o STF. Tem de dar o exemplo de que os poderes são fundamentais.

Recentemente, ele acabou me telefonando. Reiterei o que tenho dito. E eu percebo que tem uns 10, 12 dias que ele parou de dar aquelas entrevistas. Não quero dizer que seja o meu conselho, né? Mas meu conselho, meu palpite, deve ter, talvez, ajudado.

O senhor conhece o Congresso Nacional como poucos. Presidiu a Câmara e foi deputado por muitos anos. Que conselho o senhor daria para Bolsonaro melhorar a relação com o Congresso?
Eu faria uma coisa que ele está fazendo nesses 15, 20 dias. Chamaria os parlamentares para conversar. Chamaria líder, deputado, para tomar café, almoçar, jantar. Trocar ideias sobre o país. Ouvi-los. Você depende, no Executivo, do Legislativo. Essa relação é fundamental. No meu governo, chamei o Legislativo para governar. Não sei se você se recorda, mas as reuniões que eu fazia tinham o presidente da Câmara e do Senado ao meu lado. Não é trocar ideia para agradar, mas para dizer que eles também estão governando o país.

Há desconfiança entre parlamentares da aproximação recente. Bolsonaro deu início a diálogos, no passado, e depois voltou atrás. Agora é diferente?
Olha, eu acho que poderá vir a ser diferente. Ele é uma pessoa que passou muito tempo no Congresso. Segundo, Bolsonaro tem intuição política, então vai vai perceber que, se muda a atitude e começa a dar certo, duvido que a partir daí vá parar. É difícil fazer uma avaliação do ritmo, do jeito que ele pensa. Mas, pela lógica, percebendo que a nova forma pode dar certo, creio que não mudará. Espero que não mude.

Bolsonaro se elegeu pregando contra o que chamava de “velha política”. Agora ensaia aproximação com o Centrão cedendo cargos. Como o senhor vê essa estratégia?
Primeiro, essa coisa de velha política tem um objetivo meramente eleitoreiro. Temos um estado novíssimo, nascido em 5 de outubro de 1988. Redemocratização do país é da velha política? Plano Real é da velha política? Lei de Responsabilidade Fiscal é da velha política? Lembra-se da telefonia? Você se inscrevia e esperava dois anos para receber uma linha. Hoje, você precisa fugir da oferta de celulares. Isso é velha política? E tudo que fiz no meu governo, teto de gastos, lei das estatais, modernização trabalhista, isso é velha política? Não é. O que tem é a política adequada e a política inadequada.

Segundo ponto, essa coisa de trazer quem é do centro, quem não é do centro, a rigor, teria de trazer o Congresso inteiro. Porque também muitas vezes dizem “Ah, sempre o Centrão”. Se chegar à conclusão de que eles não podem participar do governo, coerentemente tem de chegar para os partidos – que tem uns 160, 170 votos – e dizer: eu não quero esses votos. Você vê o drama que você cria?

Mas o governo, até o momento, não tem uma base no Congresso e cultivou inimizades desde que chegou ao poder…
Quem está lá chegou pela vontade popular. O povo é que elege. Por isso, o princípio republicano. Quem está lá não serve? Daqui a quatro anos muda. Ele tem de trazer o Congresso para ele. Teria de conversar muito com o presidente da Câmara, do Senado, com os líderes. Verificar os partidos que podem apoiar. Não entrar no governo, mas ter uma boa relação para quando for do interesse do país estarem juntos.

Acha que os partidos serão fiéis ao governo? O senhor criou a sua maioria chamando os partidos para governar e administrar parte do governo e com uma base de reformas – o Ponte para o Futuro. Hoje, o presidente não tem programa.
Eu tinha realmente o Ponte para o Futuro, lançado para o governo então existente [de Dilma Rousseff], quando eu era vice. Mas aquilo foi tomado como um gesto oposicionista e, quando cheguei ao governo, tinha as teses. Por isso que eu pude chamar o parlamento e dizer: “Tenho essas teses, penso dessa maneira, vamos trabalhar juntos”.

Quando ele [Bolsonaro] começou o governo, vinha dando sequência ao que fiz. Continuou a reduzir juros, preservar as estatais, e a inflação ficou em 3,25%, mais ou menos como deixei. Mas, efetivamente, essa pandemia atrapalhou o governo dele. Bolsonaro tem um programa que pode apresentar. Precisa sistematizar um pouco, como o Ponte para o Futuro. Além das obras que podem ser anunciadas. O ministro é muito bom, o Tarcísio [Gomes de Freitas, da Infraestrutura], ele pode tocar as obras. Com isso, ele pode sensibilizar os parlamentares.

Pedro Malan definiu o estilo do Bolsonaro como “presidencialismo de confrontação”, em oposição ao de coalizão. Bolsonaro mudou a lógica do poder?
Acho que ele modificou isso. Estamos falando de 20 dias atrás, ele mudou completamente esse confronto que se estabelecia pelas palavras. Quando você fala demais, você acaba criando confrontos. E ele é bastante emotivo e combativo. As palavras realmente podiam revelar uma confrontação. Acho que ele abandonou isso. Ele mudou inteiramente o estilo, até pessoal. Acho que está superando.

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Muitos avaliam que a mudança é uma reação às investigações envolvendo seu filho Flávio, o Inquérito das Fake News e a prisão de Fabrício Queiroz.
Não sei dizer. Não é improvável. Pode ser que esse episódio tenha influenciado. Agora, muitos o aconselharam, tal como eu aconselhei. Não saberia dizer se o episódio Queiroz também influenciou nisso. É possível. Acho que, em um dado momento, Bolsonaro teve a compreensão de que deveria exercitar mais a Presidência da República. Pelo menos, percebo que ele vem tentando fazer. Não sei se vai adiante.

Muitos defendem o impeachment. O senhor vê clima para iniciar o processo?
Não vejo, nesse momento, clima pra impedimento. Quem gera o impedimento é povo na rua. Isso influencia o Congresso, que, se houver razões, decide pelo impeachment. Se não houver povo, acho difícil. A meu modo de ver, não seria útil. Toda vez que tem impeachment há um trauma político e institucional, que não é útil para o país. Eu passei por isso. Pode ser que lá para frente isso mude, mas hoje não vejo clima.

Que conselhos o senhor daria para o vice-presidente da República, Hamilton Mourão?
Acho que o general Mourão tem uma boa relação com o presidente e que o presidente tem uma boa relação com ele. Não há um distanciamento do presidente com o vice, estão entrosados. Acho que ajuda. Veja no sistema americano. Sempre que você observar uma entrevista do Trump, quem tá ao lado dele é o Mike Pence [vice]. Quando o Obama era presidente, aquele episódio do Bin Laden [quando ele foi capturado e morto], estava o presidente Obama, o Biden, que era vice, e a Clinton, que era secretária de Estado, além de um general. Por quê? Porque a consciência é de que o vice tem de saber tudo. Se algo ocorrer com o presidente, ele tem de estar preparado. Nesse particular, Bolsonaro e Mourão têm uma inter-relação muito positiva.

Mourão, assim como ocorreu com o senhor, é um vice decorativo?
Não, era o meu caso. Fiz uma carta que foi objeto de muita gozação. Eu me rotulei como vice decorativo. De fato, a senhora ex-presidente não tinha uma relação de presidente e vice. Não sei se você se recorda de que muitas vezes a imprensa noticiava que a presidente chamava uma série de pessoas para reunião e não me chamava. Então, eu me sentia vice decorativo. Não é o caso do Mourão.

Como o senhor vê a crise do Ministério da Educação, que perdeu o terceiro titular? Que recomendação o senhor faria?
Que se faça uma análise sob o foco ético e técnico. Eu até lamento por ele [Carlos Alberto Decotelli]. Ele está apanhando por causa de um currículo arrevesado. É uma lástima, uma pena que tenha feito isso. O governo e o presidente têm de manter cautela, mandar levantar dados. E só depois anuncia. Foi o que faltou. Cria problemas inutilmente.

Como o senhor avalia o tratamento que está sendo dado pelo governo de Jair Bolsonaro à pandemia do novo coronavírus?
Acho que, sob o foco econômico, o governo federal está fazendo o que é possível. Veja essa questão dos apoios aos mais pobres, aos vulneráveis, aquela coisa dos R$ 600 e R$ 1.200. Financiamento às pequenas e médias empresas, que são os grandes empregadores do país, e também são indispensáveis os financiamentos que virão para as grandes empresas. Por outro lado, os governos estaduais também estão cumprindo a sua tarefa. Eu dou o exemplo aqui de São Paulo. O João Doria logo abriu as estradas para os caminhoneiros, postos de gasolina, que são os que abastecem os supermercados, farmácias etc. Enfim, as atividades essenciais.

Agora, evidentemente o país precisava, e eu já tive oportunidade de falar sobre isso, de uma certa centralização dessas operações. Então, isso naturalmente caberia ao governo federal. Com muita frequência, tenho dito que o presidente… pelo menos eu faria isso, deveria chamar os governadores, os presidentes das duas Casas do Congresso e até os partidos políticos da oposição. Essa pandemia não escolhe partidos. Acho que era uma coisa que traria primeiro uma certa tranquilidade para o povo. Diferentemente, às vezes o governo federal diz uma coisa e os estaduais dizem outra, e isso confunde o povo brasileiro.

A palavra-chave agora é unidade, pacificação. É preciso muita unidade e todos combatendo a pandemia e, sequencialmente, ajudando na recuperação econômica. Deixa a briga eleitoral e política para o momento próprio. Tem eleições municipais, presidenciais. Não agora.

Quando assumiu o governo, uma das pregações do senhor era da necessidade de unidade e pacificação da sociedade. Mas me parece que não aconteceu. Onde o Brasil e a política erraram?
Muito antes de assumir a Presidência, como vice-presidente, ou antes, como presidente da Câmara, acho que essa história do brasileiro contra brasileiro é péssimo para o nosso país. A ideia é a unidade em certas matérias, fora a parte que a democracia exige, para que as divergências existem. Isso é resolvido nas eleições.

No meu governo, sofri uma fortíssima oposição, até uma oposição natural, legítima, porque aqueles que perderam o poder naturalmente se opunham ao meu governo. Mas confesso que eu não levava em conta. Às vezes, eu ia a algumas inaugurações e tinha um grupo de 40, 50 pessoas gritando “Fora Temer”. Eu não me incomodava. Jamais contestava. Achava até legítimo. E levei o governo com reformas, queda da inflação, queda dos juros, recuperação das estatais e daí para frente.

O que me permitiu levar o governo adiante foi essa capacidade – com toda a modéstia, é claro – que eu tinha de dialogar com o Congresso, com a sociedade. Mesmo na reforma da Previdência surgiram movimentos maiores, mas eu toquei em frente e consegui convencer a população brasileira e também o Congresso Nacional da indispensabilidade dela. Tanto é verdade que, mal começou o Bolsonaro, conseguiram aprovar. Pacificação e unidade. Nós contra eles não deve existir.

A gravação de Joesley Batista revelada na investigação do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, impediu a evolução da reforma. O senhor guarda mágoas?
Eu tenho pena do Janot. Muita pena, coitado. Sei que ele quis o meu mal e, ao querer o meu mal, quis o mal do Brasil. O episódio daquela gravação, que foi articulada por ele, pela equipe dele, com o rapaz da JBS [o ex-procurador Marcelo Miller]… foi tudo orientado.

Como assim? 
O livro da Raquel Landim [Why Not, sobre o caso da JBS] explica. A JBS estava insistindo para que a PGR aceitasse a delação dos irmãos [Joesley e Wesley]. O procurador diz assim: “Olha aqui, o que vocês trouxeram até agora não vale. Se vocês trouxerem o presidente da República, muda o assunto”.

Então é que montaram o esquema daquele procurador [Miller] que foi para o escritório que advogava para a empresa e daí montaram a gravação e, mais ainda, lamento dizer, criaram uma frase falsa. A frase do “Eu tô dando dinheiro para o cara manter o silêncio” e eu disse “Mantenha isso” não existe. A que existe é “Olha, tenho muita amizade com o deputado fulano, eu estou de bem com ele”. E eu disse: “Mantenha isso”. “Mantenha a amizade”, foi isso o que eu disse. Não tem nada a ver com dinheiro.

Mas por que a pena? 
Por que eu tenho pena do procurador? Porque ele fez isso precisamente para impedir a reforma da Previdência. Eu tinha marcado para 12 dias depois daquela tarde de maio a votação na Câmara e nós tínhamos computado 326 votos, portanto [número] superior aos 308 necessários. Da mesma maneira no Senado. Até julho, agosto, teríamos aprovado a reforma da Previdência, e o país teria ganho 2 anos. Ele quis o meu mal, minha desmoralização e também impedir a reforma.

Hoje, coitado, vejo que ele escreveu aquele livro infeliz, né? No final, era uma figura exponencial em uma administração, um procurador-geral da República, dizendo que entrou com uma arma para matar um ministro do STF. Uma infelicidade. Depois sofreu busca e apreensão e teve de entregar a carteira da Ordem dos Advogados. Coitado, não pode nem advogar. Espero que ele se recupere logo, que Deus esteja ao seu lado. Não quero a ele o mal que ele causou a mim e ao país.

Guarda alguma frustração com o seu governo?
Frustração que eu tive, mais do que isso, chateação, só com o ex-procurador-geral e o outro rapaz. Aquilo foi um aborrecimento muito grande. É uma frustração que tenho. Porque também pensar que eu poderia fazer ainda mais coisas em dois anos e meio [de governo] seria demais.

Como o senhor tem visto a formação das frentes democráticas contra o atual presidente?
Acho que toda vez que se faz um movimento em favor da democracia é extremamente útil. Dizem que a democracia corre risco. Eu não vejo muito. As instituições estão funcionando. Quando o ex-ministro da Justiça anunciou a saída, o presidente rebateu, e o que fez o PGR? Propôs um inquérito. Foi ao STF. Está funcionando. Fake news também são alvo de inquérito. Temos que aplaudir. A solução é simples: basta aplicar a Constituição, não é preciso mais do que isso.

Como viu os protestos contra o Congresso e o STF?
Eles estão contrariando o texto constitucional. Todo e qualquer movimento para fechar Congresso, o Supremo, é contra o texto constitucional. Claro que entra a liberdade de expressão. Mas ela tem limite, que é não injuriar, não difamar, não caluniar. Reitero a desaprovação a esses movimentos.

E a participação do presidente agrava a percepção desses movimentos?
Não é útil. Eu percebo que, quando ele vai, ele não se manifesta contra os poderes. Mas é claro que a presença dele parece que está validando. Aí não vale a pena. Mas ele não tem ido mais, tem umas duas semanas que não foi mais. Acho que o presidente mudou muito.

No final das contas, o senhor ficou muito chateado com os movimentos que pediam “Fora Temer”?
Não. O “Fora Temer”, no final do governo, virou o “Fica Temer”. E hoje muita gente me manda: “Volta, Temer”. Isso significa reconhecimento ao meu governo. Em uma entrevista que dei, o jornalista me perguntou o que eu sentiria mais falta do governo, e eu disse: “O Fora Temer, porque eu já vou estar fora do governo”. Aquilo não me impressionava. Acho que é um pouco do brasileiro. Qual presidente não teve “fora”? Acho que é da cultura.

Frente aos pedidos de “Volta, Temer”, alguma chance de voltar para a política?
Não, não quero mais. Quero só escrever, viver comigo mesmo.

Como está a família, Michelzinho e a dona Marcela? 
Graças a Deus, tudo bem. Evidentemente tomando todas as cautelas necessárias, desde o confinamento até as coisas mais elementares, que é o uso de álcool em gel, máscara etc. Graças a Deus, não pegou ninguém da família.

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