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Lula a catadores: “Fome não é fenômeno natural, é irresponsabilidade de quem governa”

Ex-presidente encontrou-se com movimentos populares urbanos, entre eles catadores de materiais recicláveis do DF

atualizado

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Rafaela Felicciano
Lula visita central de reciclagem no DF
1 de 1 Lula visita central de reciclagem no DF - Foto: Rafaela Felicciano

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encontrou-se, nesta quinta-feira (7/10), com integrantes de movimentos populares urbanos e catadores de material reciclável na Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop).

Embora Lula não tenha se declarado publicamente como candidato do PT ao Palácio do Planalto, o evento teve clima de campanha para 2022.

Lula também adotou um tom de plena campanha. Ele disse que se arrepende de não ter feito mais pelas pessoas mais pobres e culpou a burocracia do governo por impedir ações para a população.

“Tenho arrependimento porque acho que eu poderia ter feito mais. A gente vai se embaralhado na burocracia porque tudo que você quer fazer para os pobres tem alguém para dizer não. Esse país não foi feito para cuidar de pobres. Tudo é difícil”, disse Lula.

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“Fome não é fenômeno natural”

Lula também falou da fome no país e a dificuldade das pessoas em comprar alimentos. “A gente não pode se conformar com o que está acontecendo no país. Não é normal”, disse.

“O que está acontecendo no país é anormal. Nunca vi tanta gente passando fome em todos os lugares do país”, disse.

“A fome não é um fenômeno da natureza, mas da irresponsabilidade das pessoas que governam esse país”, enfatizou o ex-presidente.

Ele citou o exemplo de pessoas que estão entrando na fila para receber ou comprar ossos que restam nos açougues. No estado do Mato Grosso, que tem mais de 30 milhões de cabeças de gado, as pessoas vão par porta do açougue para esperar pelo miserável do osso, porque não tem dinheiro para pagar um quilo de carne”, exemplificou o ex-presidente.

Lula visita central dos catadores de recicláveis em Brasília https://t.co/fxD5gILAZ3

“Nesse governo que está aí nós não tivemos oportunidade, nem com o presidente, nem com o governador”, disse uma das líderes dos movimentos. “Quero ver cada catador, no mínimo, tendo uma renda de dois a três mil reais”, disse Alessandra Alves Lopes, representantes dos catadores, que declarou apoio ao ex-presidente.

No evento, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), informou que requereu a formação de na Câmara de uma frente parlamentar em defesa dos catadores de material reciclável. Gleisi ainda enfatizou as diferença entre o governo petista e o atual governo de Jair Bolsonaro.

“A gente precisa ocupar os espaços da política com gente que luta pelos trabalhadores, pelos mais pobres. Quando o presidente pisou no tapete do Palácio do Planalto, levou os trabalhadores para pisar também”, disse a presidente do PT

“Toda aquela política pública foi interrompida por Bolsonaro. Ele não pensa nos trabalhadores, ele não pensa nos mais pobres”, disse a deputada.

O secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Sarney Filho, que foi ministro no governo de Dilma, disse que já encaminhou ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) um pedido para isentar do pagamento de IPTU o espaço mantido pelas associações de catadores.

No discurso, Lula fez elogios ao ex-ministro, filho do ex-presidente da República, José Sarney. “Quando eu vi que o Zequinha era o secretário do meio ambiente, eu já disse: é meio caminho andado”. “O Zequinha é um homem de coração bom, podem ter certeza de que ele jamais vai tratar vocês mal”, disse Lula aos catadores.

Reivindicações

Integrantes do Movimento Popular por Moradia do Distrito Federal e Região (Amora) disseram ter confiança de que o petista será candidato e apresentaram uma pauta de reivindicações. Eles querem a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, criado no governo Lula, para a chamada faixa 1, ou seja, famílias que recebem até R$ 1,8 mil por mês e possuem beneficiários do Bolsa Família.

Entre os pedidos estão ainda a “destinação das terras da União para projetos de moradia popular construída por autogestão”, a não privatização da Caixa e dos serviços de água e saneamento, além da anulação da privatização da Companhia Energética de Brasília (CEB).

Confira as reinvindicações apresentadas:

– O resgate do Programa Minha Casa Minha Vida, com orçamento para atender o conjunto da demanda nacional por moradia e com atenção especial para a faixa de renda 1

– Prioridade para o Minha Casa Minha Vida – Entidades, agilizando a aprovação do Programa Nacional de Moradia por Autogestão, cujo projeto-de-lei foi apresentado em Audiência Pública, esta semana, na Câmara dos Deputados

– Destinação das terras da União para projetos de moradia popular construída por autogestão

– Imposto específico sobre imóveis ociosos (estimativa de 100 mil imóveis nessa condição, só em Brasília), com os recursos arrecadados direcionados para a construção de moradias populares

– Possibilidade de implantação dos projetos de moradia popular em articulação direta entre Movimentos de Moradia e Governo Federal, com garantia de financiamento e assistência técnica para a construção em autogestão

– Não à privatização da Caixa Econômica, com seu fortalecimento e habilitação para centralizar os projetos de moradia popular em nível nacional

– Não à Privatização da Água e do Saneamento Básico

– Anulação da Privatização da CEB (Companhia Energética de Brasília)

– Possibilidade de acesso à moradia popular pelo sistema de “concessão do direito real de uso”, garantindo-se o direito de mobilidade, por necessidade comprovada, para outro imóvel em bairro ou cidade diversa, nas mesmas condições e garantindo o direito dos descendentes de continuarem a usufruírem do imóvel, em caso de falecimento dos chefes de família

– Possibilidade de uso emergencial desses imóveis reservados para a “concessão de uso”, para a população em situação de rua

– Fim dos despejos – quem estiver desempregado ou integrar o CADÚNICO deve ter garantido o direito de continuidade no imóvel em que reside ou ser transferido para outro em condições dignas

– Reativação do Conselho das Cidades e do Ministério das Cidades, extintos pelo atual Governo

– Isenção do pagamento de Impostos para as Cooperativas de Catadores e Catadoras

Confira o manifesto conjunto:

Manifesto MPU 2021 by Júlia Portela on Scribd

Reforma administrativa

Na tarde desta quinta, o ex-presidente terá encontros no hotel com representantes de servidores públicos e sindicalistas, contrários à reforma administrativa, pauta prioritária do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e da equipe econômica do governo Bolsonaro.

A reunião contará com a presença de representantes da Frente Parlamentar Mista do Serviço Público, coordenada pelo deputado Israel Batista (PV-DF).

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