Raul Jungmann (imagem em destaque), presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), reiterou, nesta quarta-feira (22/3), a posição do setor contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami em meio à tragédia humanitária. “Não podemos abrir mão de conter e reprimir a tragédia Yanomami”, disse ao Metrópoles.
“A sustentabilidade tem de ser social; por isso, somos [Ibram] contrários ao garimpo ilegal. Não podemos aceitar mercúrio, poluição, corrupção, prostituição de menor, isso não pode, não existe”, afirmou Jungmann, durante evento da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, em Brasília.
Jungmann, ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, também alertou que, na área ocupada por garimpo ilegal, há a atuação de grupos criminosos, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Eu fui ministro e sei que o PCC tá lá dentro [das áreas ocupadas ilegalmente]”, declarou.

Operação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami em agosto de 2022Ascom Polícia Federal

Operação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami Ascom Polícia Federal

Criança Yanomami doenteDSEY/Reprodução

Mais de 10 mil crianças indígenas ficaram desassistidas por conta de esquema de corrupçãoReprodução/ MPF

Relatos indicam que crianças expeliram vermes pela bocaReprodução/ MPF

Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública em decorrência da situação dos Yanomamis em RoraimaCondisi

Em visita aos Yanomamis, Saúde encontrou casos de malárias em criançasCondisi-YY/Divulgação

Voluntários da Associação Urihi Yanomami resgata criança indígena yanomani em maca vítima de desnetruição no norte do país. Ao fundo, é possível ver avião sobrevoando terreno - MetrópolesAssociação Urihi Yanomami

População Yanomami apresenta estado de desnutriçãoDivulgação/ Exército Brasileiro

Além de desnutrição, indígenas yanomami sofrem com doenças e infecçõesDivulgação/FAB
Sufoco econômico
Jungmann explicou que o Ibram atua para repressão no front econômico dos mineradores ilegais. Há rodadas de conversa com Banco Central (BC), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Receita Federal e até joalherias. O objetivo é cobrar regularização e fiscalização.
“Nós temos liderado, com o Instituto Escolhas e outras entidades da sociedade civil, para retirar mercado [produtos sem certificação] e sufocar o garimpo ilegal”, explicou. “Fomos ao Banco Central cobrar fiscalização e à Receita Federal cobrar a nota fiscal eletrônica para rastreabilidade”, continuou.
“Fomos à CVM, junto com o Instituto Escolhas, pedir a investigação de cinco DTVMs [Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários] que são as mais envolvidas [com mineração ilegal]. Também fomos à Suíça pedir a certificação do ouro [que chega lá]”, detalhou.
De acordo com ele, o Ibram foi contrário ao projeto de lei que autorizava a mineração em terras indígenas, “pois não empoderava o indígena”. O texto está parado na Câmara dos Deputados.
Crise humanitária Yanomami
A Terra Indígena Yanomami tem mais de 10 milhões de hectares, distribuídos entre os estados do Amazonas e de Roraima. Há cerca de 30 mil indígenas vivendo na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.
A presença do garimpo, principalmente na gestão de Jair Bolsonaro (PL), provocou a disseminação de doenças e um cenário de crise humanitária.
Em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve em Roraima para acompanhar a crise sanitária dos Yanomamis. Na ocasião, ele prometeu acabar com o garimpo ilegal. Ele classificou a situação dos indígenas doentes como desumana.