metropoles.com

Governo não consegue impedir crescimento da “turma do Maia” na Câmara

Grupo reúne basicamente DEM, MDB e PSDB e cogita pelo menos três nomes para concorrer à Presidência da Casa, em fevereiro de 2021

atualizado

Compartilhar notícia

Hugo Barreto/Metrópoles
Rodrigo Maia reeleito
1 de 1 Rodrigo Maia reeleito - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O rompimento do DEM e do MDB com o grupo conhecido como “blocão”, que reunia o Centrão e outros partidos em composições na Câmara dos Deputados, fortaleceu o núcleo mais próximo ao presidente da Casa, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A chamada “Turma do Maia” é composta por deputados que se intitulam “independentes” do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e devem estar na mesma trincheira que o atual presidente da Câmara nas eleições marcadas para ocorrer em fevereiro de 2021 quando será determinada a sua sucessão.

Além do DEM e do MDB, o PSDB também juntou-se à “turma”, que reúne 92 deputados. “O grupo se formou muito em torno do presidente da Casa, Rodrigo Maia. Mesmo sem haver a intenção de formalizar um bloco, estamos conversando e já existem alternativas”, disse Samuel Moreira (PSDB-SP), ao Metrópoles.

O racha ocorreu porque a avaliação entre os partidos é que o blocão, sob liderança do deputado Arthur Lira (PP-AL), aproximou-se demais do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Os parlamentares dos três partidos estão dispostos a votar a pauta econômica proposta pelo governo, com prioridade para a reforma tributária. Entretanto, ideias como a reintrodução da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) no sistema de tributos, defendida por Paulo Guedes, são excluídas.

“Jamais aprovaríamos. Somos contrários à criação de qualquer imposto, embora sejamos o partido mais reformista da Câmara”, disse Moreira, parlamentar que foi relator da reforma da Previdência na Câmara, em 2019.

O grupo rechaça, ainda, propostas de cunho ideológico, como a ampliação na permissão de porte de armas, pautas de comportamento e o projeto de permitir que pais eduquem suas crianças em casa, o chamado homeschooling, uma das defesas mais incisivas da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que está parada na Câmara desde o início do governo Bolsonaro.

Cobrou, ouviu

Essa disposição já foi inclusive comunicada ao ministro-chefe da Secretaria-Geral do governo, general Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política com o Congresso. Nesta semana, Ramos recebeu o líder do MDB, Baleia Rossi (SP), um dos cotados para suceder Maia pelo grupo.

Já no início da conversa, Ramos teria reclamado da saída do MDB do bloco e disse que Lira não havia gostado. Segundo fontes palacianas, o ministro ouviu do líder emedebista quais as parcerias que poderia formar com o grupo e os seus limites. Entre as pautas convergentes estão as reformas econômicas. A nova CPMF foi descartada.

Eleições

Da mesma forma que é vigente o pensamento de que Arthur Lira perdeu força com a saída do bloco do MDB e do DEM, também é crescente a ideia de que o nome que sair dessa turma e conseguir transitar bem no campo da oposição tem grandes chances de ser o novo presidente da Casa, ameaçando os planos de Bolsonaro de fazer Lira um presidente aliado.

Entre tucanos, emedebista e demistas, três nomes são considerados com condições de competir à sucessão de Maia nesse campo. Um deles é o do líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que conta com maior simpatia de Maia. Sua capacidade de transitar na esquerda, no entanto, é menor que a de outros concorrentes.

Apesar de ter sido ministro do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, foi ele que encaminhou o voto “sim” do PP pela abertura do processo de impeachment contra a presidente, conduzido pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), em 2016.

A “traição” é um ponto de resistência ao seu nome, principalmente no PT, partido que conta com a maior bancada na Câmara, com 53 deputados. Também é forte na esquerda a resistência ao nome de Baleia Rossi, sobretudo pelo partido, o mesmo do ex-presidente Michel Temer.

Neste contexto, o nome de Marcelo Ramos (PL-AM) é ventilado. Ex-filiado ao PCdoB, deputado presidiu a comissão especial da reforma da Previdência e conta com a simpatia de Maia. Ele é um dos nomes com maior trânsito e interlocução com a oposição, apesar de defender as reformas econômicas.

Marcelo Ramos teve uma conversa com Carlos Sampaio (PSDB-SP), líder dos tucanos na Câmara nesta semana e o assunto foi sucessão.

0

Compartilhar notícia