Governo Lula quer mutirão para recuperar cobertura vacinal e retomar Mais Médicos
Senador Humberto Costa, que deve integrar coordenação de saúde da transição de governo Lula, também listou mais 3 prioridades para a área
atualizado
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O senador Humberto Costa (PT-PE), que deve integrar a coordenação da saúde da equipe de transição do presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse, nesta quarta-feira (9/11), que o novo governo deve emplacar uma campanha de retomada da vacinação no país, além de retomar o programa Mais Médicos.
Nesta semana, o parlamentar anunciou, nas redes sociais, que o grupo da transição da área sanitária também será composto pelo deputado Alexandre Padilha (PT-SP); o médico David Uip, ex-secretário de São Paulo; e os ex-ministros Arthur Chioro e José Gomes Temporão.
Ao conversar com jornalistas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da transição de governo, Humberto Costa ressaltou que o governo de Lula deve focar na retomada da cobertura vacinal da população.
“Campanha de publicidade; mobilização de atores importantes de credibilidade na sociedade para conscientizar as pessoas e quebrar esse movimento anti-vacina, que ganhou algum peso no período da Covid-19; e articular os estados e municípios para atribuir responsabilidades aos estados e municípios, para eles cumprirem metas”, destacou o senador.
Uma ideia pleiteada pelo parlamentar é de que municípios que consigam atingir metas de vacinação sejam “premiados”. Apesar de não ter dado mais detalhes sobre a proposta, a pauta deve ser conversada pelo grupo de transição.
Mais médicos
De acordo com Humberto Costa, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva também estuda a volta do programa Mais Médicos, que atua na fixação de profissionais em áreas carentes do país. Segundo ele, como houve um aumento significativo do número de profissionais de saúde no Brasil, não seria necessário trazer médicos estrangeiros.
“Nós queremos um projeto, um programa que tenha os princípios do Mais Médicos, para garantir que esses vazios assistenciais de médicos possam ser cobertos. Agora, o desenho que nós vamos fazer, ele ainda vai ser construído, porque hoje há um número de médicos significativo”, disse.
“Há médicos que se formaram no exterior e ainda não fizeram revalida, há médicos cubanos que ficaram no Brasil e há médicos que se formaram e não estão sendo absorvidos pelo mercado de trabalho. Então, poderia se fazer um programa parecido, mas com o predomínio de médicos brasileiros”, adiantou.
O Mais Médicos foi criado em julho de 2013 pelo governo federal, no mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, para fixar profissionais em regiões mal atendidas. O programa tinha parceria com o governo de Cuba para contratação de médicos daquele país.
Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou o programa Médicos Pelo Brasil, em substituição ao projeto petista.
Há duas principais diferenças entre as duas iniciativas: a remuneração, que, antes, era uma bolsa de R$ 11 mil e agora pode chegar a um salário de até R$ 31 mil mensais; e a formação obrigatória dos profissionais selecionados.
Recursos e desabastecimento do SUS
À imprensa o senador listou as quatro prioridades do futuro governo já no próximo ano. A primeira delas é recompor o orçamento destinado à saúde do país. Segundo ele, a área tem defasagem de R$ 22 bilhões devido às restrições do teto de gastos.
“Essa demanda [de recursos] já foi feita, está sendo analisada pela equipe de transição na economia e pelo presidente [Lula]. Nós temos uma defasagem, só por conta do teto de gastos, de, aproximadamente, R$ 22 bilhões. Afora, R$ 10 bilhões que estão bloqueados para o orçamento secreto, e que nós achamos melhor que esse orçamento venha a ser executado pelo Ministério da Saúde”, declarou.
As outras três prioridades são: reabastecer o Sistema Único de Saúde (SUS); mobilizar a retomada da campanha vacinal; e mutirão para diminuir a demanda sanitária reprimida pela pandemia da Covid-19.
“Nós temos já que entrar com um plano de aquisição de medicamentos, de insumos, de vacinas, para que esse desabastecimento [do SUS] não se aprofunde”, reforçou.