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Gleisi critica, no Senado, ação da PF que prendeu Paulo Bernardo

A senadora acusou a PF de cometer excessos com o intuito de “espetacularizar” o processo. Segundo ela, a Justiça atua de maneira seletiva e promove “carnavais midiáticos contra alguns políticos”

atualizado

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Marcos Oliveira/Agência Senado
gleisi hoffmann comissão do impeachment
1 de 1 gleisi hoffmann comissão do impeachment - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) usou a tribuna do plenário do Senado, nesta segunda-feira (27/6) para defender o seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. A parlamentar criticou novamente a operação da Polícia Federal (PF), que prendeu preventivamente Bernardo e realizou buscas no seu apartamento funcional em Brasília na última quinta-feira (23). Para Gleisi, a prisão de Bernardo foi “injusta, ilegal, sem fatos, sem provas e sem processo”, com o objetivo de humilhar a sua família.

“Nem em pesadelos eu teria sido capaz de supor que estaria aqui, nesta tribuna, pra defender meu marido de uma prisão”, declarou. “Mas aqui estou para apontar uma injustiça, sentindo na própria pele o que aflige diariamente milhares de pessoas atingidas pelo abuso do poder legal e policial. Aqui estou, serena e humilde, mas não humilhada”, continuou. Gleisi disse que a prisão foi um “despropósito”, pois Bernardo não apresentava risco de fuga e se colocou à disposição da Justiça diversas vezes para esclarecer os fatos.

A senadora acusou a PF de cometer excessos com o intuito de “espetacularizar” o processo. Segundo ela, a Justiça atua de maneira seletiva e promove “carnavais midiáticos contra alguns políticos”. “A operação montada para a busca e apreensão em nossa casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até helicópteros foram usados, força policial armada, muitos carros. Para que isso, chamar atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto de dinheiro público desnecessário, é isso. Foi uma clara tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma.”

Gleisi voltou a afirmar que o patrimônio da família foi conquistado de maneira lícita, e que o marido nunca cometeu irregularidades. Segundo ela, os imóveis que possuem “são confortáveis, mas não luxuosos”. “Conheço o Paulo há muitos anos Sei de suas virtudes e de seus defeitos. Sei especialmente o que não faria. E não faria uso de dinheiro alheio para benefício próprio. Não admitiria desvios de recursos públicos para sua satisfação ou da família. Tenho certeza de que não participou ou se beneficiou de um esquema. Ele sabe que eu nunca o perdoaria.”

Para a parlamentar, não há provas contra o marido, além da citação a ele em acordo de delação premiada, mas disse que o processo “manchou de modo injusto, definitivo e irrevogável” a trajetória do casal. Gleisi disse que a “sua luta” a partir de agora será restaurar a dignidade do marido. “Além de impiedosa e injusta, uma prisão ilegal, abusiva e desnecessária. O processo é, por si, uma condenação definitiva que vale para sempre. Uma sentença irrecorrível. A absolvição, quando vier, não terá jamais a mesma força.”

No início do seu discurso, Gleisi relembrou sua trajetória política e assumiu que o PT cometeu erros. “Lá se vão 26 anos de vida partidária. Muitas emoções, muitas conquistas e, com certeza, o ponto alto, as eleições presidenciais de 2002. Mas é claro que com as conquistas também vieram os erros, os equívocos Muitos dos quais pressionados pelos que desejam a manutenção do “status quo”, ciosos por não perderem espaço e garantias. As composições políticas, o pragmatismo cotidiano, as apostas erradas hoje cobram seu preço”, afirmou.

Em sua declaração, Gleisi fez agradecimentos à bancada do PT no Senado e ao presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ela foi assistida por senadores como Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Lindbergh Farias (PT-RJ), que também saíram em defesa da senadora na tribuna. A sessão, encerrada logo após o pronunciamento de Gleisi, foi presidida pelo vice-presidente da Casa, Jorge Vianna (PT-AC). Em seguida, Gleisi e os aliados da presidente Dilma Rousseff foram para a Comissão do Impeachment, onde acompanham as oitivas da defesa.

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