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Geddel Vieira pede demissão da Secretaria de Governo. Confira a carta

Geddel foi acusado de pressionar o ex-ministro da Cultura a liberar construção de prédio em Salvador em que ele tinha um apartamento

atualizado

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Valter Campanato/Agência Brasil
Geddel Vieira Lima
1 de 1 Geddel Vieira Lima - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Secretaria Geral de Governo, Geddel Vieira Lima, pediu demissão nesta sexta-feira (25/11). Trata-se de uma tentativa de estancar a crise política no Palácio do Planalto, por causa da acusação de tráfico de influência feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero à Polícia Federal. O baiano foi o sexto ministro a deixar o governo Temer em apenas seis meses.

Uma das principais preocupações agora é a PEC do teto do gasto público, à espera da votação dos senadores. O sucessor de Geddel terá papel fundamental na negociação da proposta e de reformas importantes no Congresso, entre elas a da Previdência, que deve ser enviada pelo Planalto ainda este ano. Por isso, Temer busca um nome que garanta uma boa interlocução com os parlamentares e vai dedicar o fim de semana a essa missão.

Geddel entregou uma carta ao presidente Michel Temer. Ele diz que, com o aumento das críticas sobre ele, sua família está sofrendo. “Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair”, afirma. O agora ex-ministro diz que vai torcer pelo governo e por um “Brasil melhor”.

Reprodução

 

Geddel foi acusado de pressionar Calero para autorizar que o Iphan da Bahia liberasse a construção de um prédio em que tinha adquirido um apartamento na área tombada de Salvador.

O ex-ministro da Cultura se recusou a atender a solicitação e se queixou ao presidente Michel Temer, que teria ficado do lado de Geddel. Calero, então, preferiu se demitir. A crise aumentou depois que Calero prestou depoimento à Polícia Federal e acusou Geddel e o próprio presidente da República de o pressionarem para que autorizasse a obra.

Imóvel
A relação de Geddel Vieira Lima com o prédio em Salvador vai além do apartamento que ele comprou no edifício. O advogado Jayme Vieira Filho, seu primo, e o estagiário Afrísio Vieira Lima Neto, seu sobrinho, foram nomeados procuradores da empresa responsável pela construção. Além disso, Fernanda Vieira Lima Paolilo, prima de Geddel, é sócia da empresa Upside Empreendimentos, que também adquiriu um dos apartamentos do imóvel.

O empreendimento de alto padrão está localizado em um bairro nobre de Salvador, com unidades vendidas a partir de R$ 2,5 milhões. O prédio de 30 andares recebeu o nome de La Vue – vista, em francês – e tem 24 apartamentos, um por andar. São 23 unidades de 259 metros quadrados, com quatro suítes e uma cobertura “top house” de 450 metros quadrados. Todas têm quatro vagas de garagem, além de vagas para visitantes.

O empreendimento prevê ainda piscina com borda infinita e vista para o mar, espaço gourmet, academia, SPA, sauna, sala de jogos, brinquedoteca, quadra e parque infantil.

Currículo polêmico
O baiano Geddel Vieira Lima tem, em sua trajetória, casos polêmicos. Em 1993, então deputado federal, ele foi citado no escândalo dos Anões do Orçamento, episódio em que parlamentares foram acusados de manipular emendas para beneficiar empreiteiras, mas acabou inocentado na CPI que investigou o caso.

Em 2002, protagonizou um bate-boca com o ex-presidente Itamar Franco, na época governador de Minas. Após ser chamado por Geddel, então líder do PMDB na Câmara, de “desleal” e “nômade partidário”, Itamar retribuiu a acusação classificando-o de “percevejo de gabinete”, “vendedor de sigla” e “anãozinho do Orçamento”.

Geddel e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), cresceram no mundo político inspirados pelo pai, o ex-deputado Afrísio Vieira Lima, morto neste ano. Sua família era aliada de Antonio Carlos Magalhães e Geddel era próximo de Luís Eduardo Magalhães, filho de ACM, que morreu em 1998, quando despontava como possível presidenciável.

Governo Lula
Rompido com o “carlismo”, Geddel foi ministro da Integração Nacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no período de 2007 a 2010. Enquanto chefiou a pasta, foi acusado de destinar a maior parte dos recursos para seu estado.

Geddel deixou a Esplanada dos Ministérios para concorrer ao governo da Bahia, mas perdeu a eleição de 2010 para o petista Jaques Wagner. Voltou para o governo federal como vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica, de onde saiu em 2013, após divulgar uma mensagem em uma rede social pedindo que a então presidente Dilma Rousseff publicasse sua exoneração do cargo.

Já no governo de Michel Temer, Geddel é visto como um dos homens fortes do Planalto. Ainda assim, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu processo para investigar se Geddel Vieira Lima pressionou o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para liberar a construção de um empreendimento em Salvador nos arredores de uma área tombada. Geddel disse ter comprado um apartamento no prédio.

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