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Empresário Carlos Wizard fica em silêncio na CPI da Covid

Bolsonarista fez uso do habeas corpus dado pelo STF. CPI convocou, entre outras pessoas, ex-diretor acusado de cobrar propina de vacina

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Carlos Wizard preferiu responder com o silêncio à maioria das questões na CPI da Covid
1 de 1 Carlos Wizard preferiu responder com o silêncio à maioria das questões na CPI da Covid - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A sessão da CPI da Covid nesta quarta-feira (30/6) foi destinada ao depoimento do empresário Carlos Wizard. Ele, porém, preferiu usar o habeas corpus obtido no Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que não responderia as perguntas dos senadores.

“Ele vai permanecer calado em relação todas as perguntas, como lhe assegura o habeas corpus. É exatamente a extensão do decidido e assim o fará”, afirmou Alberto Toron, advogado de Wizard.

O empresário chegou a fazer o discurso inicial, explicando por que não havia comparecido à primeira convocação da CPI. Depois, afirmou que não iria responder às perguntas, de acordo com o habeas corpus concedido a ele pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, o dia 16 de junho. Apesar disso, os parlamentares explicaram que fariam os questionamentos de qualquer forma.

O depoimento de Wizard vinha sob grande expectativa para ser questionado sobre a participação no “ministério paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia da Covid-19 e papel nas negociações de aquisição de vacinas.

O empresário chegou ao colegiado com uma placa da passagem bíblica Isaías 41:10. O trecho diz: “Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa”.

Veja como foi:

Wizard usou o direito da palavra antes de pronunciar que ficaria em silêncio. “A minha disposição de servir o país combate a pandemia e salvar vidas faz com que o eu seja acusado de pertencer ao suposto gabinete paralelo”, disse.

E afirmou: “Jamais tomei consciência de um governo paralelo. Se, porventura, este gabinete existiu, eu jamais tomei conhecimento ou tenho qualquer informação a este respeito. Digo mais: jamais fui convidado, abordado ou convocado para participar de qualquer gabinete paralelo. E essa é a mais pura expressão da verdade”.

Requerimentos

Antes da oitiva, o colegiado votou requerimentos de informação, quebras de sigilo e de convocações. A primeira convocação foi do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Os senadores também votaram as convocações de dois servidores do Ministério da Saúde: Regina Célia e Thiago Costa, ambos ligados a Barros e que tiveram participação na negociação da Covaxin, e dois funcionários da Precisa, Túlio Silveira e Emanuela Medrades. Assim como funcionários da Precisa.

A CPI da Covid aprovou, da mesma forma, as convocações de Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply, e de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística em Saúde da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

O empresário presta depoimento em uma fase da CPI diferente daquela na qual inicialmente deveria ter comparecido, no último dia 17 de junho. Agora, a CPI entrou na fase de investigar corrupção na aquisição de vacinas, após as denúncias de supostas irregularidades nas negociações da Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

Os senadores querem entender a relação de Wizard com a Belcher Farmacêutica, que seria a intermediária da vacina Covidencia, desenvolvida pelo laboratório chinês CanSino Biologics. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), contudo, avisou, nesta segunda-feira (28/6), que encerrou o processo de autorização temporária de uso emergencial do imunizante.

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Sigilos quebrados

Ao menos 12 empresas ligadas a Wizard tiveram sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático quebrados pela comissão. Há suspeita de envolvimento do empresário não apenas no financiamento do “ministério paralelo”, como na promoção de medicamentos sem comprovação de eficácia para a Covid-19 e também na compra de vacinas.

No ano passado, após sugerir “recontagem dos mortos”, porque estados estariam inflando os números de óbitos, o empresário declinou de participar como conselheiro do Ministério da Saúde e de assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta, na gestão Eduardo Pazuello. Wizard continuou, porém, participando extraoficialmente do governo.

A médica Nise Yamaguchi afirmou, no último dia 1° de junho, que Wizard e ela participaram da criação de um conselho consultivo independente. O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco informou, no dia 9 de junho, que se reuniu com Wizard e Luciano Hang para tratar da ideia de compra de vacinas por entes privados.

O Congresso Nacional aprovou a autorização de compra de imunizantes por empresas, sob a condição de doarem ao Sistema Único de Saúde (SUS). Wizard e Hang articularam para tentar evitar a cláusula.

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