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Em um ano, Ministério da Saúde reduziu em 48% distribuição de testes de Covid

De 1,3 milhão de testes, volume caiu para 709 mil, na comparação entre agosto de 2020 e o mesmo período deste ano. Setembro mantém tendência

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
testagem teste de CoViD 19 voltada a assintomáticos
1 de 1 testagem teste de CoViD 19 voltada a assintomáticos - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Mesmo com a segunda onda da doença, o Ministério da Saúde reduziu a distribuição de testes para Covid-19 em 2021. Agosto e setembro deste ano registram as menores entregas às secretarias de Saúde desde outubro de 2020.

A comparação entre agosto de 2020 e agosto deste ano revela uma queda de 48%. O volume passou de 1.387.500 testes para 709.516.

Em setembro, a tendência de redução em relação a outros meses continua, mas com um leve incremento. Neste mês, foram 756.224. No mesmo período do ano passado, 1.054.160.

Os dados fazem parte de uma análise do Metrópoles com base em dados divulgados pela plataforma LocalizaSUS, canal de transparência do Ministério da Saúde.

A comunidade médico-científica é categórica: a testagem da população é uma das principais medidas para controlar as infecções por coronavírus.

O volume de testes entregues em agosto e em setembro deste ano é o menor desde outubro de 2020, quando o governo distribuiu aos estados 584.584 unidades.

Desde o início da pandemia,  o governo federal repassou aos governos estaduais 39,7 milhões de testes. Ao todo, o montante custou aos cofres públicos R$ 1,4 bilhão.

Os meses com maior entrega foram maio de 2020 (6,6 milhões de testes), abril de 2020 (3,9 milhões), junho de 2021 (3,2 milhões) e fevereiro de 2021 (2,9 milhões).

São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul, Maranhão, Santa Catarina, Sergipe e Distrito Federal foram as unidades da Federação que mais receberam o insumo.

Em maio, o governo federal anunciou que lançaria um programa de distribuição de testes rápidos de Covid-19 para estados e municípios. No entanto, isso só ocorreu 4 meses depois, em 17 de setembro.

O Plano Nacional de Expansão da Testagem teve início neste mês com ações simultâneas em seis cidades: Porto Velho (RO), Macapá (AP), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), Foz do Iguaçu (PR) e Natal (RN).

O governo federal adquiriu 60 milhões de testes rápidos de antígenos junto à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A ideia é que os exames sejam entregues aos estados brasileiros até o fim de 2021. Do total de testes comprados, cerca de 5 milhões foram distribuídos durante a semana passada.

Queiroga ressaltou a importância da testagem e afirmou que a estratégia do Ministério da Saúde é baseada em três pilares.

“Nós fazemos testes para pacientes sintomáticos na atenção primária, testes rápidos de antígeno para pacientes assintomáticos, e temos a nossa campanha de prevalência, a PrevCov, que tem o objetivo de testar mais de 200 mil brasileiros”, disse o cardiologista durante o lançamento no plano.

“Marginalização da testagem”

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirma que, mesmo com o avanço da vacinação, é fundamental que se tenha uma ampliação da testagem, não queda.

“A testagem é um instrumento importante para a quebra da cadeia de transmissão em pessoas sem e com sintomas, pois, se o teste der positivo, o indivíduo é orientado a fazer o isolamento”, frisa.

Para o presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaez, a testagem deve prevalecer sempre como ferramenta importante para o controle de pandemia.

“O Brasil sempre marginalizou a testagem, confirmando a postura de fazer muito pouco para barrar a transmissão. A vacinação não é argumento para diminuir o fornecimento de testes e sempre levanta o receio de que parte da queda de casos e óbitos se deva à menor testagem”, defende.

O infectologista Dalcy Albuquerque, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), explica que vacinação é para prevenir a doença. Já a testagem serve como subsídio para o tratamento dos acometidos pelo mal, para a identificação das variantes circulantes e para evitar que a transmissão avance sem controle.

“Se a testagem cair, vamos começar a subnotificar. O Brasil sempre testou muito pouco. Nunca fomos campeões em testagem”, critica.

Versão oficial

O Metrópoles questionou o Ministério da Saúde a motivação da queda na distribuição de testes e como isso impacta no controle da pandemia. A pasta não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

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