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Em nova fase deflagrada nesta quarta (27/1), Lava Jato mira alvos em SP, no ABC paulista e em SC

Cerca de 80 policiais federais cumprem 15 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e dois mandados de condução coercitiva

atualizado

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Polícia Federal PF
1 de 1 Polícia Federal PF - Foto: Divulgação

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (27/1) a 22ª fase da Operação Lava Jato, denominada Triplo X. Cerca de 80 policiais federais cumprem 15 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e dois mandados de condução coercitiva nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e Joaçaba (SC).

De acordo com a PF, este desdobramento da Lava Jato apura “a existência de estrutura destinada a proporcionar a investigados na operação policial a abertura de empresas offshores e contas no exterior para ocultar ou dissimular o produto dos crimes de corrupção, notadamente recursos oriundos de delitos praticados no âmbito da Petrobras”.

A PF informou que a investigação apura a ocultação de patrimônio por meio de um empreendimento imobiliário, “havendo fundadas suspeitas de que uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato teria se utilizado do negócio para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras”.

Nesta fase são apurados os crimes de corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os presos nesta operação serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, base da Lava Jato.

Offshores
A offshore Mossack Fonseca pode abrir novas frentes de investigação na Lava Jato. Segundo o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, a empresa “participava de um grande esquema de lavagem de dinheiro”.

“Fica evidenciado que a Mossack Fonseca era uma grande lavadora, participava de um grande esquema de lavagem. Oferecia seu serviço a esquemas dos mais diversos. Nós temos indicações de que a participação dela em outro esquema em andamento no qual não é nossa responsabilidade”, declarou o procurador.

Na decisão em que manda fazer buscas nos endereços da Mossack, o juiz federal Sérgio Moro destacou. “No curso das investigações, foi constatado que diversos agentes envolvidos no esquema criminoso que vitimou a Petrobras teriam utilizado os serviços da empresa Mossack Fonseca & Corporate Services para abertura de empresas offshores, posteriormente utilizadas para ocultar e dissimular o produto do crime de corrupção.”

A Mossack Fonseca & Corporate Services é sediada no Panamá e tem representação no Brasil, com sede na Avenida Paulista, no centro de São Paulo. Consta como sócio da Mossack Ricardo Honorio Neto, mas quem administra a empresa, segundo a Polícia Federal, é Maria Mercedes Riano Quijano, conforme se apurou na interceptação telefônica autorizada judicialmente.

A PF investiga ainda um advogado panamenho (Edison Ernesto Teano Rivera) e dois venezuelanos (Fernando Hernandez Rivero e Andres Cuesta Hernandez).

Segundo o delegado Igor Romário de Paula, da força-tarefa da Lava Jato, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o lobista Mário Goes e o ex-gerente executivo da estatal Pedro Barusco tiveram offshores abertas pela Mossack Fonseca. O delegado afirmou que “provavelmente vai se descobrir muita coisa”.

“A Mossack é bem mais ampla do que o caso Lava Jato. Ela tem demanda, porque a demanda de dinheiro sujo no Brasil é farta e precisa ser lavado. Não só ela já apresentou indícios de aparecer em outras investigações que foram deflagradas como muito provavelmente vai se descobrir muita coisa, porque a gente não pode descartar o encontro fortuito de provas para outras investigações”, disse o delegado.

Durante a entrevista coletiva, o delegado e o procurador se referiram a Renato Duque como “colaborador”, ao lado de Pedro Barusco. Indagado em seguida, Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou. “Ato falho.”

Triplex no Guarujá
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, Neuci Warken, que consta como proprietária do tríplex 163 B no Condomínio Solaris, da OAS, no Guarujá, cidade do litoral de São Paulo. O apartamento que seria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o tríplex 164 A, na torre vizinha.

O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, declarou que “todos os apartamentos” do Condomínio Solaris são alvos da investigação sobre esquema de offshores criadas para remessas ao exterior de propinas relacionadas às fraudes na Petrobras.

Entre os imóveis investigados, disse o procurador, estão alguns que podem estar relacionados a familiares do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, como sua mulher, Giselda, e a cunhada, Marice.

Vaccari é réu por corrupção, lavagem de dinheiro e estelionato em ação penal por suposto desvio de R$ 70 milhões da Bancoop, na 5.ª Vara Criminal de São Paulo. Vaccari nega ilícitos durante sua gestão na presidência da Cooperativa, entidade criada nos anos 1990 por um núcleo do PT.

“A investigação tem um pé na busca de patrimônio (oculto). Entendemos que todos os apartamentos devam ser investigados. Não estamos focando somente no apartamento da Neuci (Warken) ou eventualmente alguns envolvendo familiares de Vaccari.

A informação foi confirmada pelo delegado Igor Romário, da Polícia Federal. “Todo o empreendimento está sob investigação”, afirmou

Coletiva
Durante entrevista coletiva na sede da Polícia Federal, o procurador respondeu a uma pergunta se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja família teria poder de compra de um tríplex no condomínio no litoral paulista, seria também alvo da investigação.

“Investigamos fatos. Se houver apartamento lá que esteja em seu (de Lula) nome ou negociado com alguém da sua família, como todos os outros (será investigado). Temos indicativos do uso desses apartamentos para lavagem de dinheiro”, afirmou.

Carlos Lima anotou que “nesse momento” a apuração aponta para imóveis que seriam de propriedade de familiares de Vaccari.

O empreendimento originariamente era da Bancoop (Cooperativa dos Bancários de São Paulo) e foi assumido pela OAS. Temos indicativos que todos os apartamentos, ou boa parte deles, podem ter sido usados para lavagem de dinheiro oriundo de contratos com estatais. Estamos analisando e aprofundando a investigação

Carlos Fernando dos Santos Lima

O procurador respondeu a uma outra indagação sobre Lula ter declarado à Justiça eleitoral na campanha de 2006, quando reelegeu-se presidente, que sua família possuía um imóvel no condomínio do Guarujá, no valor de R$ 47 mil. “Existe até notícia de jornal que a família do ex-presidente estaria desistindo de exercer o poder de comprar esse imóvel. Estamos analisando essa questão mais a fundo. Temos indícios de que um tríplex lá (no Solaris) vale R$ 1 milhão ou R$ 1,5 milhão, valor bastante significativo”, disse Carlos Lima.

De acordo com o Instituto Lula, o ex-presidente e sua mulher, Marisa, “jamais ocultaram que esta possui cota de um empreendimento em Guarujá, adquirida da extinta Bancoop e que foi declarada à Receita Federal”.

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