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Em 6 meses, ministros torraram quase R$ 500 mil em viagens ao exterior

Cruzamento de dados do Metrópoles, porém, mostra divergências na contabilização de gastos de ao menos oito pastas, e valor pode ser maior

atualizado

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1 de 1 abre-1 - Foto: Gui Prímola/Metrópoles

Tel AvivJohannesburg, Zurique, Paris, Cannes, Barcelona, Antártica, Lisboa, Dubai, Genebra, Nova York, Los Angeles, Roma e Budapeste. Esses são alguns dos destinos que os ministros do presidente Jair Bolsonaro (PSL) visitaram este ano. Ao todo, os chefes das pastas da Esplanda gastaram R$ 468,8 mil exclusivamente em viagens internacionais. O valor, contudo, pode ser imensamente maior. Cruzamento de dados mostra discrepâncias significativas em ao menos oito pastas. 

Alguns deslocamentos ultrapassaram a marca dos R$ 30 mil. Os números fazem parte de um levantamento do Metrópoles com dados do Portal da Transparência — canal oficial do governo federal para divulgação de gastos.

Entre 1º de janeiro deste ano e o último dia 23 de junho, os ministros embarcaram com seus passaportes para as mais variadas missões internacionais em prol, em tese, da construção de políticas públicas paras as mais diversas áreas.

No período, por exemplo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, esteve em El Salvador para a posse do presidente Nayib Bukele. Os dois chefes de pasta que mais gastaram em viagens internacionais, segundo os dados divulgados pelo Portal da Transparência, são Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, com R$ 72.229,74, e Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, Minas e Energia, com R$ 49.985,52.

Algumas das ausências foram para acompanhar Bolsonaro na comitiva presidencial, como ocorreu com Paulo Guedes, ministro da Economia. Ele esteve em Dallas, Washington e Davos com o comandante do Palácio do Planalto. No caso dele, a contabilidade é diferente, por viajar em jatos da Força Aérea Brasileira (FAB), por exemplo. Por isso, no Portal da Transparência aparece o pequeno valor de R$ 2.562,47. 

 

Moisés Amaral/Metrópoles

Completam a lista Ernesto Araújo, das Relações Exteriores; Sergio Moro, da Justiça e da Segurança Pública; e Roberto Campos Neto, do Banco Central.

Sem registro de viagens internacionais no Portal da Transparência estão os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Internacional), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Abraham Weintraub (Educação), Gustavo Bebianno (ex-secretário-geral da Presidência) e Jorge Oliveira (recém-nomeado secretário-geral da Presidência).

Dados conflitantes
Os gastos podem ser ainda maiores, já que o Portal da Transparência apresenta uma discrepância na compilação de dados. O Metrópoles questionou o governo federal para saber dos gastos. Ao todo, 13 ministérios responderam. O cruzamento das informações mostra diferenças em oito pastas.

Dois casos chamaram a atenção: Educação e Desenvolvimento Regional.  Apesar de gastos de R$ 34.895,24 e R$ 12.689,90, respectivamente, registrados no Portal da Transparência, as pastas alegam que as viagens não foram feitas e que já foi pedido o reembolso dos valores.

Em nota, o Ministério da Educação (MEC) informou que o ex-chefe da pasta Ricardo Vélez Rodríguez não embarcou. “Desde 1º de janeiro de 2019, nenhum ministro da Educação realizou viagem internacional em exercício do cargo”, explica o MEC, em nota. Na mesma tendência, o Desenvolvimento Regional respondeu. “O ministro Gustavo Canuto não cumpriu agendas oficiais no exterior desde que assumiu”, destaca o texto.

O Ministério da Saúde contabiliza mais viagens que o registrado no canal oficial. Segundo a pasta, Luiz Henrique Mandetta, gastou R$ 48.192,37 em cinco agendas internacionais — cerca de R$ 29 mil a mais que o registrado no portal.

“Como integrante do governo federal, tem representação social e política e possui entre as suas atribuições promover a integração e a construção de parcerias, o que envolvem entes federativos, inciativa privada, a sociedade e representações estrangeiras e organismos internacionais”, destaca a pasta, em nota.

Na mesma situação de Mandetta, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, realizou mais viagens que o notificado no portal. Ao todo, segundo a pasta, foram três deslocamentos internacionais: Puerto Iguazu (Argentina), Madri (Espanha) e Paris (França) — apenas a última registrada no canal de gastos. A pasta não divulgou os valores dispendidos com todos os embarques.

A viagem a Cannes que aparece relacionada no portal, com um custo de R$ 8.239,49, no entanto, não foi realizada por Álvaro Antônio, segundo a assessoria de imprensa. Nesse caso, a assessoria explicou que, se a passagem tiver sido comprada, o ministério arca com eventuais taxas ou multas de cancelamento, mas tem parte do valor ressarcido ou como forma de crédito para ser usado em outro bilhete.

A ministra da Mulher Família e Direitos Humanos, Damares Alves, teria realizado seis viagens internacionais, mas somente duas foram registradas. Além de Nova York e Genebra, ela esteve, de acordo com sua assessoria, em Buenos Aires, Boston e Lisboa. Os valores atualizados não foram detalhados.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, além dos registros de Washington e Nova York, viajou aJapão, China, Indonésia, Vietnã e Chile. Em nota, a pasta justificou que “as viagens foram todas importantes para as políticas públicas e a conquista de novos mercados para os produtos agropecuários brasileiros”.

No caso de Osmar Terra, chefe do Ministério da Cidadania, a viagem para Buenos Aires não foi contabilizada no Portal da Transparência. A passagem por Toronto e Boston não foi identificada pela pasta. Apenas a estadia nos Estados Unidos consta nos dois canais.

Apesar de o chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Wagner Rosario, ter somente o registro de uma passagem pela Antártida, sua assessoria informou que ele esteve em Santiago, Madri, Salamanca, Cidade do México, Londres e Washington.

Moisés Amaral/Metrópoles

“Parte das atribuições institucionais”
O Ministro das Relações Exteriores informou, em nota, que a pasta é a principal auxiliar de Bolsonaro na direção da política exterior do Brasil. “As viagens fazem parte das atribuições institucionais inerentes ao cargo e são amplamente divulgadas no site e nas mídias sociais do ministério”, explica o documento.

O Banco Central adotou o mesmo tom. “O presidente do banco participa também de diversos eventos nos quais transmite ao mercado financeiro, empresariado internacional e comunidade acadêmica o cenário político-econômico do Brasil, contribuindo para a produção acadêmica, atração de investimentos e retomada do crescimento da economia brasileira”, finaliza o texto.

Em notas semelhantes, os ministérios de Minas e Energia,da Economia, da Defesa e da Justiça e Segurança Pública informaram que as viagens são amplamente divulgadas e que são importantes para o país.

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