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Deltan teria mudado contratos de palestras e “esquecido” de caridade

Mensagens vazadas publicadas nesta sexta-feira (23/08/2019) mostram que filantropia do procurador foi ficando de lado

atualizado

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Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
Assinaturas anticorrupção no MPDFT – Brasília(DF), 03/06/2016
1 de 1 Assinaturas anticorrupção no MPDFT – Brasília(DF), 03/06/2016 - Foto: Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O procurador da República Deltan Dallagnol teria arrecadado ao menos R$ 580 mil, a partir de 2017, com a atividade de palestras remuneradas. Aos poucos, portanto, a filantropia do coordenador foi ficando de lado e ele começou a focar no meio empresarial. A reportagem do jornal Folha de S. Paulo tem base em mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil, que fazem parte do arquivo da Vaza Jato.

Mensagens, planilhas, recibos e contratos que circularam no aplicativo Telegram de Deltan indicariam um contraste entre os argumentos da defesa apresentada por ele à Corregedoria do Ministério Público em junho de 2017, fato que levou ao arquivamento de uma reclamação disciplinar. O coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba (PR) sempre se recusou a divulgar a relação de empresas que pagaram pelas palestras.

A partir das mensagens, a reportagem não encontrou menções ou registros de altos valores de contribuições para caridade por parte de Deltan desde 2017. Ou seja, o padrão de contrato de 2016, que previa a cobrança de valores pelas palestras com destinação direta para a conta-corrente de um hospital, não mais existia no ano seguinte, quando os contratos passaram a prever depósitos na conta-corrente do procurador.

Em nota, Deltan diz que, na soma de 2016 a 2018, destinou a maior parte dos valores para atividade beneficente ou ações anticorrupção. Contudo, não comenta as mudanças que ocorreram especificamente após 2017. Deltan diz que, desde 2016, a atividade de palestras “tem resultado em um benefício econômico direto para a sociedade de R$ 734.774,14”.

As mensagens no Telegram mostrariam que o procurador receava que a divulgação dos dados das palestras pudesse levar à descoberta de situações embaraçosas. “Tenho pensado se devo soltar os nomes dos tomadores, mas o pessoal da FT [força-tarefa] acha que não porque vão fuçar para dizer que um diretor da entidade tem isso ou aquilo, que o médico vinculado àquela Unimed, está processado por sonegação ou isso ou aquilo…”, teria dito à assessora.

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