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Deltan: projeto de abuso permite “investigado acusar investigador”

Coordenador da força-tarefa da Lava Jato aponta “pegadinhas” no texto do PLC 27/2017 e pede “apoio de senadores e brasileiros”

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Assinaturas anticorrupção no MPDFT – Brasília(DF), 03/06/2016
1 de 1 Assinaturas anticorrupção no MPDFT – Brasília(DF), 03/06/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, denunciou “pegadinhas” no projeto de abuso de autoridade que, segundo ele, “colocam em risco o combate à corrupção”.

Nesta quarta-feira (26/06/2019), a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou o projeto de lei da Câmara (PLC 27/2017) que prevê medidas contra a impunidade e a corrupção.

O projeto tem origem no famoso “10 medidas contra a corrupção”, que a força-tarefa da Lava Jato levou ao Congresso, em 2017, mas acabou desfigurado por parlamentares. O projeto será submetido agora ao crivo do Plenário do Senado.

O que incomoda Deltan é o texto que prevê sanções a magistrados e a promotores e procuradores por abuso de autoridade.

Ele postou em conta no Twitter: “IMPORTANTE: hoje o Senado vota projeto de abuso de autoridade com pegadinhas que colocam em risco o combate à corrupção. A luta contra a corrupção precisa do apoio dos senadores e dos brasileiros.”

Deltan também fez um vídeo em que aponta preocupações suas, de sua classe e dos magistrados. Na avaliação do procurador, se aprovado, o projeto “pode significar um obstáculo na luta contra a corrupção”.

Ele esclareceu aos seguidores. “Olá pessoal. Esse projeto é fruto daquelas 10 medidas contra a corrupção, mas em vez de avançar na luta contra a corrupção, depois de ter sido muito deturpado, se for aprovado vai significar um grande retrocesso.”

O que o angustia mais: “A possibilidade de o investigado investigar e acusar o próprio investigador”. “Por isso somos contra esse projeto”, prega. “Somos, sim, a favor de punição adequada do crime de abuso de autoridade, consistente, como aquela prevista no projeto de lei apresentado em 2017 no Senado, que não tem pegadinhas e que avança nesse sentido.”

Deltan reiterou os objetivos da força-tarefa da Lava Jato. “Nós, da Lava Jato, queremos continuar prestando um bom serviço à sociedade brasileira.”

Ele destacou o feito anunciado nessa terça-feira (25/06/2019), em que o primeiro acordo global no âmbito da Lava Jato — envolvendo o Ministério Público Federal, a Advocacia-Geral da União, a Controladoria-Geral da União e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos — resultou na recuperação de R$ 819 milhões para a Petrobras.

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