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Bolsonaro: “Governo não tem corrupção endêmica, mas casos isolados”

Declaração ocorre dias após ex-ministro ser alvo de operação da PF por suposto esquema de liberação de verbas do Ministério da Educação

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Presidente Jair Bolsonaro durante Solenidade alusiva à Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica e ao MECPlace no palacio planalto em brasília
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro durante Solenidade alusiva à Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica e ao MECPlace no palacio planalto em brasília - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta quarta-feira (29/6), que não há “corrupção endêmica” em seu governo, apenas “casos isolados”.

Durante discurso no “Diálogo da Indústria”, evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o chefe do Executivo federal disse que sua gestão está “muito bem” nesse quesito.

“Não temos nenhuma corrupção endêmica no governo. Tem casos isolados, que pipocam, e a gente busca solução para isso”, afirmou.

A declaração do presidente ocorre dias após o ex-ministro Milton Ribeiro ser alvo de operação por suposta participação em esquema de liberação de verbas do Ministério da Educação, mediante propina a pastores evangélicos.

Na semana passada, foi divulgada uma conversa entre o ex-ministro da Educação e sua filha. Na gravação, Ribeiro diz ter recebido ligação de Bolsonaro alertando sobre a possibilidade de busca e apreensão em sua casa.

A ligação ocorreu em 9 de junho, antes de Ribeiro ter sido alvo da operação da corporação, em 22 de junho. Após a divulgação do áudio, o Ministério Público Federal (MPF) pediu que a Justiça envie a investigação para o Supremo Tribunal Federal (STF).

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Prisão de ex-ministro

Ribeiro foi preso na manhã de 22 de junho, em Santos (SP), no âmbito de uma operação da Polícia Federal que investiga suposto esquema de liberação de verbas do Ministério da Educação, mediante propina a pastores evangélicos. Nesta quinta, o ex-ministro foi solto por determinação do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que derrubou a prisão preventiva.

O suposto esquema, no qual o Ministério da Educação teria favorecido indicações de pastores em agendas e direcionamento de recursos, foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A reportagem também apontou a existência de um “gabinete paralelo” de pastores. O suposto grupo exerceria controle sobre verbas e agenda do Ministério da Educação. Para isso, cobrariam propinas de gestores municipais interessados em obter obras do MEC.

Dias depois, o jornal Folha de S.Paulo revelou um áudio em que Ribeiro diz ter atendido a pedidos do presidente Jair Bolsonaro para favorecer pastores com verbas da pasta.

O “gabinete paralelo” do MEC seria formado por pastores sem cargo no governo. São eles: Gilmar Santos e Arilton Moura. Ambos são integrantes da Assembleia de Deus. Gilmar também preside a Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil Cristo Para Todos (Conimadb).

A atuação incluiria pedidos de propina a prefeitos para facilitar acesso a recursos da pasta. Para agilizar o direcionamento de fundo orçamentário proveniente do ministério, o pastor Arilton Moura teria solicitado, por exemplo, R$ 15 mil e 1 kg de ouro ao prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB).

Na ocasião, Arilton teria mencionado deliberadamente a destinação de recursos, na presença de outros prefeitos. O pastor também teria repassado o número da conta bancária para que os líderes municipais efetuassem as transferências.

Operação da PF

A ordem de prisão, realizada pela Polícia Federal, foi determinada pelo juiz federal Renato Borelli. No mandado de prisão, o magistrado elenca ao menos quatro crimes que teriam sido cometidos por Ribeiro: corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. Eles são ligados ao presidente Bolsonaro e apontados como lobistas que atuavam no MEC, quando a pasta era comandada por Ribeiro.

Os pastores negociavam com prefeitos a liberação de recursos federais – mesmo sem ter cargo no governo.

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