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Barros marcou reunião com empresa no Ministério da Saúde, diz sócio

Em depoimento à CPI da Covid-19, líder do governo na Câmara disse que encontro era para discutir antiviral comercializado pela empresa

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Emanuel Catori 4
1 de 1 Emanuel Catori 4 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O empresário Emanuel Catori, representante da Belcher Farmacêutica, confirmou, em depoimento à CPI da Covid-19 nesta terça-feira (24/8), que a empresa foi levada ao Ministério da Saúde pelo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

De acordo com o sócio da companhia, coube a Barros marcar uma reunião no gabinete do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. À comissão, o deputado defendeu que se tratava de audiência para apresentação de medicamento antiviral para uso em pacientes hospitalizados da Covid-19.

“Não participei de nenhuma reunião para tratar disso, até porque não fui solicitado e porque, eventualmente, não havia ainda a necessidade de ajudar a tramitação, até porque, que eu saiba, houve o pedido do ministério para a compra das doses, o que foi interrompido justamente pelo descredenciamento do laboratório”, disse o líder do governo em depoimento, ocorrido em 12 de agosto.

A Belcher, no entanto, também tentou junto ao ministério vender doses da vacina chinesa Convidencia, produzida pelo laboratório CanSino. Na avaliação do relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), Barros agiu como “facilitador político” para destravar as negociações entre a farmacêutica e o governo federal.

Aos senadores, Catori defendeu que “a Belcher não firmou contratou algum com o Ministério da Saúde”. “Nem mesmo trocou minuta contratual de qualquer natureza. De fato, os órgãos apenas emitiram uma carta de intenção não vinculativa e com condicionantes, a exemplo da autorização regulatória junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, explicou.

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Segundo o depoente, apesar de Queiroga ter informado ao colegiado a possibilidade da compra da vacina em depoimento à comissão, o negócio nunca andou. “Após a emissão da carta de intenção, sequer houve a primeira rodada comercial entre as partes. Não houve nenhuma interface perante ao órgão ministerial”, disse.

Catori informou que a representação formal firmada pela Belcher junto à CanSino iniciou-se em 19 de abril deste ano. O laboratório, contudo, decidiu, unilateralmente, revogar as credenciais da empresa brasileira em 10 de junho. Na ocasião, os chineses alegaram “razões de compliance”, segundo o depoente.

 

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