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Ato no Congresso cobra inclusão do autismo no próximo censo do IBGE

Movimento afirma que os dados oficiais são fundamentais para orientar políticas públicas. “Estamos gritando por socorro”, desabafa uma mãe

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Manifestação autismo
1 de 1 Manifestação autismo - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Uma manifestação organizada pelo Movimento Orgulho Autista no Brasil (Moab) cobra, no Congresso Nacional, a inclusão dos autistas no censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020. O objetivo é que os dados oficiais sejam usados para orientar investimentos em políticas públicas e facilitar o diagnóstico da deficiência.

O ato teve início por volta das 9h30 da manhã desta terça-feira (02/07/2019). Enquanto uma parte do grupo se concentrava no Salão Verde da Câmara dos Deputados, outro negociava em uma reunião de portas fechadas na sala da liderança do governo no Senado Federal.

Um projeto de lei complementar (PLC 139/2018) de autoria da deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) tenta incluir os autistas nos censos, mas foi retirado da pauta do Senado no dia 26 de junho a pedido do senador Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo na Casa.

Nos bastidores, corre a informação de que o pedido partiu do Ministério da Economia. A pasta, no entanto, informou que não vai se pronunciar sobre o assunto. 

Grande parte dos manifestantes são pais e familiares que buscam melhores condições de vida para autistas com os quais convivem. A dona de casa Sioneide Araújo Rodrigues, de 46 anos, pegou uma van em Palmas (TO) para participar do ato. Levou com ela o filho Samuel Menezes, de 22 anos, a quem dedica cuidados especiais por todo esse tempo em decorrência de um autismo severo. 

“Nós estamos gritando por socorro. Se não há o censo para dizer que ele [Samuel] existe, como o político vai se responsabilizar e nos socorrer? Nós somos esquecidos. São 22 anos de luta”, declarou a mãe. 

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Sioneide e Samuel, em manifestação no Congresso Nacional

Membro do Moab, Vinícius Mariano esteve com parlamentares no Congresso durante a manifestação. O militante explica que as perguntas no censo deveriam ser garantidas por lei, independentemente do PLC que está sendo discutido, já que desde 2012 o autismo é considerado uma deficiência. Por isso, o movimento espera reverter a situação até o próximo ano. 

“Na prática, não sabemos quantos autistas vivem no Brasil. Continuaremos não sabendo por 10 anos. Mais 10 anos de escuridão. Isso não podemos aceitar”, afirmou.

O tema gera divergências dentro do governo, segundo informou um auxiliar do Palácio do Planalto ao Movimento Orgulho Autista no Brasil. “Parte está a favor e parte contra. O consenso é de que deputados e senadores não abrirão mão de incluir o autismo no censo. Contudo, a questão ainda precisa ser votada”, relatou Vinícius.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), vice-líder do governo, esteve na reunião com representantes do movimento na liderança do governo nesta terça. De acordo com o parlamentar, um requerimento de urgência para que a matéria volte ao plenário do Senado pode ser votado ainda hoje, e a pauta deve ser votada na próxima semana. 

“Ele deverá passar sem nenhuma dificuldade, mas pode ser vetado [pelo presidente Jair Bolsonaro]. O IBGE alega que é impossível incluir no próximo censo”, explicou o vice-líder.

O IBGE foi procurado, mas não se posicionou até a última atualização desta matéria.

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