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Após renúncias, Brasil passa a ter 3 estados governados por mulheres

Mesmo assim, especialistas avaliam que a representação feminina na política brasileira segue baixa

atualizado

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Divulgação/Governo do Piauí
Regina Sousa - Wellington Dias
1 de 1 Regina Sousa - Wellington Dias - Foto: Divulgação/Governo do Piauí

Com as renúncias de governadores para disputar novos cargos nas eleições de outubro, a representação feminina no comando de governos estaduais aumentou de uma para três em relação ao pleito de 2018.

Até então, Fátima Bezerra (PT-RN) era a única mulher a comandar um estado. Agora, Regina Souza (PT) e Izolda Cela (PDT) assumiram os governos do Piauí e do Ceará, respectivamente.

Eleitas vice, elas ascenderam aos postos com as saídas de Wellington Dias (PT) e Camilo Santana (PT). Os dois devem disputar uma cadeira no Senado Federal por seus estados.

No início deste mês de abril, diversos políticos deixaram cargos em governos estaduais e federal de olho nas eleições de outubro. Fátima vai concorrer à reeleição e Regina, não. Já Izolda vive um impasse em relação à eleição na capital cearense. Ela disputa com outros três postulantes a pré-candidatura ao governo por seu partido.

Diferentemente do Rio Grande do Norte, que é o estado que mais teve mulheres no governo – quatro, ao todo –, Ceará e Piauí nunca tiveram uma representante feminina no governo. Portanto, Izolda e Regina são as primeiras mulheres governadoras destas unidades da Federação.

A atual governadora do Piauí destacou a importância de mulheres ocuparem os espaços públicos e os cargos de liderança para servir de exemplo e incentivo à participação feminina na política.

“Essa conquista também é resultado de uma luta por espaço público, pois o espaço foi pensado só para os homens. Então, é muito difícil você abrir portas para entrar. Você tem que ter coragem de forçar uma porta para mostrar que também pode fazer as coisas. O mais importante desse ato, dessa ocupação, desse cargo, de ser governadora do estado é que a gente garante que é possível as mulheres avançarem mais. Está muito pouca representação ainda. Então, ainda temos muito o que percorrer”, afirmou Regina Sousa.

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Aliás, dos 26 estados e o Distrito Federal, apenas oito elegeram mulheres para comandar as Administrações estaduais em toda a história do Brasil – Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Roraima, além do Rio Grande do Norte.

O Brasil ocupa a 142a posição do ranking internacional de participação de mulheres na política, entre os 192 países pesquisados pela União Interparlamentar. O país está atrás de todas as nações da América Latina, com exceção do Paraguai e do Haiti. No Brasil, a Câmara dos Deputados possui apenas 15% de mulheres e o Senado Federal, 12%. Em âmbito municipal, 900 municípios não tiveram sequer uma vereadora eleita nas eleições de 2020.

Necessidade de políticas afirmativas

A consultora Bárbara Furiati, da Baselab, destaca que a representatividade feminina nos governos estaduais é muito importante, mas pondera que isso só ocorreu porque governadores homens renunciaram para disputar outros cargos. “É fundamental [a representatividade feminina], mas é uma pena que só tenham três mulheres, sendo duas por renúncia do cabeça de chapa”, frisa.

“Inúmeras pesquisas mostram que atividade política quando tem mulheres no comando dos estados e no Legislativo é diferente e a política tende a refletir essas mudanças”, pontua a cientista, destacando a necessidade de promoção das políticas afirmativas.

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