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Após demitir Alvim, Bolsonaro repudia nazismo: “Discurso infeliz”

Ex-secretário centralizou uma severa crise após usar trechos de discurso do ministro da Propaganda do governo de Adolf Hitler

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Bolsonaro no Alvorada
1 de 1 Bolsonaro no Alvorada - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comunicou a demissão do secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, no início da tarde desta sexta-feira (17/01/2020). Alvim centralizou uma severa crise após usar trechos de discurso do ministro da Propaganda do governo de Adolf Hitler, Joseph Goebbels.

“Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência”, destaca nota oficial do presidente.

Bolsonaro repudiou a fala e reafirmou o compromisso com a comunidade judaica. “Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum”, finaliza o texto.

Entenda o caso
Alvim usou trechos do discurso de Goebbels feito em maio de 1933. “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”, disse.

O secretário afirmou ainda que “ao país a que servimos só interessa uma arte que cria a sua própria qualidade a partir da nacionalidade plena”. “Queremos um cultura dinâmica e, ao mesmo tempo, enraizada na nobreza dos nossos mitos fundantes. Pátria, família, a coragem do povo e a sua profunda ligação com Deus amparam nossas ações na criação de políticas públicas”, emendou.

Perfil
Roberto Alvim é nome de confiança do presidente Bolsonaro. Antes de assumir o cargo de secretário especial da Cultura, o dramaturgo já havia trabalhado no governo à frente do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Funarte.

Ele é seguidor do escritor Olavo de Carvalho e defende o engajamento de artistas conservadores em pautas do governo. A aproximação com Bolsonaro se deu durante a campanha eleitoral de 2018.

Polêmica
Após a fala, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu o afastamento imediato de Alvim. Nas redes sociais, o parlamentar classificou como inaceitável a declaração do ministro, que teria sido copiada das declarações de Goebbels. “O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgentemente do cargo”, opinou.

Deputados do PSol e do PT cobraram punição severa ao ex-secretário. “Na Alemanha, Roberto Alvim estaria preso. Aqui, é secretário da cultura de [Jair] Bolsonaro. Usar retórica nazista e discurso de Goebbels pode parecer patético, mas na verdade é perigoso e violento. Não normalizemos os absurdos dessa escória que hoje governa o Brasil”, criticou o PSol no texto.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), cobrou providências do Congresso para punir a fala. “Um vídeo nazista não é apenas ridículo. É perigoso e ilegal. Desrespeita os judeus no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Deve ser objeto de repúdio e de providências no Congresso Nacional e no Poder Judiciário”, postou nas redes sociais.

Repercussão diplomática
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) disse que considera “inaceitável” o uso de discurso nazista pelo ex-secretário da Cultura .

“Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida”, inicia a nota de repúdio.

A Embaixada da Alemanha no Brasil reagiu, por meio de nota, às declarações. De acordo com a representação alemã no país, o período do nacional-socialismo representa o “capítulo mais sombrio da história” da Alemanha.

“Trouxe sofrimento infinito à humanidade. A Alemanha mantém sua responsabilidade. Pomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo”, destaca a nota.

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