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Fala de Guedes sobre “debandada” foi tirada de contexto, diz Bolsonaro

Nesta semana, ministro da Economia usou o termo “debandada” para anunciar pedidos de demissão de dois secretários do governo

atualizado

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Bolsonaro em sua live de 5ª feira
1 de 1 Bolsonaro em sua live de 5ª feira - Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (13/8) que a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre “debandada” na equipe econômica do governo foi tirada de contexto.

Na noite de terça-feira (11/8), Guedes, anunciou que os secretários Salim Mattar (Desestatização e Privatização) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital) deixaram de integrar a equipe econômica do governo.

“Se me perguntarem se houve uma debandada hoje, houve”, disse Guedes. Segundo ele, apesar das demissões, o governo não desistirá das reformas. “Nossa reação à debandada que ocorreu hoje vai ser avançar com as reformas”, afirmou o ministro.

Nesta quinta, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse: “Eu gosto muito de falar, mas vi que tava errado parando no cercadinho [do Palácio da Alvorada]. [Os jornalistas] Pegavam 20 segundos e no outro dia era pancadaria. O repórter anota caladinho. Por isso, resolvi não mais falar. Uma parte da mídia leva para essa maldade. Dois secretários do Guedes foram embora. Manchete: ‘Debandada’. Os dois saíram”.

Teto de gastos

Na transmissão, Bolsonaro ainda admitiu que existe a discussão dentro do governo para furar o teto de gastos. “A ideia de furar o teto existe, o pessoal debate, qual o problema?”, disse o presidente durante transmissão ao vivo nas redes sociais.

No dia anterior, no entanto, o presidente afirmou, após reunião com os demais Poderes, que o governo respeitaria o teto de gastos.

“Respeitamos o teto dos gastos, queremos a responsabilidade fiscal, e o Brasil tem como realmente ser um daqueles países que melhor reagirá à questão da crise”, afirmou o presidente na quarta (12/8).

Na terça-feira (11/8), o ministro Paulo Guedes disse que quebrar o teto de gastos seria o “passaporte para o impeachment” de Bolsonaro.

Na transmissão desta quinta, Bolsonaro disse que integrantes do governo pedem para furar o teto de gastos em algumas ocasiões, mas que ele tem cobrado uma justificativa para fazê-lo, como, por exemplo, furar o teto para investir em medidas de combate ao novo coronavírus.

“[As pessoas me falam:] ‘Presidente, na pandemia, nós temos a PEC de Guerra, nós já furamos o teto em mais ou menos R$ 700 bilhões, dá para furar mais R$ 20 [bilhões]?’. Eu falei: ‘Qual é a justificativa? Se for pra vírus, não tem problema nenhum’. ‘Ah, mas entendemos que água, por exemplo, é para essa mesma finalidade’. Então a gente pergunta [se pode furar]. E daí? Já gastamos R$ 700 bilhões, vamos gastar mais R$ 20 bilhões ou não? Daí o Paulo Guedes fala: ‘Tá sinalizando para a economia, para o mercado, que está furando o teto, que está dando um jeitinho’. Aí outro lá na ponta, de outro Poder, já começa a falar: ‘Não vou aceitar jeitinho’, em vez de ligar, telefonar, conversar, ver o que está acontecendo”, declarou o chefe do Executivo, fazendo referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

O que diz a regra

A regra do teto de gastos foi criada em 2016, ainda durante a gestão de Michel Temer (MDB), por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC).

De acordo com a regra, durante 20 anos, as despesas da União só podem crescer o equivalente ao gasto do ano anterior, sendo este corrigido pela inflação.

A PEC aprovada pelo Congresso também estabelece que o texto pode ser revisto após dez anos.

No entanto, em razão da pandemia do coronavírus, alguns grupos políticos têm pressionado o governo para alterar a regra, para permitir que a União gaste mais do que o permitido.

Segundo esses grupos, a ideia seria que, com a mudança, o governo aumente os investimentos públicos e impulsione a economia do país.

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