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Após Bolsonaro acusar China, Frente Parlamentar reage: “Doença mental”

Presidente do grupo dedicado à relação Brasil-China, deputado Fausto Pinato afirmou que presidente confunde realidade e ficção

atualizado

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Antônio Cruz / Agência Brasil
FaustoPinato
1 de 1 FaustoPinato - Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP), reagiu às insinuações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a China teria “criado” o novo coronavírus, causador da Covid-19, em prol de uma suposta “guerra química”.

Pinato (foto em destaque) atribuiu as declarações do chefe do Palácio do Planalto a um possível “desvio de personalidade” e a uma “grave doença mental”.

“A meu ver, não se trata de uma pessoa irresponsável, desequilibrada e sem noção de mundo. Na verdade, pode tratar-se de uma grave doença mental que faz o nosso presidente confundir realidade com ficção”, declarou, em nota.

O deputado ainda propõe o afastamento compulsório de Bolsonaro. “Penso que estamos diante de um caso em que recomenda-se a interdição civil para tratamento médico”, conclui.

Frente Parlamentar Brasil-China reagiu às falas do presidente Jair Bolsonaro de que a China teria "criado" o novo coronavírus
Frente Parlamentar Brasil-China reagiu às falas do presidente Jair Bolsonaro de que a China teria “criado” o novo coronavírus

O mecanismo citado pelo deputado é o artigo 747 do Código Civil. A lei prevê que a interdição pode ser iniciativa de cônjuge, parente, representante de entidade do alvo da interdição ou pelo Ministério Público (MP) – supondo que o interditado é incapaz de praticar atos civis, como são os presidenciais.

Nesta quarta-feira (5/5), Bolsonaro voltou a insinuar que a China pode ter “criado” o novo coronavírus. As declarações foram dadas em um evento no Palácio do Planalto.

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?”, salientou.

A afirmação contraria a que foi fornecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade frisa que o novo coronavírus provavelmente teve origem animal. O Sars-CoV-2 foi detectado inicialmente no país asiático.

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), também criticou a fala do presidente.

“Hoje foi muito ruim, viu, Fernando. Ele [Bolsonaro] fala em guerra química”, disse, dirigindo-se ao senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que é o líder do governo no Senado.

“Não é momento de a gente cutucar ninguém, nem aqui entre nós. Nós estamos na mão dos chineses para trazer o IFA, a gente depende da China para alguns insumos”, completou o presidente da CPI.

Relação conturbada

Desde o início da pandemia, Bolsonaro insiste em afirmar que a China é responsável pela proliferação do coronavírus. O discurso foi o mesmo adotado pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Para o Brasil, a China continua sendo o maior parceiro comercial.

Um dos exemplos das investidas do presidente contra o país asiático foi a comemoração da suspensão dos testes da vacina do laboratório chinês Sinovac após registro de um “evento adverso” com um voluntário. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu no Twitter.

Problemas diplomáticos

As críticas já causaram problemas diplomáticos e comerciais entre Brasil e China. A Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério da Economia, não quis comentar o assunto nesta quarta-feira.

O Metrópoles procurou o Ministério das Relações Exteriores (MRE), mas não obteve retorno. O espaço continua aberto para esclarecimentos.

Até a última atualização desta reportagem, a Embaixada da China no Brasil também não havia comentado as declarações.

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