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Ameaçado por Bolsonaro, Randolfe quer presidir CPI da Covid-19

Senador espera que seja seguida tradição de o primeiro signatário conduzir os trabalhos. Ele não se opõe a aumentar escopo da investigação

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vestido de terno preto, coloca o dedo no queixo - Metrópoles
1 de 1 Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vestido de terno preto, coloca o dedo no queixo - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), depois de ter sido alvo do presidente Jair Bolsonaro, que falou em “sair na porrada” com ele na CPI da Covid-19, disse que vai pleitear ser o presidente da CPI, cuja instalação foi determinada na última quinta-feira (8/4) pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Randolfe é o autor do pedido de criação da CPI e seu primeiro signatário.

Ele disse ao Metrópoles esperar que, após a leitura do pedido em plenário, nesta terça-feira (13/4), como prometeu o presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cumpra-se a tradição de que o autor da iniciativa tenha o cargo de comando da comissão.

“Trata-se de uma tradição. Não é uma regra, não está positivada em lugar nenhum, mas é uma tradição”, disse o senador.

A vaga de relator da CPI é pleiteada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). Segundo o Metrópoles apurou, Renan já teria informado seus correligionários que pretende se candidatar à vaga da CPI que trata de supostas ingerências do governo federal no enfrentamento da crise sanitária e pode ser ampliada para investigar governadores e prefeitos.

Randolfe apontou que caso o senador se candidate à vaga, terá o seu apoio.

“Seria um ótimo nome. Eu o apoiaria perfeitamente. Se eu for presidente da CPI, o nome de Renan teria o meu apoio como relator. O relator é escolhido pelo presidente”, destacou.

“Escopo”

Apesar da determinação de se instalar a CPI, sua criação sofre forte resistência de governistas. Como passou a ser uma determinação do STF, desde sexta-feira o trabalho dos aliados do presidente tem sido no sentido de tirar o alvo das investigações do governo federal, como está expresso no escopo do pedido, e ampliar as apurações para governadores e prefeitos.

Esse pedido foi feito pelo próprio presidente ao senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) em uma ligação gravada e divulgada nas redes sociais pelo parlamentar. Na ligação, Bolsonaro ameaça “sair na porrada” com Randolfe: “Mas se você não participa, daí a canalhada lá do Randolfe Rodrigues vai participar. E vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desse”, disse o presidente.

Além do primeiro pedido, determinado pelo ministro do STF, o governista Eduardo Girão (Podemos-CE) apresentou uma nova solicitação incluindo os líderes estaduais e municipais nas apurações.

Impasse

Senadores ainda não sabem qual dos dois pedidos irá “vingar” na Casa e será escolhido como o definitivo para o prosseguimento dos trabalhos. Há, inclusive, a expectativa de que o de autoria do senador Eduardo Girão ultrapasse, em número de assinaturas, o requerimento de Randolfe. Nesta segunda-feira (12/4), o pedido apresentado por Girão contava com 34 assinaturas. A solicitação anterior, restrita à investigação do governo federal, contou com 36 assinaturas.

A escolha do modelo de CPI pode interferir nos nomes indicados para relatoria e presidência da comissão.

Randolfe, por sua vez, diz não se opor à ampliação das investigações. “Não sou contra aumentar o escopo da investigação. Para mim, tanto podemos aumentar o alcance da investigação dessa CPI como também podemos criar as duas CPIs, com a proposta apresentada pelo senador Girão, estendendo a apuração para governadores e prefeitos.”

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