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“Bolsonaro é cúmplice do Gabinete do Ódio”, diz Jean Wyllys

O ex-deputado, que atualmente mora fora do Brasil, se disse vítima de calúnias publicadas nas redes sociais

atualizado

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1 de 1 Jean - Foto: Reprodução/Facebook

O ex-deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) afirmou nesta sexta-feira (10/7), em entrevista ao Metrópoles, que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), é “cúmplice” do Gabinete do Ódio — núcleo liderado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) responsável por disparar, nas redes sociais, ataques ofensivos e notícias falsas sobre autoridades e as instituições democráticas.

“O presidente Jair Bolsonaro se faz cada vez mais cúmplice da mentira, porque ele sabe que não tem como governar sem ser na base da mentira. Ele se torna cada vez mais cúmplice do Gabinete do ódios”, acusou Wyllys.

Para ao ex-parlamentar, o argumento dos bolsonaristas de que a reprodução de informações inverídicas estão contempladas no conceito de “liberdade de expressão” é uma maneira de evitar a penalização.

“Ele quer uma liberdade de atacar sem consequências. A liberdade de expressão está garantida, você é livre para expressar opiniões políticas, mas não implica em mentir contra o adversário, espalhar calúnias sobre o adversário”, reforçou.

Considerado por bolsonaristas como inimigo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Wyllys chegou a ser eleito para terceiro mandato na Câmara, no entanto, desistiu de assumir a vaga, renunciou ao cargo e passou a viver no exterior, após ameaças à sua integridade física, inclusive dentro da Câmara.

Movimento Brasil Livre 

Wyllys comentou ainda a prisão de empresários ligados ao Movimento Brasil Libre (MBL) e disse que o grupo é uma “organização criminosa”. “Sempre soubemos disso, mas agora está de uma maneira mais clara. Eles praticavam o crime de calúnia e difamação de maneira contumaz e sem punição”, ressaltou.

De acordo com o ex-deputado, o MBL “fez coisas terríveis” e os brasileiros aprenderam a normalizá-las: “Assediar moralmente, perpetrar violência política… É chocante que o Brasil tenha normalizado isso e esteja se dando conta que isso levou ao estado das coisas que vivemos com Bolsonaro”.

Na manhã desta sexta (10/7), a Polícia Civil de São Paulo, em conjunto com o Ministério Público do estado e a Receita Federal, realizou a Operação Juno Moneta, contra lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. Um dos alvos da operação, Luciano Ayan, foi apontado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), que conduz as investigações, como disseminador de fake news.

Vida nos EUA

Jornalista e professor, o baiano de Alagoinhas, que ficou famoso após vencer o programa Big Brother Brasil, da Rede Globo, atualmente tem se dedicado à vida acadêmica nos Estados Unidos. O ex-parlamentar ainda não tem planos de voltar ao Brasil nem se candidatar a um novo cargo político. Mas falou sobre a importância de combater o fascismo no país e elaborar um “cinturão sanitário”.

“É meu desejo voltar ao Brasil, viver com segurança no Brasil, voltar a circular nas paisagens que conheço com segurança. É meu desejo que o Brasil se reencontre consigo mesmo. E isso implica em derrotar o fascismo eleitoralmente e derrotar o fascismo como discurso, criar um cinturão sanitário em volta dessa frente, que não volte a infectar a democracia”.

Em sua residência no Instituto de Pesquisa Afro-Americano da Universidade, Wyllys dá aulas sobre fake news e discursos de ódio contra minorias sexuais e étnicas. “Vou voltar [ao país] quando isso tiver acontecendo. Hoje eu não quero voltar a ser parlamentar, quero continuar com o trabalho que faço, de intelectual público”, completou.

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