metropoles.com

#VazaJato: corregedor criticou Deltan mas não abriu apuração, diz jornal

Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal e força-tarefa da Lava Jato não reconhecem mensagens publicadas

atualizado

Compartilhar notícia

Daniel Ferreira/Metrópoles
Deltan Dallagnol
1 de 1 Deltan Dallagnol - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Apesar de ter criticado informalmente a conduta do procurador da República Deltan Dallagnol, além de ter ressaltado a gravidade de alguns atos dele, o então corregedor-geral do Ministério Público Federal (MPF), Hindemburgo Chateaubriand Filho, decidiu por não abrir uma apuração oficial contra o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

O caso ocorreu em julho de 2017. Os diálogos foram obtidos pelo site The Intercept Brasil, e analisados desta vez em conjunto com o jornal Folha de S. Paulo e publicados na edição desta quinta-feira (08/08/2019).

“Só quero lhe dizer q liguei em consideração a vc é ao Januário [procurador Januário Paludo]. Como Corregedor, na verdade, não me competia fazer o q fiz”, afirmou Hindemburgo a Dallagnol. As mensagens são reproduzidas com a grafia encontrada nos arquivos originais.

Em seguida, Hindemburgo comentou que sua intervenção no episódio resultava do apreço que tinha por Deltan e saía da linha de atuação regular de um corregedor-geral, que é o fiscal máximo da atividade dos procuradores.

Os diálogos mostram que Hindemburgo e Dallagnol fizeram um acordo extraoficial em agosto de 2017. O trato previa que o procurador da República não apresentasse formalmente à Corregedoria a lista de empresas para as quais deu palestra remunerada, para evitar a repercussão negativa da eventual indicação dos contratantes.

Momentos antes da palestra, Deltan foi avisado que Hindemburgo estava muito irritado com o teor da divulgação e foi aconselhado a ligar para o fiscal dos procuradores. Após se falarem por telefone e trocarem mensagens, o coordenador da Lava Jato então fez duas alterações na publicação.

A palestra foi realizada à noite e na abertura do evento Deltan fez um agradecimento a Rosangela Wolff Moro, mulher de Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato em Curitiba e atual ministro de Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.

“A entrevista foi transmitida ao vivo no facebook, de modo gratuito. Creio que isso também afasta qualquer preocupação em relação à repasse oneroso ou exclusivo de informações. Cuidamos para não citar nomes de investigados também”, escreveu Deltan no dia seguinte da palestra.

Hindemburgo, contudo, voltou a criticar a conduta de Deltan ao dizer que o tema havia sido abordado em uma reunião da qual tinha participado.

“Ao contrário de vcs [integrantes da Lava Jato], todos q se encontravam na reunião discordaram da atitude. É éramos vários. Além deles, recebi de outras pessoas tb em tom de severa crítica. Lembre-se q vcs falam na condição de interessados. O q eu lhe disse é q do jeito q estava apresentado o post, o anúncio era o da venda de informações em primeira mão sobre a lava jato. Era o mesmo q chamar uma entrevista coletiva e cobrar entrada, pouco importa a destinação do dinheiro. Isso para mim seria bastante grave, independentemente do q vcs pensam”, disse o corregedor-geral.

“Qd vc me explicou q era diferente do q o post literalmente dizia, apenas pedi q esclarecesse melhor. Confesso q li a modificação e, embora pense haver sido descaracterizada qualquer possível irregularidade, não acho adequado o tom q vcs adotam, mas isso é uma opinião pessoal minha”, comentou.

“PS: a faculdade cobra não pelo evento específico, mas pelo curso ministrado. Se cobrasse com a anuência de vcs pelo evento específico no qual fossem informar em primeira mão sobre a lava jato, seria totalmente irregular”, finalizou.

Após as críticas, Deltan reconheceu ter errado na elaboração do convite para o evento e fez agradecimentos ao corregedor-geral.

Outro lado
A Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal afirma que o titular do órgão não precisa ter o distanciamento das partes típico da atividade dos juízes e pode manter contatos e receber informações antecipadas de procuradores.

A força-tarefa da Lava Jato diz que conversas e antecipações de informações ao corregedor-geral não são ilegais.

Ambos ainda destacam que os órgãos e os procuradores não reconhecem as mensagens publicadas e afirmam que o material tem origem ilícita e que, por isso, eles não se manifestam sobre o conteúdo específico.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?