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Rompimento com Bolsonaro derruba fidelidade do PSL ao governo

Desde que o presidente da República atacou publicamente o ex-aliado Luciano Bivar, bancada passou a se ausentar mais e até a votar contra

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Luciano Bivar
1 de 1 Luciano Bivar - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A crise entre o grupo político do presidente Jair Bolsonaro e o partido pelo qual ele foi eleito, o PSL, é mais um elemento que enfraquece o governo na relação com o Congresso. Levantamento feito pelo (M)Dados, núcleo de análise de grandes volumes de informação do Metrópoles, mostra que a bancada do partido – a segunda maior da Câmara – tornou-se menos fiel desde que o racha se acentuou.

A infidelidade ainda é tímida, mas tende a aumentar. Movimentos como a punição pela ala ligada ao presidente da sigla, Luciano Bivar, a aliados de Bolsonaro aceleram o processo.

Em um cenário em que o governo não conta com uma base aliada forte, a queda de um apoio certo pode pesar para a evolução da pauta – seja a econômica, seja a de costumes.

Os deputados “bivaristas” do PSL têm dito que vão continuar votando “pelo Brasil”, o que nem sempre vai significar votar com o governo, segundo confidenciaram algumas lideranças da bancada em conversas com a reportagem ao longo da última semana.

Bolsonaro tornou pública a crise no PSL em 8 de outubro, ao dizer a um apoiador que Bivar estava “queimado para caramba“.

No dia seguinte, quando o governo precisou de sua base para aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2020, que sofria resistência por não prever nenhum ganho real do salário mínimo, 20 dos 53 deputados do PSL se ausentaram e não votaram, o que prejudica o governo. Apesar disso, a LDO foi aprovada.

Pouco mais de uma semana depois, em 16 de outubro, na votação de um requerimento de urgência que tinha o apoio do governo, outros 16 deputados do PSL se ausentaram.

Desobediência
Em 30 de outubro, pela primeira vez na atual legislatura, um número expressivo de deputados do PSL se rebelou e votou contra a orientação do governo. Foi na votação de um requerimento de urgência na tramitação do PL nº 4.348/2019, que trata da regularização de assentamentos.

A urgência passou, mas os deputados do PSL deram 10 dos 18 votos contrários à aprovação. E, apesar da urgência, o PL não andou desde então.

A desobediência às orientações do Palácio do Planalto alcançou praticamente metade da bancada pesselista no último dia 20 de novembro, na votação de outro requerimento de urgência.

Tratava-se de uma votação sobre o PL nº 4.067/2015, que institui o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Universidades Estrangeiras (revalida). O governo orientou sua bancada contra a urgência, mas foi derrotado com a ajuda de 25 deputados do PSL. Tramitando em urgência, o PL foi aprovado seis dias depois.

Ainda na última semana, quando circulava a notícia de que a ala bivarista do partido havia decidido punir deputados da ala bolsonarista com advertências e suspensões que chegam a 12 meses, 15 parlamentares se ausentaram da sessão da Câmara nessa terça-feira (26/11/2019) e 12 na quarta-feira (27/11/2019).

Balanço
Até 8 de outubro, a bancada do PSL entregava, em média, 42,7 votos para o governo a cada votação. Após Bivar ficar “queimado para caramba”, essa média caiu ligeiramente, para 41,6 votos por sessão. As ausências (que também prejudicam o governo) tiveram um aumento médio de 21%, subindo de 8,5 para 10,3.

E as desobediências (votos contra a orientação do governo), que eram quase inexistentes no PSL (estão marcadas em rosa no quadro acima), subiram. Foram de 0,38 a cada votação para 1,69.

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