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Rodrigo Janot afirma a revista que Aécio e Temer tentaram cooptá-lo

Em entrevista à Veja, ex-procurador-geral da República diz que Antonio Palocci prometera “entregar” 5 ministros do STF: “Tudo bobagem”

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Rodrigo Janot
1 de 1 Rodrigo Janot - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Prestes a ver lançado o livro “Nada menos que tudo”, escrito pelos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot decidiu fazer jus ao título da biografia. Em entrevista à revista Veja, o ex-chefe do Ministério Público Federal revelou não só como esteve prestes a atirar no desafeto Gilmar Mendes em um dos momentos de maior tensão na relação sempre conturbada com o ministro do Supremo tribunal Federal (STF) , mas revelou tentativas de cooptação do então senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do recém-alçado à Presidência Michel Temer (MDB).

Janot identifica os movimentos como claras tentativas de fazer com que ele interferisse nas investigações que se aproximavam dos dois políticos.

“Certo dia, em 2017, meu conterrâneo, o senador Aécio, sentiu que o clima estava aquecendo com as investigações sobre a Odebrecht e me convidou para ser ministro da Justiça quando ele fosse eleito presidente da República no ano seguinte. Eu, é claro, declinei”, contou Janot à Veja.

“Dias depois, ele voltou e me fez outra proposta: ‘Quero pedir desculpa. O convite não estava à sua altura. Eu acho que você podia ser o meu vice-­presidente. Você escolhe qualquer partido da base, filia-se e vai ser o meu vice-presidente. Isso vai ser um fato mundial. O vice-presidente chama embaixadores, representantes de Estado e ele vai para a cozinha cozinhar para essas pessoas. Eu sei que você gosta de cozinhar’. É óbvio que era uma tentativa de cooptação. As investigações da Odebrecht estavam andando e depois o caso JBS foi o tiro de misericórdia contra ele.”

E o ex-PGR continuou: “Houve uma situação semelhante quando Michel Temer assumiu a Presidência da República. O ex-­ministro Eliseu Padilha me sondou para que eu partisse para um terceiro mandato como procurador-geral da República”.

Palocci
Janot também relata como, nas negociações com o ex-ministro Antonio Palocci, que havia participado das equipes dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o médico transformado em figurão petista prometeu “entregar” cinco ministros do STF.

“Na primeira vez em que o ex-ministro Antonio Palocci tentou fechar uma delação com a gente, disse que iria entregar cinco ministros do STF. Ele citou a Rosa Weber, o Luiz Fux, o Fachin, mas era igual a biscoito de polvilho, só fazia barulho. Da Rosa Weber ele disse apenas que o marido dela era amigo do ex-marido da Dilma. Disse também que o Fux ia matar no peito e inocentar os petistas no julgamento do mensalão. Do Fachin, dizia que tinha amizade com não sei quem. Tudo bobagem”, relatou Janot na entrevista à revista.

“Foi nessa mesma época que um ministro do Supremo me procurou para saber se ele estava sendo investigado. Com lágrimas nos olhos, disse que a mãe dele não suportaria vê-lo na condição de investigado. Não tinha fundamento nenhum”, prossegue o ex-procurador, que não identificou o nome do ministro.

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