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Randolfe Rodrigues: “Bolsonaro vive flertando com autoritarismo”

Na Rede e ao lado do PDT, o líder da oposição no Senado constrói alternativa progressista contra polarização entre Lula e atual presidente

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Daniel Ferreira/Metrópoles
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1 de 1 AN_0198-2 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

30Líder da Oposição no Senado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tem protagonizado grandes embates com aliados do presidente da República, Jair Bolsonaro — em especial, com os filhos do presidente. Ele diz que tem encarado como histórica a tarefa de defender a democracia em tempos de Bolsonaro. “O atual presidente vive flertando com o autoritarismo”, enfatizou o senador, em entrevista ao Metrópoles.

“Ser oposição é uma tarefa, em tempos atuais, que eu diria dramática. Eu estou vivendo o que considero uma missão histórica: de fazer oposição onde a principal causa é defender a democracia”, afirmou.

“Estou convencido de que a situação que nós vivemos, os rompantes autoritários de Jair Bolsonaro e de seu núcleo familiar, que, de fato, comanda o governo que está em torno dele, representa a maior ameaça à democracia brasileira dos últimos 30 a 40 anos”, disse o senador, que aponta “tentações sediciosas” de Bolsonaro contra a democracia.

Nesse rol de tentações, Randolfe enumera ameaças explícitas de Bolsonaro a veículos de comunicação, a defesa por parte do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, da edição de um novo ato institucional contra as esquerdas e a reedição de medidas provisórias afrontando decisões tomadas pelo Congresso.

Um exemplo da ação do presidente foi a insistência do presidente em colocar a competência da demarcação de terras indígenas no Ministério da Agricultura. “Quem olha assim diz: ‘Isso foi na Venezuela'”. Não, foi no Brasil”.

7 x 1

O senador alerta para o que chamou de uma “desconstrução” dos direitos sociais conquistados nos últimos anos e cita a medida provisória do programa Verde e Amarelo, com novas regras de contratação de trabalhadores. “Essa MP Verde e Amarela é algo mais drástico e dramático do que foi a reforma trabalhista para os trabalhadores”, criticou.

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O senador ironizou o anúncio feito pela equipe econômica do governo dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de criação de 70.852 vagas com carteira assinada no mês de outubro. E comparou à traumática partida entre Brasil e Alemanha, na final da Copa do Mundo de 2014.

“Comemorar 70 mil empregos diante de 12,5 milhões de desempregados é celebrar empate com a malásia. Ou o primeiro gol do Brasil depois do 7 x 1 com a Alemanha”, comparou.

“Estamos terminando o ano. O governo anunciava que, conforme fossem aprovadas a medidas, a economia ia crescer. Aprovamos a reforma da Previdência e eles vieram com o discurso de que aprovar a reforma da Previdência não é o suficiente para o crescimento da economia. Nós vamos terminar o ano com um crescimento inferior a 1%”, avaliou.

Bolsonarismo

Randolfe ainda criticou o novo partido pretendido por Bolsonaro. “É a cara do que é a família Bolsonaro”, criticou. Apesar de não concordar, o senador alertou que, eleitoralmente, há futuro para essa vertente política. Principalmente se os setores progressistas não entenderem o que é o bolsonarismo.

Ele apresentou uma definição própria: “O bolsonarismo é um movimento extremado que, oportunisticamente, se aproveitou de um sentimento de revolta da sociedade brasileira justa com a classe política”.

“Ele não representa nada de novo na política”, completou.

Lava Jato

O senador Randolfe sempre foi um político defensor das investigações realizadas pela Lava Jato de combate à corrupção. Entretanto, passou a ser um crítico ferrenho do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que foi juiz federal em Curitiba encarregado dos casos da operação. “Teve uma figura que, no meu entender, desmoralizou a Lava Jato. É o atual ministro da Justiça, Sergio Moro.”

“Ora, se você está fazendo um trabalho de combate à corrupção, em nome de que você rasga a toga que está vestindo de presidente de uma ação de combate à corrupção, para servir a um governo que, primeiro, tem caso de corrupção e segundo, é o governo do opositor daquele que você levou à prisão? É uma contradição total”, disse o senador.

Ele se posicionou contrário à ideia de  Moro de transferir as apurações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes para a esfera federal. Na opinião de Randolfe, também foi “indevida” a interferência da PF no caso, ouvindo o porteiro que citou o nome de Bolsonaro no inquérito. “Para que ele está pedindo essa danada dessa federalização?”, questionou. “Por que essa sangria desatada?”.

Alianças

O senador tem trabalhado na construção de uma aliança que seja alternativa à polarização política entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro em 2022. Para isso, ele e a fundadora da Rede, Marina Silva, têm se aproximado do PDT, de Ciro Gomes (CE), que trabalha sem parar para uma nova candidatura à presidência da República.

Nessa tarefa de formar uma opção de centro, Randolfe também busc conversas com o PSB e o Partido Verde. “A gente quer construir um caminho político alternativo de restauração dos direitos sociais que estão sendo destruídos.”

“Queremos construir um campo político que se oponha ao Bolsonarismo, mas que não nos leve às polarizações e aos radicalismos dos últimos tempos”, diz Randolfe. “O Brasil tem que ser mais do que Lula e Bolsonaro.”

Assista a íntegra da entrevista:

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