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Polícia Federal ameaça “implodir” se houver interferência de Bolsonaro

Presidente avisou que ele “manda” e indicou que colocaria na vaga de superintendente o responsável pela sede no Amazonas, Alexandre Saraiva

atualizado

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Polícia Federal
1 de 1 Polícia Federal - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A tentativa do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de interferir na escolha do superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro é mais um capítulo da disputa velada de forças que ele trava com o ministro da Justiça, Sergio Moro. A PF não aceita indicação “de cima para baixo” para o preenchimento dessa vaga e ameaça implodir caso o ministro ceda a uma interferência do Planalto.

Segundo o Estado apurou, se Bolsonaro insistir em impor sua vontade, restariam duas alternativas para Moro: uma é aceitar e perder o controle da Polícia Federal; a outra é rejeitar a interferência e pedir demissão do cargo. Dirigentes da PF dizem que não vão agir como os colegas da Receita Federal, que vêm sendo atacados pelo presidente constantemente sem reação.

Bolsonaro falou sobre o assunto duas vezes nesta sexta-feira (16/08/2019). Primeiro, avisou que é ele “quem manda” e indicou que colocaria na vaga de superintendente da corporação no Rio o atual responsável pela PF no Amazonas, Alexandre Saraiva. Em outra entrevista, horas depois, baixou o tom. “Eu sugeri o de Manaus. Se vier o de Pernambuco, não tem problema, não”, afirmou. Esta última declaração ajudou a acalmar a Polícia Federal.

Saraiva é próximo dos filhos do presidente e já foi cotado para assumir o Ministério do Meio Ambiente. No início de dezembro, Bolsonaro chegou sondá-lo. Acabou escolhendo Ricardo Salles para comandar a pasta.

Na primeira entrevista que concedeu nesta sexta sobre o assunto, Bolsonaro foi bem assertivo. “Está pré-acertado que seria lá o de Manaus… Se ele resolver mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu… deixar bem claro”, avisou. “Se eu for trocar os superintendentes, qual é o problema? É igual ao Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras]. Tentei deixar o Coaf com Moro via medida provisória, o Congresso botou na Fazenda, e o Paulo Guedes que decide”, complementou.

O comentário de Bolsonaro refere-se a uma nota divulgada pela PF informando que o delegado Carlos Henrique Sousa iria para a vaga de Ricardo Saadi no Rio. Como revelou o Estado, o nome de Sousa foi incluído na nota propositadamente, para evitar uma indicação política da parte do presidente. O texto rebateu também críticas de Bolsonaro a Saadi.

O Estado apurou que a nota foi autorizada por Moro. A indicação dos superintendentes da PF é prerrogativa do diretor-geral da instituição, mas o presidente da República pode vetar qualquer nome, por se tratar de cargo de confiança. Não é comum, contudo, a interferência.

O presidente não tem poupado Moro nos últimos meses. Já determinou que ele desconvidasse uma suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP); apoiou a retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras da Justiça para o Ministério da Fazenda; e ignorou o ministério de Moro ao elaborar seu segundo decreto de armas.

No dia em que anunciou Sergio Moro em sua equipe, Bolsonaro prometeu que ele comandaria um “superministério” e teria “liberdade total”. “Eu não vou interferir em absolutamente nada que venha a ocorrer dentro da Justiça no tocante a esse combate à corrupção. Mesmo que viesse a mexer com alguém da minha família no futuro. Não importa. Eu disse a ele: é liberdade total pra trabalhar pelo Brasil”, declarou à época.

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