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PF prende em Brasília o ex-ministro Paulo Bernardo

Mandados de busca e apreensão também são cumpridos na casa da mulher dele, a senadora Gleisi Hoffmann (PT), em Curitiba. Casal é suspeito de participar de um esquema de pagamento de propina em contratos de prestação de serviços de informática do Ministério do Planejamento

atualizado

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Reprodução
paulo bernardo
1 de 1 paulo bernardo - Foto: Reprodução

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (23/6), em Brasília, o ex-ministro das Comunicações e do Planejamento Paulo Bernardo. Ele estava no apartamento em que mora na 309 Sul. Trata-se de um desdobramento da Lava Jato. Mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos também na casa da mulher do ex-ministro, a senadora Gleisi Hoffmann (PT), em Curitiba.

A prisão do ex-ministro do primeiro governo Dilma faz parte da operação “Custo Brasil”, que cumpre 65 mandados judiciais em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal. Do total de mandados, 11 são de prisão preventiva, 40 de busca e apreensão e 14 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada a prestar depoimento.

O jornalista Leonardo Attuch, do portal Brasil 247, e o ex-ministro Carlos Gabas também foram alvos da operação e levados coercitivamente para depor. Gabas foi ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC) do governo Dilma Rousseff, ministro da Previdência Social e já ocupou o cargo de secretário especial da Previdência Social depois que a pasta foi unida ao Ministério do Trabalho. Outro alvo da operação foi o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Ele está preso em Curitiba acusado de envolvimento no petrolão.

Consignação
A operação se baseia na delação do ex-vereador Alexandre Romano, o “Chambinho”, de Americana (SP). O alvo é um esquema de pagamento de propina em contratos de prestação de serviços de informática do Ministério do Planejamento, pasta que foi comandada por Paulo Bernardo. As fraudes geraram subornos de aproximadamente R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015.

SUAMY BEYDOUN/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Operação cumpriu mandados de busca e apreensão na sede do PT em São Paulo

A PF tem elementos de que agentes públicos do ministério direcionaram licitações em favor de uma empresa de tecnologia e informática (Consist) para gerir créditos consignados para servidores federais. “Segundo apurou-se, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência no Ministério do Planejamento por meio de outros contratos – fictícios ou simulados”, diz a PF.

O pedido foi feito pela 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas de 2 a 12 anos de prisão. Também é alvo de buscas a sede nacional do PT, em São Paulo.

O inquérito policial foi instaurado em dezembro de 2015, após a decisão do Supremo Tribunal Federal para que a documentação arrecadada na 18ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como Pixuleco II, fosse encaminhada para investigação em São Paulo.

Outro lado
A assessoria de imprensa da senadora Gleisi Hoffmann, que responde pelo casal, divulgou uma nota. “Todas as provas que constam no inquérito comprovam que não houve solicitação, entrega ou recebimento de nenhum valor pela senadora Gleisi Hoffmann ou pelo ex-ministro Paulo Bernardo”, afirma o texto.

Segundo a assessoria, “são inúmeras as contradições nos depoimentos dos delatores, as quais tiram toda a credibilidade das supostas delações. Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que cinco versões diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não existiram”.

DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Paulo Bernardo e Gleisi foram denunciados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

 

Denunciados
O ex-ministro, a senadora e o empresário Ernesto Kugler Rodrigues, de Curitiba, foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República em maio deste ano. Paulo Bernardo e Gleisi respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O inquérito policial concluiu que os dois receberam R$ 1 milhão de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobras. O valor foi utilizado para custear as despesas da eleição dela ao Senado em 2010.

A Procuradoria sustenta que o então ministro solicitou a quantia em favor da mulher diretamente ao engenheiro Paulo Roberto Costa, na época diretor de Abastecimento da Petrobras e um dos articuladores do esquema de corrupção na estatal indicado pelo PP. Preso em 2014, Paulo Roberto fez delação premiada.

O doleiro Alberto Youssef, que também fez delação, operacionalizou o pagamento. Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o doleiro administrava o ‘caixa de propinas do PP de onde saíram os valores em questão’. (Com informações do G1, Folha de S. Paulo e Estadão)

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