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Diretor do BNDES: “Brasil legalizou corrupção com mudança na lei”

Gustavo Montezano deu esclarecimentos sobre uma auditoria internacional que não apontou erros em empréstimo, por exemplo, a JBS

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
BNDES terá ações emergenciais para estados, municípios e DF no valor de R$ 4,3 bilhões
1 de 1 BNDES terá ações emergenciais para estados, municípios e DF no valor de R$ 4,3 bilhões - Foto: Marcos Corrêa/PR

O diretor-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta quarta-feira (29/01/2020) que o Brasil “legalizou” o esquema de corrupção ligado a operações da estatal. Para ele, as mudanças na legislação permitiram que empréstimos, por exemplo, apresentassem erros.

“A gente construiu leis, normas, aparatos legais e jurídicos que tornaram legal esse esquema de corrupção. A conclusão é essa”, ponderou, ao reafirmar que uma auditoria internacional não encontrou ilegalidades em operações, como o empréstimo de R$ 20 bilhões a JBS.

Ele emendou: “Nosso Brasil viveu um dos maiores escândalos de corrupção da história, turbinado com dinheiro público. Esse dinheiro saiu dos cofres do povo brasileiro. Então é legítimo que o povo se pergunte e questione: ‘Mas como não houve nada de ilegal?’. E a verdade é que não houve nada de ilegal”.

Montezano frisou ainda que as operações são quase inexplicáveis para o povo. “O problema de temas complexos não necessariamente é o fato, e sim a explicação. Como você explica para a população em geral, que paga altos impostos, que não tem escola, não tem saúde, não tem segurança, que a gente emprestou R$ 20 bilhões para uma empresa envolvida em um dos maiores esquemas de corrupção da história e não teve nada de ilegal?”, finalizou.

O diretor-presidente continuou: “Eu me refiro às leis e a todo o esquema normativo, que passa desde o que é decidido em Brasília até o dinheiro a ser usado para financiar campanha lá na outra ponta. Esse esquema todo é que foi legalizado”.

Caixa-preta
Montezano criticou a existência de uma “caixa-preta” no banco. “É legítimo o político ter o questionamento, a dúvida. Não podemos negar o passado, ele aconteceu. Mas nada de ilegal aconteceu”, afirmou.

Nesta quarta-feira (29/01/2020), Montezano apresentou detalhes da investigação interna contratada sob o custo de R$ 42, 7 milhões. Antes, ele conversou com Bolsonaro sobre o tema. As explicações ocorrem nove dias após a divulgação de resultados e o início da polêmica. Inicialmente, o valor estimado era de R$ 24 milhões.

Para ele, o assunto é página virada. “No momento atual, entendemos que não há nada mais a esclarecer. Se por ventura alguma informação ou operação for questionada, vamos esclarecer de forma técnica, clara e transparente”, destacou.

Montezano afirmou que o foco agora é reconstruir a imagem do BNDES. “A função como executivo é recuperar a reputação do banco. Esclarecer para cliente, acionista, conselheiro, sociedade que não temos nada a esconder”, ponderou.

Auditoria
Desde a divulgação dos resultados da auditoria, na última semana, o valor e os apontamentos da investigação se tornaram motivos de questionamentos. A vistoria se debruçou sobre operações do BNDES com empresas como a JBS, que recebeu empréstimo de mais de R$ 20 bilhões.

Montenazo subiu o tom contra as críticas. “O BNDES não tem nada a esconder. Ao mesmo tempo [que há críticas], existem investigações internas e externas que mostram que não encontraram nenhum tipo de ilegalidade nessas operações”, afirmou.

Presidente reclamou
A auditoria do BNDES virou alvo de suspeitas após Bolsonaro afirmar que acredita na existência de uma “caixa-preta” na empresa pública. “Tem coisa estranha aí”, disse o presidente, nessa terça-feira (28/01/2020), em conversa com jornalistas no Palácio da Alvorada.

O diretor-presidente do banco minimizou as críticas de Bolsonaro, que chegou a chamá-lo de “menino”. “Contratamos uma shadow investigation para acompanhar e revisar os protocolos adotados na auditoria. Ela é importante para confirmar os procedimentos e avaliar os impactos no balanço financeiro. A orientação é sempre a transparência”, frisou.

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