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Análise: Queiroz apareceu, mas as explicações ainda não

Em entrevista ao SBT, sem apresentar provas, ex-motorista de Flávio Bolsonaro deu respostas superficiais para movimentação financeira

atualizado

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Reprodução/TV SBT
Fabrício Queiroz
1 de 1 Fabrício Queiroz - Foto: Reprodução/TV SBT

Passaram-se três semanas entre a revelação da movimentação financeira de Fabrício Queiroz, ex-motorista do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), e seu aparecimento em entrevista ao SBT. Pela importância do assunto, trata-se de tempo demais para quem nada tem a esconder.

A demora em fornecer explicações aos brasileiros tornou Queiroz suspeito de acobertar irregularidades em transações com dinheiro de assessores de Flávio e do pai, o presidente eleito, Jair Bolsonaro. Segundo disse ao SBT, o fluxo de recursos tem origem em “negócios” que ele faz e, também, na administração de finanças da família.

Na entrevista desta quarta-feira (26/12), o ex-motorista não apresentou provas de suas afirmações. Não deu nomes de clientes ou parceiros nos negócios nem mostrou documentos que reforçassem sua versão. Disse que vai esclarecer os fatos em depoimento ao Ministério Público e deixou aos brasileiros, como única alternativa, acreditar na palavra dele.

Desde a divulgação, pelo jornal O Estado de S. Paulo, dos valores em circulação por sua conta bancária, Queiroz e a família Bolsonaro mostraram-se mais preocupados em adiar as explicações do que em dar satisfação à opinião pública. Para quem acompanha investigações, esse comportamento é típico de quem não quer entrar em contradição.

Queiroz teve 21 dias para preparar suas declarações para o MP e para os brasileiros. Nesse intervalo, teve tempo suficiente para se aconselhar com advogados e com especialistas em informação. Policial militar, o ex-motorista dispôs de condições para organizar sua defesa com a ajuda de profissionais e para reduzir as chances de criar embaraços para os Bolsonaro.

Para justificar o fato de ter adiado o depoimento ao Ministério Público, Queiroz disse que, recentemente, foi diagnosticado com câncer no intestino. Essa situação, sem dúvida, merece a atenção dos investigadores.

A descoberta de uma doença grave, no entanto, não reduz a necessidade de transparência por parte do ex-motorista do filho do futuro presidente da República. Deve-se ressaltar, ainda, que as dúvidas sobre o caso surgiram e foram alimentadas pelo desaparecimento de Queiroz. De um governo prestes a tomar posse, o mínimo que se espera é transparência. Até o momento, os envolvidos parecem mais interessados em confundir do que em dar explicações.

 

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