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Pedra mística será usada como prova contra João de Deus

Segundo a vítima, objeto teria sido entregue a ela após abuso sexual como forma de tentar silenciá-la

atualizado

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1 de 1 Facebook João de Deus - Foto: Reprodução/Facebook

Enviadas especiais a Goiânia (GO) – Uma pedra mística oferecida à principal vítima do inquérito que resultou na prisão de João Teixeira de Faria, o João de Deus, será usada como prova contra o médium, segundo a polícia. A mulher relata que o líder da Casa Dom Inácio de Loyola cometeu o abuso sexual em 24 de outubro deste ano.

A delegada Karla Fernandes Guimarães, coordenadora da força-tarefa que investiga as denúncias, afirmou que o objeto foi apreendido e vai servir como prova de que a denunciante, que mora em Goiânia, esteve no local. Além disso, também é uma forma de confirmar a narrativa da vítima. O item teria sido entregue pelo médium a fim de silenciá-la sobre o crime.

Segundo a delegada, na ocasião, João de Deus disse para a mulher ficar calada. “Era uma forma de ele tentar comprar o silêncio dela”, afirmou Karla Guimarães. A pedra não é considerada preciosa, diz a polícia.

No interrogatório feito na Delegacia de Investigações Criminais de Goiânia neste domingo (16/12), João de Deus afirmou que se lembra da mulher, mas negou que tenha dado algum objeto a ela. Segundo a coordenadora da força-tarefa, o médium esboçou uma reação diferente quando questionado sobre o caso, que é o mais recente retratado na delegacia.

Perfil das vítimas
“Ele demonstra que sabe controlar a situação. Por um lado, é iletrado, aparentemente uma pessoa rústica, mas que sabe muito bem se colocar”, descreveu Karla Fernandes sobre João de Deus. Responsável pelo interrogatório do médium na Delegacia de Estado de Investigação Criminal (Deic), a investigadora detalhou ao Metrópoles o perfil das vítimas e do acusado de cometer centenas de abusos sexuais (veja vídeo abaixo).

De acordo com a policial, os 15 depoimentos colhidos ao longo da última semana demonstram o modus operandi do líder religioso. O padrão seria de mulheres com 30 anos a menos do que a idade do médium. Quando João de Deus tinha 50 anos, ele teria cometido abusos contra adolescentes. Nos episódios mais recentes, já septuagenário, os alvos teriam por volta de 40 anos.

Na maioria dos casos relatados, as mulheres buscaram o médium porque elas tinham dificuldades para engravidar ou estavam passando por problemas de relacionamento conjugal. “Eram pessoas vulneráveis. Inicialmente, não percebiam que eram abusadas, só depois que caía a ficha”, conta a delegada.

No depoimento de João de Deus, Karla Fernandes disse ter percebido um homem persuasivo, que mostra ter um controle muito grande da fala e equilíbrio emocional. Segundo a investigadora, o acusado não demonstrou alteração, exceto quando foi confrontado sobre a vítima mais recente. “Ele teve reação mais forte e depois disse que ela era uma pessoa complicada e não tinha credibilidade.”

“As vítimas têm que comparecer para narrar de forma personalíssima. Antes, muitas sentiam temor de falar porque a maioria não teve apoio da família”, disse a coordenadora da força-tarefa.

Seis inquéritos foram instaurados na Deic. “Com a oitiva dele [de João de Deus], nós vamos destrinchar para o encaminhamento das buscas que já foram deferidas. Remarcamos com algumas vítimas, diante do prazo para concluir o inquérito. Nessas buscas, vamos fazer uma visualização junto com a equipe técnica e pericial sobre aquilo que foi narrado”, explicou Karla Fernandes.

Depoimento
Em interrogatório que preencheu sete páginas, o médium João de Deus, alvo de mais de 330 denúncias reunidas pela força-tarefa em Goiás, não admitiu abusar sexualmente de suas seguidoras. Com base em informações do delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, o líder espiritual apresentou a versão dele para cada um dos casos. O médium alegou que os atendimentos eram coletivos – e não individuais.

Os investigadores questionaram o líder religioso a respeito das 15 mulheres que registraram ocorrência e prestaram depoimento: “Ele se lembrou de cada um dos casos e explicou o que teria ocorrido. Estava tranquilo e respondeu a todas as perguntas”. O acusado deve ser ouvido novamente pelas autoridades nesta semana.

Confira imagens do momento em que João de Deus deixou a delegacia:

O interrogatório durou mais de quatro horas, na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), no domingo (16). Depois, João de Deus foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), para fazer exame de corpo de delito, e seguiu rumo ao Núcleo de Custódia do Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia (GO), onde está preso.

 

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