Organizadora do Miss Goiás é suspeita de ter aliciado modelos
Em áudios divulgados pela PF, Fátima Abranches negocia mulheres para serem exploradas sexualmente no exterior
atualizado
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Goiânia – A Polícia Federal investiga a organizadora do concurso Miss Goiás Maria de Fátima Abranches Castro por suspeita de aliciar modelos em um esquema de tráfico internacional de mulheres, com fins de exploração sexual. Em áudios divulgados pela corporação, ela aparece negociando mulheres com o suspeito de ser o chefe do grupo criminoso, Rodrigo Cotait.
“Fátima tudo bem? Eu preciso de alguma miss, alguma miss que tenha título importante, até Brasil, não precisa ser desse ano não, pode ser de qualquer ano tá, é cache milionário é coisa de cinquenta mil euros para uma semana”, diz Cotait em uma das declarações.
Em outro áudio o homem fala sobre o perfil que os clientes procuram. “É muita grana, só que o nível de exigência é alto, não tem jeito. Não pode ser desengonçada e tem que ser linda”, explica Cotait. Na resposta, Fátima diz: “Rodrigo… Ela é belíssima, belíssima. Brasileira, brasileira mesmo, tá. Dá uma olhada agora”.
Cotait ainda prevê negócios futuros com a mulher e elogia o trabalho dela. “Fátima, meus parabéns viu. A gente vai fazer bastante parceria viu. É, adorei essas duas, maravilhosas hein, tá. Você está com o faro certíssimo, viu”, conclui ele.
Prisão
Fátima Abranches chegou a ser detida há uma semana, no dia 27/4, durante uma operação, na capital goiana, no entanto, ela foi autorizada pela Justiça a responder o processo em liberdade. Segundo a PF, ela teria aliciado uma jovem goiana que foi enviada para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
De acordo com a PF, Rodrigo Cotait era responsável por escolher jovens brasileiras e prepará-las para viagens internacional. Segundo a corporação, o grupo já traficou mais de 100 mulheres para fins de exploração sexual e também é investigado por associação criminosa.
O Metrópoles não conseguiu contato com a defesa dos investigados.
Investigação
A operação “Harem BR” foi deflagrada no dia 27/4, pela Polícia Federal de Sorocaba (SP). Seis pessoas foram presas, seis no Brasil, uma em Portugal e outra na Espanha. No Brasil, as prisões ocorreram em Foz do Iguaçu (PR), São Paulo (SP), Goiânia (GO) e Rondonópolis (MT). O esquema foi revelado no último domingo (2/5) por reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.
Entre os suspeitos de envolvimento no esquema, está a modelo Nubia Oliiver, que supostamente, ajudava a selecionar as mulheres que seriam levadas para fora do país.
O esquema de tráfico de mulheres seria comandado por Rodrigo Cotait, 44 anos. A polícia descobriu que as jovens traficadas eram selecionadas, principalmente, por número de seguidores nas redes sociais e títulos, como o de miss. “Só mando viajar quem tem selo de qualidade, comprovei o material”, disse Cotait em um dos áudios interceptados pela polícia.
Cotait foi preso na última semana no apartamento dele em São Paulo, mesmo local para onde levava as mulheres antes de mandá-las para o exterior. Na Polícia Federal, Cotait passou por audiência de custódia e vai responder por tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual.
Em nota à TV Globo, a defesa de Cotait disse que ele foi alvo de um mandado de prisão ilegal. A nota diz ainda que ele confia no poder do Judiciário e espera que essa “injustiça” seja reparada o mais breve possível. Ele negou os crimes.
Ainda de acordo com a PF, cerca de 20 pessoas devem ser ouvidas nesta semana, entre vítimas e testemunhas.