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Operação policial em Jacarezinho é a mais letal da história do Rio

Levantamento foi feito pelo Instituto Fogo Cruzado. Até as 15h, 25 pessoas tinham sido mortas, entre elas um policial civil

atualizado

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REGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Operacão policial em favela do Rio deixa pelo menos 15 mortos
1 de 1 Operacão policial em favela do Rio deixa pelo menos 15 mortos - Foto: REGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado mostra que a Operação Exceptis, deflagrada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (6/5), na comunidade do Jacarezinho, é a mais letal da história do Rio de Janeiro. Até as 15h, 25 pessoas haviam sido mortas – entre elas, um policial civil.

Em 2021, o instituto já registrou 30 casos em que três ou mais pessoas foram mortas a tiros em situação semelhante. De acordo com a ONG, houve 141 mortes sob essas circunstâncias. Contabiliza-se que 24 desses casos ocorreram durante operações ou ações policiais, e resultaram em 113 mortos no total.

A entidade pondera que a maior chacina da história do estado do Rio de Janeiro ocorreu em 2005, na Baixada Fluminense. Na ocasião, 29 pessoas foram mortas por policiais à paisana, armados, que percorriam de carro os municípios de Nova Iguaçu e Queimados e atiravam contra as pessoas que cruzavam o caminho. Neste caso, porém, não se tratava de uma operação policial oficial.

O levantamento traz dados específicos sobre Jacarezinho. Ao todo em 2021, houve 10 tiroteios na comunidade, dois deles ocorreram durante ações/operações policiais e resultaram em 25 mortos e 6 feridos, ao todo.

Desde julho de 2016, o Fogo Cruzado já registrou 269 tiroteios no Jacarezinho, que resultaram em 70 mortos e 67 feridos – que incluem 22 agentes de segurança: 4 mortos e 18 feridos. A entidade aponta que, do total de tiroteios, 95 ocorreram durante ações/operações policiais, que resultaram em 62 mortos e 57 feridos (18 deles agentes de segurança: 3 mortos e 15 feridos).

Outras operações policiais com mais vítimas no Rio de Janeiro:

08/02/2019 – Fallet/Prazeres: 13 mortos civis  e 1 ferido civil
15/05/2020 – Complexo do Alemão: 13 mortos civis
15/10/2020 – Vila Ibirapitanga, Itaguaí: 12 mortos civis

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“É emblemático que as duas maiores chacinas da história do Rio tenham ocorrido pelas mãos de policiais. Em 2005, a maior das chacinas, até então, havia PMs na cena. Hoje, a Polícia Civil. Isso mostra o tanto que a ação das polícias é ineficaz, quando que não se preocupam sequer com os próprios quadros. Uma ação com base em inteligência pouparia a vida dos moradores, dos usuários do metrô e dos policiais feridos. Uma ação destas é um desastre”, desabafa Cecília Olliveira, diretora executiva e Criadora do Instituto Fogo Cruzado.

Ainda de acordo com o levantamento sobre a situação na Região Metropolitana do Rio, em 2021, 70 agentes de segurança foram baleados, e 29 deles morreram. Destes, sete estavam em serviço, 16 fora de serviço e seis aposentados/exonerados.

Os bairros com mais agentes de segurança baleados este ano são: Guadalupe (2 mortos e 2 feridos), Realengo (1 morto e 3 feridos), Jacarezinho (1 morto e 2 feridos).

Desde junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais”, após comunicação e justificativa ao Ministério Público.

Sequestro de trens

Ao justificar a operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (6/5), na comunidade de Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, a Polícia Civil disse que a facção criminosa que atua na região age de forma semelhante a grupos terroristas, fazendo até o sequestro de trens da SuperVia.

Segundo as investigações, os criminosos têm “estrutura típica de guerra”, com centenas de “soldados munidos com fuzis, pistolas, granadas, coletes balísticos, roupas camufladas e todo tipo de acessórios militares”.

O grupo, considerado um dos quartéis-generais da facção Comando Vermelho na região, alicia crianças e adolescentes para praticar crimes, como o tráfico de drogas, roubos e homicídios.

Com um intenso tiroteio, a operação deixou pelo menos 25 mortos (entre eles, um policial) e dezenas de pessoas feridas. O agente André Frias, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), morreu após ser baleado na cabeça. Levado ao Hospital Municipal Salgado Filho com quadro clínico considerado grave, ele não resistiu.

Outros dois agentes também foram atingidos de raspão no braço e panturrilha e têm quadros estáveis. Ao todo, 21 traficantes foram identificados e são procurados pela polícia local. Segundo a Polícia Civil, são 24 suspeitos mortos e o agente.

De acordo com a Polícia Civil, entre os mortos, estão 24 criminosos. Até o início da tarde, dez pessoas tinham sido presas. Foram apreendidas muitas armas e até munição antitanque.

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