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Ônibus circulam no Rio com metade da frota prevista em contrato 

Infrações cometidas por empresas de ônibus da cidade do Rio correspondem a R$ 86 milhões em multas emitidas nos últimos seis meses

atualizado

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Aline Massuca/ Metrópoles
Ônibus lotados na cidade do Rio
1 de 1 Ônibus lotados na cidade do Rio - Foto: Aline Massuca/ Metrópoles

Rio de Janeiro – O painel da prefeitura do Rio de Janeiro, desenvolvido para monitorar em tempo real a frota de ônibus da cidade, indicava que às 17h30 da última quarta-feira (23/3) deveria haver 5.947 coletivos em operação.

Na prática, a realidade era outra. A mesma ferramenta detectou no horário mencionado apenas 3.069 ônibus pelas ruas do município do Rio – 48% a menos do que o previsto em contrato.

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A oferta reduzida de ônibus para os cariocas é a mais recorrente entre as infrações cometidas sequencialmente pelas concessionárias da cidade do Rio.

Na manhã desta quinta-feira (24/3), a reportagem do Metrópoles constatou como os passageiros acabam sendo penalizados diariamente pela insuficiência de transporte coletivo, principalmente em áreas mais remotas do município como o bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio.

Multas somam R$ 86 milhões

Cada irregularidade detectada pelo painel da prefeitura é automaticamente convertida em uma multa endereçada à empresa de ônibus.

Em menos de seis meses, entre outubro de 2021 e março de 2022 (neste caso, o levantamento foi registrado até o dia 17/3), a prefeitura emitiu 40.695 multas contra as concessionárias – 40.485 delas pela operação das linhas -, que correspondem a um total de mais de R$ 86 milhões.

Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria Municipal de Transportes confirmou a redução da frota diária em circulação na cidade que girou em torno de 3 mil ônibus nos últimos seis meses.

A secretaria acrescentou que apenas 30% das linhas estão operando de acordo com a frota determinada em contrato.

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Contrato do BRT

Em 17 de fevereiro passado, o prefeito Eduardo Paes determinou a caducidade do contrato de concessão da linha expressa de ônibus articulados do BRT.

O que motivou a extinção unilateral do contrato pelo poder público foi justamente o descumprimento de obrigações contratuais.

Na ocasião, Paes justificou a decisão: “Esse é um passo que nenhum governante gosta de tomar. Acreditamos que esse sistema de ônibus deve ser operado pelo setor privado por meio de uma concessão. Mas o que acompanhamos nos últimos anos foi um profundo desrespeito ao cidadão”.

Redução de passageiros

Nos embates com o poder público, as empresas de ônibus operam em conjunto, sendo representadas pelo sindicato batizado de Rio Ônibus. A entidade responde pelos interesses de 36 operadores do transporte rodoviário de passageiros, divididas em quatro consórcios: Intersul, Internorte, Transcarioca e Santa Cruz.

Procurada pelo Metrópoles, a Rio Ônibus não se manifestou sobre a redução da frota e outras infrações que resultaram na multa de R$ 86 milhões em menos de seis meses.

Em comunicados publicados no site da entidade, a crise constatada nos serviços oferecidos é relacionada principalmente à queda do número de passageiros durante a pandemia.

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